13° - Deixar Crescer

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É tempo de crescer, de mudar e seguir com os próprios passos, os caminhos nem sempre serão fáceis, use cada tropeço como impulso para chegar ainda mais longe...

— Eu também tenho outra pessoa e acho que estou apaixonada...

Vinicius voltou seus os olhos sombrios para mim. Sua respiração parecia ainda mais ofegante, seu hálito quente bateu em meu rosto e de alguma maneira aquilo estava mexendo com meus sentidos, muito mais do que os seus beijos cálidos.

- Você poderia sair de cima de mim?

O empurrei novamente. Ato reflexo Vinícius ficou de pé e me deu as costas, mas mesmo naquela posição eu sentia que ele estava tentando controlar sua ira, pois sua respiração estava ainda mais audível e seus punhos estavam cerrados ao lado do corpo. A raiva parecia emanar de todos os seus poros e por mais que eu tentasse, não conseguia compreender aquela reação.

- Eu sabia que cedo ou tarde isso ia acabar acontecendo. - ele falou sem se virar para mim, sua voz estava dois tons mais rouca e era visível o esforço que ele fazia para se controlar. - Sempre percebi o olhar sujo daquele merdinha em você. - sua voz parecia uma rosnado.

- Do que você está falando?

Vinícius ficou de frete pra mim, sua expressão de fúria me assustou, seus olhos estavam injetados e já não tinham nenhum traço da paixão que compartilhamos alguns segundos atrás.

- Eu falo daquele seu "amiguinho" - fez aspas com os dedos. - Aquele Gabriel... - ele parecia cuspir o nome com raiva. - Sempre percebi o modo que ele olha para você, ele conseguiu né? Esse final de semana você voltou diferente.

- Diferente como? Poderia falar minha língua, está parecendo uma esfinge, cheio de enigmas.

- Vocês transaram?

Arregalei meus olhos de surpresa e choque, de onde ele tirou aquele absurdo? Gabriel e eu sempre fomos apenas amigos, ele nunca me olhou com primeiras, quem dirá segundas intenções.

- Você só pode estar delirando Vinícius, quantas vezes preciso te dizer que Gabriel e eu somos apenas amigos?

- Acho que você não pensou nisso enquanto ele estava enfiado no meio de suas pernas! - gritou.

Aquelas palavras saídas de sua boca com tanto desprezo, tiveram o poder de me desestabilizar. Nunca imaginei que Vinícius pudesse ser tão cruel ao ponto de me magoar duas vezes pior do que tinha feito no passado. Eu compreenderia se ele insinuasse que nós dois estivéssemos envolvidos emocionalmente, pois Gabe e eu sempre fomos muitos próximos, mas daí a dizer que dormi com ele, que me entreguei a ele, com quem Vinicius me comparava?

O silêncio que se seguiu foi quebrado com o barulho seco que a palma da minha mão fez ao chocar-se com a face esquerda dele. A marca dos meus dedos ficaram em alto relevo em sua pele, minha mão formigava e eu estava furiosa.

- Você é mesmo um cretino... - balbuciei sentindo as lágrimas arderem em minha garganta. - Eu não saio por aí abrindo as minhas pernas como você insinuou... Você é asqueroso, eu sinto nojo de mim por ter permitido que você me tocasse... Você foi o único a me ter daquela maneira. - apontei para o sofá. - O único que me tocou tão intimamente e só Deus sabe a vergonha que estou sentindo agora.

- Mel...

- NÃO ME CHAME ASSIM! - gritei. - Não me chame de Mel...

Ele me segurou pelos ombros e tentou chegar mais perto de mim. Cega de raiva desferi tapas e murros em seu peito e como uma rocha ele se manteve inabalável.

Laços de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora