Epílogo

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No topo de uma colina das Ilhas Frias, bem no meio dos campos de criação de mamutes, a jovem Mairéad Dunigan brinca com a pequena princesa Annette Eva Robin. A mais velha ensina a mais nova como se guia um desses dóceis gigantes peludos. Moira de Grimmark, sentada em uma pedra, observa as duas provocando os animais e correndo pelo gramado. O vento gelado batendo em seu rosto a faz sentir-se confortável e esquecer um pouco os acontecimentos de duas fases lunares atrás. Do ponto onde está, ela apóia-se em sua bengala e levanta-se para observar o que sobrou da vila mais próxima dali, reduzida a escombros devido a invasão. Ela também contempla a aproximação de alguém que jamais pensou ver naquelas terras novamente.

– Mairéad parece estar aceitando bem sua nova situação – a rainha Lorelai inicia a conversa dessa forma ao chegar no local.

– Não está sendo fácil para ela e Áaron. Perder toda sua família de uma vez só é algo que ninguém deveria passar. O fato de todos eles serem considerados heróis, no entanto, ajuda um pouco a suportar. Assim, eles ao menos sabem que não foi em vão. Os pais deles morreram para que nós pudéssemos chegar ao Peregrino.

– Ainda assim. Mamãe morreu há cinco outonos e perdemos papai nessa invasão. Eu me sinto um pouco mais sozinha no mundo. Mas nós duas somos adultas. Eles são apenas crianças. Consigo apenas imaginar a dor deles – ela olha em volta. – Onde ficou o jovem Áaron?

– Ficou com tio Arthur na fortaleza. O garoto está obcecado pelo exército. Quer por tudo ser um grande arqueiro. É a forma de ele lidar com a dor. Mairéad escolheu fugir um pouco e fazer companhia a mim e Annette hoje, mas os dois são muito ligados. É provável que ambos logo entrem para as forças de Irralum.

– E o que você fará a esse respeito agora que é a tutora legal deles?

– O que mais eu poderia fazer? Dei meu arco montês para Áaron. E não me olhe assim, Lorelai. Você me conhece muito bem. Criá-los como eruditos definitivamente não é meu estilo. E se você vai deixar Annette comigo de vez em quando como prometeu que faria, é bom ter isso em mente.

– Não estou dizendo nada, Moira. Não precisa se armar. Eu sei o quanto te prejudiquei e...

– Posso confessar uma coisa?

– O que?

– Eu poderia ter saído daquele penhasco bem antes do que saí. Você não tinha escolhido um bom lugar para me prender, mas já que havia deixado comida para muitos dias, mais do que o suficiente para aguentar até a família real ir embora, decidi que seria a melhor forma de escapar de um casamento arranjado, já que você queria tanto...

– Você me fez confessar meus atos na frente de meu marido, do alpha Rurarkhrom, dos lordes Rurarberuf, Rurartellkar e, principalmente, na frente da mãe alpha Torwama. Você tem ideia do quanto aquela velha wulup é má e que tipo de coisas eu tenho que aturar dela nesses últimos dias por causa da minha confissão?

– Eu notei. Beruf não se dá muito bem com ela, não é?

– Eles se odeiam na mesma proporção com que Khrom odeia Rur, mas isso não vem ao caso. Você me fez pedir perdão por algo que você sequer desejava?

– Eu não gostei é de você ter tramado algo contra mim...

– Algo que te custou só uma unha quebrada. E você nem dá tanta bola assim para as suas unhas. Mas tudo bem, é um preço baixo a se pagar para ter você de volta ao meu lado.

– Te amo, Lore. Senti sua falta...

– Eu também, mana.

O Alerta do PeregrinoOnde histórias criam vida. Descubra agora