Capítulo 7

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Por Becky

Eu não sabia por que eu estava sentada no chão, próxima a porta. Eu não sabia por que as lágrimas insistiam em descer pelo meu rosto. E nem sabia por que meu corpo sentia tanto frio como se todo o calor da terra tivesse esvaído como que por encanto. A única coisa que eu sabia é que minha vontade de me levantar e correr atrás de Mattew e gritar: Sim. Eu irei com você, era grande demais para ser ignorada.

Entretanto às vezes a razão falava mais alto. Eu sabia que não poderia fazer isso, simplesmente porque Mattew estava voltando para sua esposa...e seu filho. E eu ficaria aqui, como aquilo que realmente sou: um romancezinho virtual que a distância aos poucos se encarregaria de apagar.

Na verdade eu sou bem covarde. Ou não...posso ser apenas precavida. Mattew jamais tocou em qualquer assunto relacionado a nós dois. E se eu fosse para Londres? E se daí a duas semanas aquele nosso furor sexual chegasse ao fim? O que eu faria? Continuaria trabalhando com ele ou voltaria para Oxford e fingiria que aquilo tudo foi um sonho?

Eu não suportaria. Mattew jamais poderia ser considerado um sonho. Antes de conhecê-lo sim. Mas depois de desfrutar de tantos momentos bons com ele, isso me parecia impossível.

Com muito custo me levantei e segui até o banheiro. Tirei minhas roupas e entrei sob a ducha, deixando que a água levasse os últimos vestígios dele ainda em meu corpo. Aqui estava bom. Eu não conseguia ver minhas lágrimas, embora soubesse que elas estavam ali.

–Burra... burra... onde fui me enfiar?

Onde eu estava com a cabeça quando aceitei aquela loucura? Elevar meu ego e mostrar pra Hannah que eu era tão boa quanto ela? Esse foi meu erro. Fiquei horas sob a água morna até finalmente desligar o chuveiro. Recolhi algumas peças de roupas que estavam espalhadas pelo quarto. Fui até a sala e peguei a sacola com as lingeries que ele tinha me devolvido antes de voltar para Londres.

Atirei-as numa gaveta qualquer e fui até a cozinha. Como sempre ia me afundar no waffle com sorvete. Sentei-me para comer e mal mordi o primeiro pedaço a campainha tocou.

– Merda...

Levantei-me a contragosto e abri a porta. Hannah entrou sem pedir licença, altiva, olhando para o pote de sorvete.

–O que foi dessa vez?

–Nada.

–Te conheço. Se entupindo de sorvete...alguma coisa foi.

–Deu vontade. E além do mais isso não é da sua conta.

–Isso tem a ver com Mattew Brown?

Congelei.

–Como?

–Sei que viajou com ele.

–Deu pra vigiar minha vida agora? O que é? Suas noites regadas a festa de famosos não te atraem mais? Precisa se ocupar da minha?

–É ele...sabia. O que espera com isso?

–Não sei do que está falando.

–Eu estive na lanchonete e me disseram que ele esteve lá e vocês saíram de lá juntos. Depois eu estive aqui...e o porteiro disse que você viajou com ele.

Maldito porteiro dos infernos. Claro que eu avisei que estaria viajando. Assim ele ficava de olho nas correspondências ou em alguma movimentação estranha em meu apartamento.

–Sim. Fomos a Liverpool. Qual o problema?

–Para que?

–Por que não pergunta para ele?

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