Segundos, minutos, horas passando junto para criar o tempo.
Tempo que fere, machuca e não nos faz esquecer.
Não nos faz esquecer a dor que é amar uma pessoa e não ter esse amor correspondido.
Isso também pode se chamar memória mas uma memória pode se apagar e o tempo sempre continua correndo.
Na verdade acho que esses dois trabalham juntos para me fazer sofrer por Rafael Moraes, meu vizinho e melhor amigo de infância. Nós costumávamos nos dar bem quando crianças mas o tempo passou e cada um foi para o seu lado. Na pré adolescência ele adorava me irritar na escola e sempre andava com namoradas, eu não ficava muito pra trás e consegui um namorado na quinta série que se mudou um mês depois para outra cidade. Depois disso ele arrumou mil e um argumentos para me atormentar ''acho que ele foi embora porque não te aguentou'' ''você é muito chata, por isso que seu namorado foi embora''.
E agora eu e ele estamos no ensino médio e ambos estão solteiros.
O que não significa nada
A verdade é que eu nunca tive coragem o suficiente para dizer pra ele que eu gosto dele, até porque não seria uma coisa muito normal sua ex melhor amiga chegar '' oi eu gosto de você, será que você poderia me beijar?''.
Eu me chamo Beatriz e no momentos estou assistindo uma aula de artes 100% nem ai para o que o professor fala sobre arte barroca, eu olho ao redor e presto atenção no que minhas amigas estão fazendo e dou uma pequena risada vendo quão idiotas elas podem ser as vezes.
Cortando papeis para jogar umas nas outras no final da aula.
Eu nem quero estar aqui para ver essa cena que vai acabar em uma detenção para as três, e se eu tiver sorte eu não vou junto porquê sempre que elas aprontam o diretor pensa que eu estava envolvida.
O sinal toca e eu saio da sala rapidamente olhando para trás apenas para ver uma chuva de ''confetes'' no lugar que minha amigas sentam.
-Vejo vocês amanhã fabricantes de confete. - eu falei antes de me virar.
-Também te vemos amanhã arte barroca. - ri com o apelido e sai da sala indo direto para a saída da escola.
Fui para o corredor e abri o meu armário guardando meus livros e olhando para o lado vendo minha amiga cheia de confete em seus cabelos loiros. Tranquei meu armário e caminhei até a saída da escola.
Minha casa era perto da escola mas minha mãe fazia questão de vir me buscar todo dia, isso até eu fazer um acordo de deixar ela me trazer todo dia para a escola e assim ela não viria me buscar. Na maioria das vezes eu ia com um grupo de conhecidos de outras séries para não ter o risco de andar sozinha e ser assaltada mas hoje eu ia sozinha porque eu não vi nenhum deles no corredor e eu queria chegar cedo em casa.
~*~
Chegando em casa eu vou para a cozinha abro a geladeira e pego um suco em caixinha logo escutando meu pai gritar lá da sala '' primeiro lave as mãos'' .
Ah esqueci de dizer que tenho pais que enxergam através das paredes.
-Como você sabe que eu não lavei as mãos? - pergunto indo para a sala.
-Eu não escutei a torneira ser ligada.
Bom, eu costumava pensar quando criança que meus pais realmente enxergavam através das paredes.
Eu era tão boba.
Ainda sou em alguns aspectos.
Lavei as mãos e tomei meu suco e logo subi para o meu quarto tomando um banho e logo depois entrando na internet e comprando algumas coisas que alegrariam o dia seguinte. Normalmente eu não fazia nada além de ficar o dia no meu quarto no final de semana mas eu pretendo fazer algumas atividades diferentes amanhã.
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Vizinhança
Teen FictionVizinho: indivíduo que, segundo os mandamentos, devemos amar como a nós próprios, embora ele faça tudo o que sabe para nos levar a desobediência - Ambrose Bierce