Era perfeito, haviam armários coloridos; portas brancas; janelas enormes; alto-falantes em todos os cantos e o mais importante, pessoas.
Esse final pode ter parecido estranho, mas faz tempo um certo que não vejo pessoas em corredores escolares. Haviam pessoas aparentemente nervosas e outras indiferentes. Haviam um garoto de cabelos azuis no canto da parede oposta a mim, ele parecia esconder algo e aparentava estar mais nervoso que todo o resto. O ignorei e olhei o folheto.
Sala 155 grupo "A" se localiza a dez passos à frente, oito à direita e quatro à esquerda.
Segui o caminho e me deparei com uma porta branca e com o número 155 escrito em dourado abaixo de sua janela translúcida. Abri a porta e logo encontrei Matheus bem em frente à mesa que aparentava ser do professor, e ao seu lado havia uma cadeira vaga. Ele logo me chamou com um gesto, indicando a cadeira vaga. Os alunos estavam tão nervosos quanto eu.
Ao me sentar, observei a sala, era bem iluminada e tinha estantes cheias de livros instaladas em suas paredes brancas. Os livros pareciam velhos.
- Aqui, esses são os seus livros – Matheus disse me entregando alguns livros. – Tomei a liberdade de pega-los para você.
- Obrigado. – Eu respondi com um sorriso. – O que estamos esperando?
- O responsável pela classe. – Respondeu Matheus com o olhar fixado em um dos seus livros.
O momento em que ele disse isso um homem entrou na sala, era loiro, tinha olhos azuis, pele levemente bronzeada e usava óculos pretos, parecia empolgado, suas sobrancelhas estavam arqueadas, seus olhos estavam bem abertos e sua boca tinha um enorme sorriso.
- Bom dia! – Disse o loiro – Sou Chris, seu responsável a partir de agora.
Todos voltaram seus olhares a Chris. As meninas estavam suspirando.
- Abram seus livros na pági- Não! Tenho uma ideia melhor, vamos conhecer uns a os outros. – Disse o risonho interrompendo a si mesmo.
– Vou chamar cada um de vocês pelos nomes e vocês virão aqui na frente e se apresentarão ao resto da classe, okay?
Uma garota estava prestes a argumentar, mas foi logo interrompida por Chris, que começou a chamar os alunos.
- Ariel.
Uma garota ruiva levantou-se de sua cadeira que estava no fim da classe. Ela olhou tímida para Matheus, parecia querer lhe dizer algo, mas logo desviou o olhar para Chris.
Ao se perceber em frente do toda a classe, Ariel começou a se apresentar, ainda tímida.
- Meu nome é Ariel e eu tenho quinze anos, eu gosto de... – A garota parou de falar e olhou para Matheus novamente, ela corou. Algumas pessoas no fim da classe riram.
- Ariel. – Disse Chris. – Escolha alguém para se apresentar agora.
Ariel apontou para um menino de cabelos azuis. Eu percebi que era o mesmo menino do corredor. Ele foi até onde Ariel se encontrava, mas logo se dirigiu a seu assento.
- Meu nome é Felipe, tenho dezoito anos e odeio todos vocês. – Todos riram.
Ele apontou para uma menina que vestia preto, tinha cabelos cor-de-rosa e parecia não ter gostado de ser chamado. A garota de direciono a Felipe e bateu em suas costas. Ele sentou-se em sua cadeira.
- Meu nome é Brenda... eu tenho dezoito anos, odeio todos vocês também e queria estar no Caos.
Ela se sentou, rindo.
- Por que ninguém diz seus sobrenomes? – Perguntei a Matheus, mas antes que ele respondesse, Chris entrou na conversa.
- Porque, ao morrer, somos únicos e perdemos todos os laços, sejam amorosos ou familiares. Nós não temos sobrenome.
– Isso é depressivo. – Eu disse.
- Brenda, você deveria escolher quem vai se apresentar. – Disse Chris à menina trevoza.
- Quem você quiser. - Ela disse, debochada. Por um momento me lembrei da moça que me entregou o folheto.
Chris fez uma cara de desgosto e chamou Matheus.
- Meu nome é Matheus, tenho dezesseis anos e estou muito feliz de estar nesta classe. – Matheus apontou para um menino de olhos verdes que sentava próximo a nós.
Eu não prestei muita atenção nas outras apresentações, pois Matheus e eu começamos a conversar, mas Chris parecia não ligar muito.
- Leonardo. – Chris havia, finalmente, me chamado. – Venha aqui a frente, você é o último, e bem a tempo, a aula já está no fim.
Fui à frente da classe e me apresentei como todos. Ao recolher minhas coisas para podermos sair de sala lembrei-me de perguntar a Matheus o que significava "A.G.", a sigla que tanto via.
- Matheus, espere! – Ele estava quase saindo da sala de aula – O que é "A.G."?
Ele sorriu sutilmente.
- "A.G." significa Academia Gênesis, o lugar que nós estamos de forma resumida. Agora vamos, temos muitas atividades para escolher, se nós demorarmos vamos perder as melhores.
- Atividades? – Eu fiquei confuso, como sempre. – Que atividades?
- Você acha mesmo que as aulas são só isso? – Era óbvio que a pergunta era retórica. – Após as aulas de conhecimento geral, nós vamos às que abrangem áreas específicas. Existem muitos tipos: Recepcionista, Gatekeeper et Cetera. Mas a melhor são os Guardiões. Os Guardiões descem à Terra e realizam missões como parar acidentes de carro ou curar um pessoa de alguma injúria. Hoje não iremos realizar nada, hoje nós só no inscrevemos nas atividades, o eu vai ser uma batalha se você quiser ser um Guardião.
- Parece incrível. – A confusão havia passado. – Eu com certeza quero fazer isso.
- Então vamos. – Ele disse puxando meu braço. – Vamos logo!
Passamos por corredores diferentes, alguns ondulados, outros quase infinitos e cada um deles tinha o teto diferente, cor ou textura. Chegamos a um grande Hall com um enorme quadro de atividades. Fomos diretamente à lista dos guardiões. Era estranho para Matheus, quase não haviam inscritos na atividade.
- Ei! O que houve com a lista dos Guardiões? - Matheus perguntou a uma garota loira que por lá havia passado. – Está sempre tão cheia.
– Houveram muitos acidentes com quem havia se inscrito, agora todos estão com medo.
– Mas nós não temos medo. – Disse Matheus animado.
A garota loira deu de ombros e foi embora.
Nós escrevemos nossos nomes na lista, que por sinal era enorme, mas no momento que o fizemos senti que algo estava errado. O que pode ter acontecido com os Guardiões?
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Esse capítulo ficou grande. Eu espero que gostem da história e do desenvolver dela. Obrigado por ler. ahaha
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O Céu e o Inferno se amam.
SpirituellesNo Universo de "O Céu e o Inferno se Amam" todos estão mortos. O que será que aconteceria se a luz e as trevas se apaixonassem? Dedico esta história a Andrey, Victor, Lucas, Kauã e todo o resto.