Capítulo 6 - O inimigo dorme ao lado.

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'' Acordo no meio da noite com alguns barulhos estranhos. Fico quieta para saber de onde vem. É uma discussão, e vem do quarto da minha mãe. Escuto a voz dela, falando baixo, e a voz dele, praticamente gritando.

- Cala sua boca, vadia! Como assim você não quer?! Antes parecia uma cadelinha no cio, e agora isso?! Ta dando pra outro sua cachorra?! – Ele grita á ela, e escuto seu choro baixo.

Não sei porque minha mãe se submete a uma situação dessas. Meu pai á tratava como uma rainha, nunca gritou com ela, nunca a desrespeitou. Esse cara é um viciado, um louco. Ele é perigoso, ela não tinha o direito de colocá- lo dentro de casa.

- Pare com isso, Pare! – Ela suplica á ele, com a voz arrastada. Tenho certeza de que está bêbada de novo. – Eu só estou cansada!

- Eu não quero saber, vai ser por bem, ou por mal! – Ouço algumas coisas caindo e os gritos abafados de minha mãe. Ele está.. Ele está estuprando a minha mãe! Não posso ouvir isso e ficar quieta!

Me levanto de minha cama e saio pela porta do meu quarto, tento entrar no de minha mãe, mas a porta está trancada.

- Mãe! Mãe! Abra a porta mãe! – Grito desesperada

- Saia daqui sua putinha, cala a sua boca! Ou eu mesmo vou aí e a calo! – Ele grita para mim.

- Solte a minha mãe, seu idiota! Vou chamar a polícia! – Vou até a sala, e pego o telefone, começo a discar o telefone da polícia, porém o telefone é arrancado de minhas mãos.

- Eu disse pra ficar quieta, sua puta! – Ele diz e me arrasta até o quarto de minha mãe. Ela está desmaiada no chão, no canto do quarto.

- O que você fez com ela?! Seu monstro! – Digo completamente assustada, com as lágrimas tomando conta de mim.

- Dei á ela o que ela merecia, por ser ingrata! Ela queria terminar comigo, mas só vou avisar uma coisa á vocês, eu só saio da vida de alguém, quando eu quero. Se chamarem a polícia, vocês morrem. Se contarem pra alguém, vocês morrem. Entendeu? – Disse apertando meu braço.

- S-sim.. – Digo num sussurro.

- Ótimo. Agora volte para o seu quarto e cale a sua boca. – Me jogou na parede, e eu sai de lá.

Me tranquei no meu quarto e chorei. Chorei por tudo. Pela falta que meu pai fazia. Pela falta da mãe, que a minha mãe costumava ser. Falta da minha vida antiga, calma e feliz. Se eu pudesse, iria embora dessa casa, mas tenho apenas 14 anos, e minha mãe precisa de mim..."

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Acordo assustada. Meu corpo está todo encharcado de suor, e minha respiração acelerada. Sonhar com o meu passado, realmente é a última coisa que eu quero.

Tenho tanto medo de que todo meu esforço não tenha servido para nada. E se ele me achar? Será que deveria ir para outro lugar? Talvez um lugar em que absolutamente ninguém me conheça. Não! Não, Melissa. Não posso viver com medo para o resto da minha vida. Eu não sou mais aquela garotinha. Eu preciso seguir a minha vida e superar meus traumas. Eu vou montar uma vida aqui, e se algum dia ele aparecer, eu estarei preparada.

Levanto, tomo um banho e coloco meu biquini e um vestido leve por cima. Mereço relaxar um pouco, enquanto espero um retorno de alguma empresa, vou aproveitar um pouco essa vida fácil. Saio do meu quarto, e vou para o de Liss, e parece que ela teve a mesma idéia que eu. Vamos para a piscina, e aquela área é simplesmente maravilhosa. A piscina é enorme, e em um canto onde ela é mais rasa, há um bar dentro dela, com alguns banquinhos. O jardim que fica em volta é lindo, a grama bem cortada, e alguns canteiros de flores espalhados. Há algumas árvores pequenas, que com certeza alguém poda para que elas fiquem com esse formato redondo tão perfeito. Mais para frente, há uma área coberta, com uma cama enorme, cheia de almofadas. O lugar é maravilhoso, um luxo só. Que sonho morar em um lugar como esse!

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