Parte 18

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10 de Setembro de um ano qualquer.

A viagem de volta foi terrível, minha mãe passou mal no ônibus já estava com um barrigão e minha irmãzinha que não queria ficar longe dela e eu tive que tomar conta do meu irmão. Em partes não foi tão ruim, tinha um velho que toda hora ia no banheiro, nós para pirraçar, quando ele saía abrimos a porta e quando o ônibus fazia a curva a porta batia e o pessoal começava a reclamar ai ele tinha que voltar e fechar a porta. Isso se repetiu durante toda a madrugada.

Gente não me xinguem, quando era jovem também tive meus momentos de traquinagens. Quem não?

Damon tinha vindo a alguns dias na frente para organizar tudo, menos mal, não tivemos que arrumar nada só mesmo as malas.

Quando chegamos foi em um sábado a tarde, como iríamos morar nos fundos da igreja dava para ouvir tudo que passava lá dentro.

Estava tendo um encontro com os jovem, era ensaio e reunião. Quando terminou eu fui lá bisbilhotar e matar a saudades de alguns amigos da infância. De quebra fiz novas amizades.

Tudo estava indo muito bem os dias foram se passando e estava calmo até de mais, voltei a estudar.

Eu não vou saber contar direito, foi tudo tão rápido e confuso.

Estávamos no final de outubro quando minha mãe começou a passar muito mal, sentia muitas dores, fez alguns exames os resultados diziam que ela estava com inflamação no Basso e o estado dela só foi piorando.

Toda a família estava desesperada com a situação, era algo raro.

Até que em novembro descobriram que ela estava com câncer.

Foi terrível meu coração ficou tão apertado, só que como eu aprendi a fingir, todos diziam que eu tinha uma cabeça de vento.

Realmente foi muito triste toda essa situação, mais, foi de grandes descobertas e aprendizagem.

Minha primeira descoberta foi que eu e minha mãe tínhamos os mesmos sonhos desde a infância.

Estávamos passando uns dias na casa de minha vó por conta dos acompanhamentos que minha mãe estava tendo e o hospital era próximo, o dia para fazer a cesariana já tinha sido marcado, meu irmão caçula iria nascer de 8 meses e 26 dias. Porque ela tinha que fazer quimioterapia o mais rápido possível o câncer já tinha se espalhado.

Foi em uma dessas noites que fui despertada com o choro de minha mãe em meio a sussurros.

- Me deixa, você não teria coragem. Ela chorava muito.

Estava sendo angustiante presenciar aquilo então eu a acordei.

Ela me abraçou e chorou mais ainda, ela sentia uma dor de alma tão grande, não aguentei vê-la assim e comecei a chorar também.

- Me conta mãe, que pesadelo foi esse? A senhora chorava tanto, o que foi? Nós ainda estávamos abraçadas.

- Não foi nada minha filha, só é um pesadelo que mim acompanha desde a infância. É sempre o mesmo sonho, um homem vestido com uma capa preta e muito magro e acho que o rosto é de um cadáver.

- E que pesadelo é esse que é capaz de te deixar assim nesse estado? Ela tremia e chorava em soluços. - Conta o que pode ter acontecido na sua infância para te traumatizar tanto?!

Ela segurou em meus ombros e me afastou, olhando fixamente em meus olhos.

- Oh meu amor como você pode me compreender tanto?

- Mãe você não é apenas minha mãe é minha amiga, minha companheira, você com certeza é minha alma gemia, você é meu chão meu alicerce, como não te conhecer, eu sei que você é triste e está sofrendo muito não só por essas dores em seu corpo mas por as da alma também.

Ela me beijou com tanto carinho.

- Filha você é minha única amiga e minha alegria, eu te amo tanto, você me conhece não só por fora, por dentro também.

- Eu também a amo muito.

- Olha Emy vou te contar um segredo, nunca contei isso a ninguém só ao seu pai Jayme  e mesmo assim em partes, não conte a ninguém e nem se revolte por favor. Está bem?

- Claro que não mãe, somos confidentes esqueceu?

- Emy quando tinha entorno de 7 anos eu fui estuprada.

Aquela revelação doeu tanto, saber que minha mãe também tinha passado por isso, são sequelas que carregamos para o resto da vida.

- Não mãe!!! Que terrível imagino como foi para a senhora.

- Filha você não sabe, eu fui dilacerada, ele me rasgou toda por dentro, me bateu e disse se eu contasse para nossos pais ele iria fazer pior.

- Pera ai mãe, nossos pais? Como assim? É o que estou imaginando? Fiquei com os olhos bem arregalados de espanto.

Minha mãe abaixou a cabeça chorando.

- Foi o seu tio Théo .

- Mas que desgraçado como pode fazer isso com a própria irmã? A vontade que mim dar é de ir lá e dar umas boas pancadas nele. Isso aconteceu por quanto tempo mãe?

- Até eu completar 12 anos e sair de casa para ser babá em casas de família. Filha eu tive tantas infecções até febre.

- E vó não percebeu nada?

- Emy você conhece sua vó, eu era invisível dentro de casa.

- Velha maldita.

- Não fale assim, minha querida, eu a amo te contei por que já faz mas de trinta anos carregando isso só pra mim. No decorrer desses anos eu aprendi a fingir, minha vida foi construída em bases do fingimento.

- Eu te entendo mãe.

Então deitamos e ficamos de conchinha lembrando da infância só que eu fiquei no lugar de mãe, ela estava precisando de aconchego e carinho, amor coisa que nunca recebeu nem dos pais muito menos dos "maridos".

Eu mais do que ninguém a compreendia. Só que eu tive a sorte de tê-la como mãe.

Eu poderia contar para ela o que passei mais não tive coragem, ela já tinha decepções de sobra.

Então atuei como sempre.

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Corações lindos quero primeiramente desejar a todos um feliz ano novo, cheio de grandes conquistas e realizações que Deus os abençoe sempre e sempre.

E também quero pedir mil desculpas, fiquei esses dias sem escrever, mas tenho explicações, fiquei doente, tenho uma péssima imunidade, recupero de uma coisa e caiu em outra.

Estou me esforçando para escrever agora e deixar vocês felizes.

Então é isso beijos bem gostosos em seus corações.
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Um eu antes de mim.[Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora