Capítulo I: A Cisão do Reino

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Há muitas gerações atrás, em um reino de outra realidade, viviam pessoas do dia a dia juntamente com outras diferentes, houve quem dissesse que eles têm uma outa essência.

Muito se passou e conviviam em paz, porém, sempre houvera medo nos corações dos rotineiros de que os "portadores de essência" vinhessem a lhes oferecer algum mal.

O tempo passou e o esperado acontecera. Levantou-se uma das pessoas normais e foi ter-se com o rei, e desabafou sobre a vontade dos seus de não viver ao lado dos outros.

O rei, persuadido, decretou uma rebelião para a expulsão de todos aqueles que disseminavam medo.

Não tarde, os oprimidos reagiram ao decreto do rei e elegeram representantes para serem sua voz nas decisões. Eram eles sete: um eremita, um mago, um guerreiro, uma sibila, um elfo, um nobre e uma fada.

Tais representantes, agora chamados Patriarcas, negociaram com o então rei e propuseram uma cisão no lugar de uma expulsão, assim, vivendo em terras distintas, um povo não precisaria se preocupar com o outro.

Outorgada a cisão, foi instituído que as terras a leste da Cordilheira Negra, até seu litoral e as ilhas próximas, ficariam sob o domínio dos expulsos, e as terras a oeste da mesma, respeitando os limites do Reino Incólume de Serena até o litoral sul ficaria sob o domínio do povo do rei. Foi nomedo Kyrian o reino oeste, e Hílian o reino leste.

Independente de Kyrian, Hílian começou sua formação sob o governo dos Patriarcas. Anos se passaram e o reino foi se construindo e organizando e o povo se espalhava pelo território.

Após muita vigilância, observou-se que as pessoas influenciavam as terras, com a chegada de certos grupos o lugar lentamente se alterava, assumindo características diversas. Mais curioso ainda, era que as mudanças semelhantes se ajuntavam e eram visíveis a qualquer. Tal fato comprova os dizeres antigos de tal povo ter essência.

Com os Patriarcas cientes da existência da essência, as mudanças no reino só poderiam vir de distinções dentro da própria.

Passado um tempo, anunciaram com aclamação do povo de que o reino seria dividido em províncias, cada qual instituída pelas diferenças do povo e das terras.

Foram então nomeadas dez províncias, a Província da Água, da Terra, do Fogo, do Ar, da Floresta, do Gelo, do Metal, das Riquezas, da Lua e do Sol.

Os anos foram passando, as províncias se consolidaram e os Patriarcas tornaram-se Anciãos. Sendo assim, decidiu-se a criação de um governo não centralizado, onde cada província, com seu rei, correria independente, mas em união com o todo.

O modelo foi bem aceito e correu naturalmente, mas o que era de se esperar começara a acontecer: crimes começaram a ascender em todo lugar, o que levou a criação da Constituição Hiliana, dando claramente o limite ente o legal e o ilegal, e essa seria a última ação dos Anciãos.

Não satisfeito com a criação de, ao seu ver, um mero conjunto de regras, o mago Ancião ficara convicto em criar um protetor para Hílian, um ser que só fosse capaz de fazer o bem.

Certo dia empenhou-se em realizar tal trabalho, mas seus poderes subiram à cabeça e tornou-o a loucura, o que rendeu-lhe uma criatura que se alimentava de ódio, dor e tristeza.

O filho do mago, jovem, vira tudo o que ocorrera e seu pai, fora de si, mandou o ser atacá-lo, e esse o fez, ferindo-o como nunca visto, de modo que não morrera, mas que não mais se reconhecia a face.

Neste momento, chegando os demais Anciãos, o guerreiro encheu-se de fúria e foi ao ataque da criatura, não tendo sorte pois foi derrubado com um único golpe. A criatura, mostrando-se forte, amedrontou os demais, mas, atraindo-a, o eremita lançou-lha um encanto de aprisionamento, soterrando-a onde estava.

Acalmados os ânimos e de volta à razão, o mago viu o que criara e o que fizera com seu filho, e encheu-se desgosto e amargura, fugindo para não mais ser visto.

Após o ocorrido, o eremita aletara que a prisão da criatura do mago não seria permanente, pois tal ser é de poder nunca visto.

Com o consentimento de todos, a fada lançou nos seis um encanto de atemporalidade, para que estejam presentes no dia da libertação da criatura. Lembrando que tal acontecimento não viera a público, e ficara somente entre os Anciãos.

Dias se passaram e a criminalidade continuara a crescer, e houve uma ideia por parte do eremita de criar uma aliança de pessoas especiais, treinadas por eles, para a proteção e vigilância do reino, sendo cada qual responsável por sua província natal e juntos responsáveis pela segurança do reino, e a ideia fora bem recebida.

Logo, o anúncio foi feito e recebido com alegria pelo povo, e, sem demora, surgiram os primeiros voluntários.

Escolhidos os dez pupilos, foram eles treinados e originaram a primeira geração dos chamados Guardiões.

No dia de sua nomeação, receberam eles o poder de dominar seu elemento de essência, para usar de tal habilidade extraordinária para proteger o povo.

Foi construída uma sede para os Guardiões, chamada Palácio de Mármore, localizado bem no centro do reino, com limite para todas as províncias, onde morariam e treinariam.

Instituídos, foram a cumprir seus deveres, enquanto mal sabiam o real motivo de sua formação, a de realmente proteger o povo, mas de uma ameaça muito maior que viria no futuro.

Os séculos se passaram, a loucura do mago continuou velada a todos, os Anciãos se perderam na história, a fundação de Hílian tornou-se um conto popular, e os Guardiões foram se alternando de geração em geração, acompanhando as mudanças do próprio reino.

Passadas cinco centenas de anos, chegamos ao começo de nossa jornada, onde a atual geração da Guarda está prestes a sair de cena, e serão escolhidos novos Guardiões.

Eles ainda não sabem, mas cabe a eles o cumprimento do esperado pelos seus ancestrais.

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