XXVIII

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Era véspera de Natal, para ser exata: dia 24 de Dezembro, 19:46. O clima era relativamente agradável e ocorria as típicas "chuvas natalinas".

Observando pela janela a rua enquanto Luisa assava as famosas "rabanadas", vi crianças correndo com seus pais, levavam algumas sacolas, era possível ver que estavam alegres.

Pensei no último Natal que estava perto de minha família.

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Eu estava no celeiro, cuidando de um dos cavalos de papai. O cavalo era alto e forte, seu pêlo era negro e brilhava, dava a impressão de que o cavalo era saudável e especial. O que realmente era verdade, pois era o preferido de papai.

- Eclipse realmente é um cavalo especial. - Falou uma voz familiar, me virei e lá estava Augusto. Ele me lançou um sorriso.

A família de Augusto era próxima à nossa. Sempre que haviam jantares, ele ia com sua família.

A única coisa que ajudava a ver sua fisionomia no momento, era a luz do luar.

- Por que não está lá dentro com as outras pessoas, senhorita Flora? - Me perguntou.

- Às vezes gosto de vir para cá. Pergunto o mesmo ao senhor. - Corei.

- Precisava ficar um pouco só. - Deu um sorriso triste.

- Entendo. - Concordei.

Ficamos em silêncio observando Eclipse comer feno.

Em seguida mamãe ordenou que eu entrasse.

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- Está pensativa, Flora. - Disse Luisa caminhando em minha direção.

- Estou pensando no Augusto. - Sorri e meu sorriso a tranformou em um sorriso triste. - Só que agora não sei como será daqui para frente, temo que nunca mais verei minha família, meus amigos.

- A gente vai conseguir. Vamos descobrir o que motivou isso. - Disse segurando minha mão. - Sentirei sua falta, porém me conforta saber que você estará bem, se você ficar bem, eu estarei bem. - Sorriu.

- Sou grata pelo que está fazendo por mim. Seu bebê terá uma ótima mãe, tenho certeza. - Sorri abraçando-a e choramos.

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Estava por volta de 23:30, quando a campainha tocou. Como Luisa estava se banhando, fui atender.

Em passos rápidos me movi em direção à porta. Eu usava salto, algo que dominava com maestria. E um vestido florido que batia em meu joelho.

Abri a porta.

- Olá! - Era Pedro. - Ele estava com uma sacola em sua mão direita, e na esquerda, um buquê com rosas vermelhas e brancas.

- Olá! - Sorri confusa.

- Me desculpe chegar assim sem avisar. Vim passar a ceia com vocês. Luisa me convidou.

Assenti e fiz sinal para que ele entrasse.

Eu estava magoada pelo fato de que ele não me ligou após aquele dia. Fazia uma semana.

Ele se sentou no sofá e prosseguiu o silêncio.

Fui em direção à cozinha beber um suco.

- Flora, você deve estar chateada por conta da minha ausência. Não a culpo, não é algo bom me ausentar da sua vida após o que aconteceu. - Seus lábios se tornaram uma linha fina. - Minha mãe está doente e é muito difícil conciliar meu trabalho com família e meus relacionamentos. Ela sofreu um AVC, ou seja, um acidente vascular cerebral. Ela está no hospital, meu pai ficará com ela essa noite. Eu juro que fiz o possível para ligar para você. Mas eu mal tinha tempo para ver minha mãe. - Ele fez um silêncio. - É tão ruim saber que você não pode nunca mais ver sua mãe. - Seus olhos encheram-se de lágrimas.

Não me contive e corri para abraçá-lo. Nos beijamos lentamente e apaixonadamente.

- Você não me deve desculpas. Eu entendo. Só de pensar que nunca mais posso ver minha família sinto uma dor enorme. - Meus olhos foram ocupados por lágrimas.

Ele me abraçou ainda mais e deu um beijo em minha testa. Em seguida me entregou o buquê e a sacola.

- É para você. - Sorriu.

- Amo rosas. - Falei cheirando-as. Em seguida abri a sacola e nela havia um livro. - Orgulho e preconceito. Pedro! Céus. Amo a Jane Austen. Achei que não existiam mais livros dela depois de tanto tempo.

- Quando o vi na livraria me lembrei de você. - Falou admirado por minha alegria.

- Sou muito grata à você. - Sorri emocionada. - Nem comprei nada para o senhor. Mil perdões. - Falei corando.

- Não preciso de mais nada além de sua presença. - Disse me puxando para perto dele.

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⏰ Última atualização: Jan 17, 2016 ⏰

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