onde estou?

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CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO 5: FUGINDO PART. 2

Por que estão atrás de mim? Por quê?

Frases vinham atormentar-me enquanto eu corria desviando de árvores galhos soltos.

"É tecnicamente impossível que seja uma garota o que eles procuram."

"Nós vamos encontrá-la, Sr. Wenes. Não se preocupe."

"Não. O setor Cinco não. O Um."

Corri. Corri tanto que minhas pernas começaram a correr por conta própria. Nada na minha cabeça fazia sentido. Há minutos atrás eu estava beijando meu melhor amigo. E agora eu estou correndo feito um leopardo, fugindo de pessoas que estão à minha procura. E por quê? Eu não faço ideia. Como as coisas mudam: de manhã, eu era a caçadora. E agora à noite, eu sou a caça.

De repente, ódio pulsou em minhas veias. Meus olhos começaram a embaçar. O que está acontecendo comigo? Eu não sabia onde estava. Não sabia para onde ir. Minha mãe tinha razão: eu não conhecia a floresta tão bem quanto eu achava. Estava perdida.

Parei para recuperar o fôlego. Eu não ouvia mais o caos que meu setor se tornou. Eram apenas eu e as árvores. A noite veio rapidamente. Apoiei minha mão em uma árvore e começo a sentir cheiro de queimado. Tiro minha mão e percebo que saio fumaça de onde ela estava.

Hã?

Minha roupa começou a queimar. Assustei-me e comecei a bater na minha calça tentando apagar as chamas. Tropecei numa raiz e não percebi que tinha um declive bem à frente. Caí e rolei até embaixo.

E então eu mergulhei numa escuridão sem fim.

CAPÍTULO 6

Minha respiração estava pesada.

Céus! Como dói a minha cabeça!

Mal consegui abrir os olhos, mas minha audição funcionava. Ouvi vozes que supus que falavam ao fundo.
- Se eu soubesse quem ela é, eu já teria acabado com ela. - uma voz masculina disse ao fundo.

Meus sentidos estavam voltando ao normal, eu conseguia ouvir o que diziam perfeitamente.

- Nossa! Só por que ela pode ser melhor do que você? - uma voz, desta vez mais infantil.

- Cala a boca, Trek. Vá se...

Comecei a me remexer no colchão. Não estava afim de ver que finalidade teria aquela discussão.

- Fiquem quietos vocês dois. Ela está acordando. - uma voz feminina ordenou.

Quando abri ergui as pálpebras, dei de cara com um par de olhos curiosos e arregalados a poucos centímetros de mim. Um garotinho, que deveria ter aproximadamente a idade de Terry, me olhava como se eu fosse uma coisa que nunca, ninguém, jamais viu.

- Sai de cima dela, Trek! - a mulher disse. - Oi. Sou Riza.

Antes que eu pudesse sequer responder educadamente à saudação de Riza, o garotinho, Trek, se adiantou:

- Me chamo Trekend. Mas pode me chamar de Trek.

Assim que Trek se apresentou ele e Riza olharam para o garoto sentado num caixote de madeira. Quando olhei para ele senti minhas mãos formigarem. Que estranho. Acho que eles esperavam que ele também se apresentasse. Ele entendeu e soltou:

- Josh.

Ele soou antipático. Como se minha presença o incomodasse. Comecei a sentar no colchão e me lembrei do que tinha acontecido.

O caos no setor Dez.

Meu padrasto morto.

Minha mãe dizendo que eu corria perigo.

Eu estava fugindo.

Tudo estava normal... Até virar de cabeça para baixo. E de repente, eu estava correndo sem rumo pela floresta escura e fria do setor Dez. Mas não importava. Apenas precisava correr. Correr até não aguentar mais. Correr sem olhar para trás.
Estavam atrás de mim, então eu não tive escolha.
E por que estavam atrás de mim? Boa pergunta!

Quando voltei à realidade, vi que Riza, Trek e Josh se olhavam. Estavam tentando entender no que eu estava pensando. Lembrando. E pelo que eu lembrei, estava fugindo. Fugindo da minha casa. Do meu setor, quando... Quando... Caí? Isso! Eu caí numa espécie de barranco e... Aqui estou eu. Mas... Que lugar é este? Onde estou?

Coração De FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora