Capítulo 5

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— Cadê minha irmãzinha? — Amanda viu o filho entrando pela porta correndo.

— Calma filho! Ela está na sala com o Tony. — O menino seguiu desesperado para o outro ambiente após dar um rápido beijo na mãe.

— Oi Isabelle! — disse ele sentando-se na frente dela e recebendo o sorrisinho composto por dois dentinhos centrais.

— Eu não mereço um oi é? — Perguntou Antônio carrancudo.

— Oi Tony! — A criança riu da cara dele e lhe deu um beijo no rosto. Amanda que se aproximava apreciou a cena em silencio. Por alguns momentos quando mencionaram a possibilidade de adotarem uma criança, ela ficou com receio de que Antônio se afastasse de seu filho. Mas conhecendo-o como conhecia já devia saber que isso não aconteceria.

— Mãe ela riu para mim. — informou o menino tentando acompanhar a irmã que tentava engatinhar pela sala.

— Sabe que eu acho que ela sentiu a sua falta filho. — O menino se mostrou feliz com a notícia.

— Eu também senti a dela. — Antônio e Amanda sorriram pela animação dele. — Meu pai me disse que ela não é minha irmã. — A criança falou triste. Amanda expirou longamente antes de falar.

— Claro que é meu amor! Ela não vai morar conosco? Crescer com você e farão muitas coisas juntos? — Lucas consentiu com a cabeça. — Então ela é sim sua irmãzinha. Sem contar que ela também tem seu sobrenome amor.

— Eu sei mãe, mas ele disse que nunca seremos iguais e que ela é uma intrusa entre você e eu. — Antônio fechou o punho contrariado. "O que aquele idiota pensa que está fazendo com a cabeça dessa criança. Uma hora dessas eu faço uma besteira." Olhando para Amanda ele pediu em sinal que ela respondesse novamente. Não estava certo se falaria de forma correta. Sua chateação era visível.

— Filho, nenhum irmão é igual ao outro. A mamãe e o Tony são filhos únicos, mas sabemos bem disso. Não há irmãos iguais. Até os gêmeos que nascem juntos tem diferenças. — Aquela justificativa pareceu surtir efeito.

— É verdade mamãe. O meu amigo Arthur é gêmeo com o irmão dele e ele tem uma pinta no braço que o outro não tem. — Ambos os adultos ficavam mais aliviados. — E ele já me falou que eles não gostam das mesmas coisas também.

— Viu filho! É isso mesmo. Nunca deixe que ninguém diga que a Isabelle não é sua irmã, porque ela é sim e sempre será. ­— Afirmou séria.

— Por que meu pai me disse isso então. Será que ele não sabe que irmãos são diferentes e podem vir de mães diferentes? — Amanda desejou que o filho fosse um pouco mais maduro. Assim certas palavras não o atingiriam com tanta facilidade.

— É provável meu filho. Seu pai nunca teve irmãos e não costumava ter amigos. Tão pouco passava as férias com primos. Talvez seja isso mesmo. Ele não conhece do assunto.

— Quando eu encontrar com ele novamente vou dizer que agora entendo e que ela. — Apontou ele para a menina. — é minha maninha e ninguém vai mudar isso.

— Muito bem Lucas! — Antônio interveio alegre. — Você é um privilegiado por ter uma irmã para crescerem juntos e um cuidar do outro. Tem muitas crianças por aí que não tem, sabia? — A criança assentiu animada.

— Eu sei Tony! Na minha sala tem uns coleguinhas assim. Vou falar para eles pedirem para os pais. Assim não ficam sozinhos e podem levar para casa uma criança abandonada né. — Seu olhar de bondade derreteu o coração de Amanda.

— Com certeza filho. — Uma das coisas que Amanda sentia orgulho de ter feito pelo filho fora ensiná-lo a ser generoso.

As semanas seguiam e conforme se adaptavam a rotina da criança a vida deles tornava-se mais completa. Amanda continuava com o suporte do marido e do filho e enquanto ficava sozinha em casa com a filha tornavam-se mais íntimas, amigas e parceiras. O cansaço nos braços pelo pequeno peso que as vezes precisava carregar começava a sumir. Tudo ia se encaixando a ponto de não mais se lembrarem de como era a vida dos três antes da chegada de Isabelle. Não havia mais passado para eles, o presente era completo e isso lhes bastava.

Antônio, Lucas e Isabelle tornaram-se a prioridade de Amanda que somente lembrou-se da loja com mais seriedade quando chegava o dia combinado de ela retornar. E como previa não seria nada fácil se afastar de tudo o que a fazia viver melhor. Mas havia dois mundos nos quais ela se enquadrava e precisava manter a mulher mãe e profissional ativa, como era antes da chegada da pequena princesa.

— Como estão as férias em família Amanda? — Perguntou Carol que se sentia a madrinha da menina. Isso ela deixou bem claro quando a visitou dias antes.

— Tão boas que se pudesse eu ficaria mais tempo em casa Carol. Mas tudo aqui está em ordem e a nova babá que contratamos é uma senhora experiente e muito zelosa. A Isabelle já se acostumou com ela.

— Fico feliz em saber por que se alguém não cuidar bem da minha menina eu sou capaz de jogá-la amarrada no meio na BR. — Amanda sorriu do exagero da funcionária. Já havia se esquecido do quão dramático ela era.

— Não se preocupe sua afilhada estará em boas mãos. — A moça sorriu do outro lado da linha.

— Vai me dar esse privilegio mesmo, Amanda? — Perguntou ela bondosa.

— Só se eu fosse louca para não convidar você para ser a madrinha dela — disse também em tom exagerado.

— Garota esperta! — Amanda conversou com a amiga por mais alguns minutos ficando acertado que na segunda- feira ela retornaria para a boutique e trabalharia em tempo reduzido pelos próximos meses.


Muito Além das aparências - Livro II da Série  AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora