And she says
I wish that I could be like the cool kids
'Cause all the cool kids
They seem to fit inEchosmith - Cool Kids
Pé esquerdo. Pé direito. Respira. Vamos, mais uma vez... Pé esquerdo. Pé direito. Respira. Acho que desaprendi a andar. Cair de cara no chão não seria uma linda e glamorosa forma de começar a manhã.
Era nada mais nada menos do que o primeiro dia de aula do ensino médio.
Coisas novas (ou nem tanto) pra aprender, mais problemas pra enfrentar nos últimos, decisivos e amedrontadoramente críticos anos da escola. Sabe aquela vontade de fazer tudo ser perfeito? Criar metas, fazer todas as tarefas, estudar pra ter notas incríveis e se tornar o modelo da responsabilidade? Até agora eu só tinha ouvido falar. Essa tal vontade ainda era uma lenda pra mim (e espero não sofrer desse mal).
Eu fingia que não estava apavorada, mas a minha parte inteligente me dizia pra voltar pra casa correndo ou na melhor das hipóteses fugir pro Alasca. Não estou sendo dramática. Até porque não deveria ser tão assustador assim, eu só estava numa escola nova que em teoria era exatamente como a antiga (excluindo o fato de que muda o ambiente, as pessoas, os professores, as chatices... Muda basicamente tudo).
Pra variar, víamos o de sempre: Pessoas se abraçando, algumas estranhando o espaço, outras com cara de desânimo... O mesmo cheiro de material escolar, roupas novas e desespero. Principalmente desespero. Muito desespero. E para fechar com chave de ouro, as famosas panelinhas.
A escola sempre foi divida em grupos, isso não acontece só nos filmes americanos. Populares, esportistas, nerds, góticos, artistas, hippies, geeks... Então, por último, mas não menos importante, existe o nosso "grupo". Os Invisíveis. "Os Ninguém". Éramos o resto, não fazíamos parte de grupo nenhum. Ora não nos identificamos, ora não queremos fazer parte. Temos uma característica aqui ou ali, mas não nos encaixamos especificamente em grupo nenhum. E tem mais, tenho quase certeza de que eles não iriam nos aceitar.
Nunca vamos saber se não somos descolados o bastante ou se somos diferentes o suficiente pra que ninguém nos quisesse perto. Estamos felizes, apesar de que nem sempre foi assim.
Isso de ser sempre excluído doía.
Eu sentia como se fosse culpa minha por não ser como eles. Como se eu não fosse bonita, legal, sociável ou esperta o suficiente. Eu queria ser como as crianças descoladas.
Depois de tanto me questionar e tentar me encaixar, eu finalmente descobri o que me faltava. Certamente, era a regra número 1:
Seja você mesmo. As pessoas devem gostar de você por quem você é, não por quem querem que você seja ou pelo que parece ser.
Em todos esses anos "sobrevivendo" à escola, eu tentei de tudo pra fazer amigos. Mudei o cabelo, as roupas, o jeito de ser... e no fim, eu não chegava a lugar a nenhum, só me decepcionava. Aprendi a me contentar com o que eu tinha, porque uma amizade verdadeira não se compara a uma legião de colegas dispensáveis.
— Acho que estamos indo bem. — Ivo ajeitou o boné, tentando não mostrar que estava tão nervoso quanto eu.
Falando em amizade verdadeira, eis o meu fiel escudeiro. Ivo Gosparine era meu melhor amigo desde o jardim de infância, quando entramos em uma aventura para recuperar o brinquedo que a professora tinha tirado de mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como Ser (Im)Popular: Manual de Sobrevivência Escolar Para os NÃO Descolados
Teen FictionSejam bem vindos ao Ensino Médio. Os últimos e mais desesperadores, sofridos e divertidos anos da escola. Fabiana e Ivo, melhores amigos desde o jardim de infância, sempre foram unidos pelo fato de não se darem muito bem entre os outros alunos na e...