"I wanna smash your fears
And get drunken of you tears
Don't you share your smile with anyone else but me"
— Carly Rae Jepsen
Estaciono meu novo carro no estacionamento do colégio. Era apenas meu segundo dia de aula, no entanto eu estava tão nervosa quanto o primeiro. Pego minha bolsa que estava jogada no banco do carona e saio do carro apressada assim que ouço o sinal bater.A primeira aula era de sociologia, uma das minhas matérias prediletas. O senhor Burns era extremamente ótimo em suas aulas, ele conseguia ser o único a prender a atenção de todos os alunos. Sem exceções. O decorrer do dia foi bem chato, depois do intervalo teve a apresentação de uma nova coreografia das líderes de torcida e foi a única coisa de mais agitada que ocorreu.
Às vezes, eu sinto como se estivesse vivendo dentro de um filme. Daqueles americanos onde existem patricinhas anoréxicas que implicam com todas as pessoas que forem diferentes. Os não populares, se assim posso dizer. É tão engraçado. Um forte aroma de perfume masculino preenche as minhas narinas fazendo com que eu interrompa meus preciosos pensamentos e me vire para poder enxergar por cima dos ombros.
Cameron estava parado do outro lado, em frente ao seu armário, guardando o material com certa força. Talvez estivesse com pressa. Ele olha para trás e então começa a andar em minha direção, eu congelo instantaneamente. Não sabia o que fazer, meus músculos não queriam se mover conforme meu cérebro mandava. Ele pára bem à minha frente com seus olhos levemente exaltados e as pupilas dilatadas. Ele sabia.
— Quem você pensa que é? — ele grita segurando meus pulsos e me jogando contra os armários. Arregalo os olhos e sinto meu coração bater descompensado.
— Do que está falando? Me larga! — exclamo tentando me desvencilhar dele porém suas mãos me seguravam com muita força. Meus pulsos ardiam.
— Eu sei que você esteve no meu ateliê, — Eu queria sair correndo dali o mais rápido possível. Ele sabe, e com certeza deve ter vontade de me matar. — Ou você acha que eu sou idiota o suficiente para não pôr câmeras lá?
— E-Eu... — gaguejo tentando me explicar mas a verdade era que eu não tinha como mentir. Respiro fundo, derrotada. — Me desculpe — abaixo a cabeça, extremamente envergonhada para poder olhar em seus olhos.
Aos poucos, ele diminui a força com que me apertava e se afasta apenas o suficiente para que possa passar os dedos por entre os cabelos e murmurar alguns palavrões. Eu me sentia uma idiota, havia invadido a privacidade de Cameron e agora ele estava furioso comigo. E com razão. Fecho a boca rapidamente assim que me dou conta de que iria fazer uma pergunta muito provavelmente estúpida. Eu não tenho o direito de perguntar nada a ele. Porém eu estava muito curiosa, não conseguiria segurar.
— Quem é Morgana? — pergunto, desejando logo em seguida ter mantido a minha boca fechada. Meu Deus, qual o meu problema? Ele, que até então estava de costas para mim, se vira bruscamente com uma expressão de espanto e o rosto pálido.
— Isso não te diz respeito — ele diz fechando os olhos e serrando suas mãos em punhos. Os nós dos dedos ficaram brancos com a tamanha força que ele fazia.
— Cameron, por favor, responda à pelo menos uma pergunta minha — eu suplico dando um passo em sua direção fazendo com que o mesmo recue.
— Porque você é tão curiosa? — ele exclama puxando os cabelos. Seu rosto agora estava vermelho e eu sei que é de raiva.
Oh oh!
Retiro minha atenção dele por alguns instantes apenas pra perceber que um aglomerado de pessoas já se formava ao nosso redor. Parece que eu atraio confusão, não é possível!
Cameron olha para os lados e então fica ainda mais tenso. Ele adquiri uma postura ereta e a cabeça baixa, parecendo não querer encarar ninguém. Eu sabia muito bem como era, estava do mesmo modo.
Três garotos começam a andar em nossa direção com sorrisinhos maliciosos em seus rostos. Eles pareciam estar gostando de toda a situação, mas porquê?— O que temos aqui? — o mais alto deles pergunta. Usavam casacos iguais, aqueles de time escolar, e na minha opinião pareciam ser aqueles idiotas valentões. Meu Deus, onde eu fui me meter? — É sua próxima presa, Dallas? — ele pergunta apontando para mim.
— Cala a boca, McMillan — Cameron geme por entre os dentes.
— Vai fazer com ela o mesmo que fez com a Sullivan? — ele diz aproximando-se ainda mais, ficando à um passo de distância de Cameron que evitava o encarar. Eu só conseguia observar tudo em completa confusão. — Ein? Assassino de merda!
Sem nada dizer, Cameron se vira e corre na direção da saída fazendo com que todos começassem a rir. Olho de um lado para o outro percebendo que eles agora me encaravam, como se esperassem que eu dissesse algo. Fecho a porta do meu armário e sigo o mesmo caminho que ele fez. Empurro as portas duplas que davam acesso ao campo de futebol externo e corro até o meio do mesmo, girando a cabeça em todos os sentidos à procura dele.
Ele estava sentado nas arquibancadas, com os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto afundado entre as mãos. Nem precisei me aproximar tanto pra perceber que ele estava chorando. Ele, o garoto cínico e revoltado, com aparência completamente voltada à um típico bad boy, estava chorando. Quando estou próxima o suficiente, ponho minha mão em seu ombro. Ele levanta a cabeça e quando me vê, limpa um pequena lágrima que ousou cair por sua bochecha.
Por mais que eu estivesse com milhares de perguntas perambulando pela minha cabeça à todo o momento, eu decido deixá-las de lado por um instante. Por tempo o suficiente para ele se recuperar. Acho que agora, ele só precisa de alguém que o apoie e não julgue por qualquer coisa que ele tenha feito. Então, sem que ele esperasse, eu envolvo meus braços em seu pescoço.
De início ele ficou meio receoso, no entanto, aos poucos ele foi relaxando e, quando se sentiu à vontade, rodeou minha cintura e pousou sua cabeça na minha barriga.
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N A R R A D O R
2 anos atrás...
— Todos pro chuveiro, — gritou o técnico do colégio para os garotos. — Agora!
Cameron agradeceu à todos os Deuses que colocaram um pouco de piedade no coração do técnico naquele mísero momento. Estava tão cansado que não ligaria de deitar no gramado e descansar até o dia seguinte. Caminhando em direção ao vestiário, ele observa os amigos brincando de lutinha e ri.
— Está com medo, Dave? — pergunta Nate, olhando desafiador para o amigo que ria ironicamente. Ele levanta guarda e desfere alguns golpes no ar tentando amedrontar o rapaz.
— Só rindo de você, Maloley — ele diz balançando a cabeça de um lado para o outro. — Eu não sou medroso que nem o Cam — aponta para o menino que só sabia rir da situação, não sabendo diferenciar a pitada de veneno na frase do colega.
— Vai sonhando, McMillan, vai sonhando — ainda achando graça da então inocente brincadeira, Cameron passa ao lado de Dave para entrar no vestiário e empurra levemente o rapaz pelos ombros.
— Cam? — uma voz melodiosa pronuncia o apelido dele fazendo com que o mesmo dê alguns passos para trás. Era sua namorada, Morgana. — Ah, meu amor, finalmente te encontrei! — exclama dando um selinho carinhoso no jovem tendo o cuidado de evitar abraçá-lo para não encostar em seu suor excessivo.
— O que houve? — ele pergunta pondo uma mecha do cabelo da menina atrás da orelha. Ela adorava toda aquela atenção que ele lhe proporcionava.
— Não se esqueça do jantar com os meu pais — ela reclama em um tom autoritário fazendo com que ele ria. — Lá em casa, às sete.
— Okay, senhorita mandona — Cameron põe o cabelo da garota para trás liberando todo o seu pescoço e o deixando exposto. Ele deposita um beijo leve e demorado e Morgana se arrepia. Ele ri.
A menina olha por cima dos ombros do namorado e encontra um Dave McMillan de braços cruzados e extremamente furioso. Ele encarava os dois descaradamente e faltava bem pouco para sair fumaça de suas orelhas. O rapaz não suportava ver os dois juntos. Para o deixar mais calmo, Morgana manda uma piscadela para ele porém de nada adiantou.
Dave McMillan não conseguia engolir o fato de que Morgana Sullivan, o amor da sua vida, namorasse com o babaca do Cameron.
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Insane
Fanfiction"- Ele é louco, insensato, maluco... insano. Mas eu o amo." Todos os direitos reservados. Copyright, 2015 © LorranyPimentel