Adeus

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Fico aflita e confusa ao ouvir as palavras do padre.

- Eu sou quem? Me diga homem de deus.

- Acalme-se minha querida - ele sorri de forma a me tranquilizar - Quando tudo terminar te explicarei com mais calma.

Balanço a cabeça confirmando, meu marido corre comigo em seus braços tentando chegar a igreja mais sem sucesso, pois os vultos aparecem novamente, mas dessa vez eu os vejo quase que nitidamente.
Aparência do negro era de um monstro deformado, portador de um olhar mortal e vazio. O branco por sua vez, tinha uma aparência muito bonita meio angelical com um olhar sereno me fazendo esquecer de tudo quanto era ruim,até mesmo a figura tenebrosa do vulto obscuro.
Mais deixando meus devaneios de lado, afinal eu só posso estar a delirar devido às dores das contrações que agora estão constantes. Meu marido já em pânico me deita sobre o gramado que tinha a frente da igreja e tenta me manter calma.

- Não aguento mais - grito de dor - Os meninos estão nascendo. Por favor... - seguro a mão de meu marido apertado - Não deixe aquelas coisas tentando chegar perto de mim e dos meus filhos.

O padre sem entender nada começa a orar em latim na esperança de me acalmaram e espantar as criaturas que me assombravam mas sem sucesso.

Grito alto desesperada - Amor me ajuda! Estão nascendo! Não aguento mais, rápido pegue no carro algumas toalhas limpas.

No mesmo instante ele corre o mais rápido possível até o carro,enquanto o padre está do meu lado segurando minha mão e orando por mim incessantemente. Sinto fortes tonturas e as contrações continuam de forma violenta, meu marido chega em seguida com as toalhas.
Separo as pernas e começo a fazer força e a grita de dor é uma dor insuportável, tao forte que é impossível de se descrever mas contínuo a fazer força. Por um instante meu marido olha para mim com uma expressão muito triste e o pergunto do porque mas ele segue o procedimento em silêncio, de repente vejo meu marido sendo lançado para trás, olho para ver o que aconteceu e fico em estado de choque ao ver o vulto negro rondar meu marido, me pergunto onde estará o outro vulto, o de luz que estava a afastar o ser das trevas, sera que morreu ou fugiu, neste momento pouco importa. Peço ao padre ja aos gritos que ajude meu marido mas para meu espanto ele se nega, pergunto desesperada o porque e ele apenas me diz que é por proteção, digo que não quero proteção alguma e sim que ele vá ajudar meu marido, ele acaba cedendo mas antes de ir o padre deixa em minha mao um crucifixo de prata e vai a meu marido que esta caido a uma certa distância parecendo atordoado, o padre ajuda meu marido a se levantar e o mesmo retorna a me ajudar com o trabalho de parto, dou a luz a meu primeiro filho que é deixado delicadamente em meus braços, logo em seguida o segundo também vem ao mundo e é entregue a mim. Os envolvo em meus braços os aquecendo com o pouco calor que me resta pois sinto minhas forças se esgotando, não sinto mais as minhas pernas e minha visão esta ficando turva, sinto que ja estou a ponto de desmaiar quando vejo o tal vulto preto se aproximar de mim e parar a minha frente, sem saber o que fazer me encolho na tentativa frágil de proteger meus filhos, a criatura ergue algo que parece ser sua mão e a estende sobre um de meus filhos, observo ja aos prantos por não ter forças de impedi-lo. O monstro volta a atenção para meu segundo filho prestes a pousar sua mão maligna sobre ele, mas algo que eu não esperava acontece e ao meu ver nem o espírito das trevas também não, um feiche de luz cai sobre meu filho, o esprito negro desaparece emitindo um som estrondoso que fez lembrar algo como um rosnado que fica ecoando no ambiente por alguns minutos, mas o que mais me espantou foi a reação que o toque das criaturas causou em meus filhos, cabelo de ambos mudou de cor, um ficando negro como a noite e o outro branco como a neve.
Estranhamente tudo se acalmou, meu marido e o padre chegaram bem perto de mim e me observavam já emotivos pois perceberam que já não havia muito o que se fazer por mim, meu marido retira os bebês de meu colo e eu o olho com os olhos marejados segurando em seu braço.

-Querido, antes de partir quero dar os nomes de meus queridos filhos, o primeiro será Vergil e o segundo será Cameron. Por favor, sempre os lembre que a mãe deles os ama e que sempre vou estar com eles mesmo depois de partir. -digo com a voz fraca.

Meu marido olha para mim ja chorando muito. - Os nomes são lindos meu amor, mas pare com estas despedidas você é forte, vai resistir a tudo isso.

- Querido eu sei que minha hora chegou, mas não me sinto triste pois sinto que minha missão neste mundo ja esta realizada pois trouxe ao mundo duas crianças lindas e saudáveis, estou tranquila pois sei que voce os protegerá de todo o mal.

Meu marido confirma com a cabeça e se aproxima de mim e me beija de forma suave, ele se afasta acariciando meu rosto. O padre toca o ombro de meu marido pedindo permissão para falar comigo, meu marido confirma dando espaço mas sem soltar minha mão.
O padre chega perto de meu ouvido e sussurra algo revelador a mim.
Sorrio serena ao ouvir as palavras do padre e me volto a meu marido.

-Josh eu te amo muito, nunca se esqueça disto, você me fez perceber como a vida é bela e me deu dois filhos lindos, obrigado meu amor.

Fecho meus olhos, ja não sinto dor alguma, pelo contrário, me sinto leve e plena e principalmente grata por ter tido forças de ter dito adeus...

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⏰ Última atualização: Aug 31, 2016 ⏰

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