Cinco

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Anne estava sentada no sofá, Doris conversava algo com ela animadamente e minha mãe ouvia observadora.

O que diabos estava acontecendo?

Controlei minhas emoções e tentei agir normalmente. Tentativa fail.

- Ham, oi gente. - sorri colocando a mão na cintura.
- Ah, oi filha. Eu já ia chamar você. Sua amiga chegou há pouco tempo, que pena que ela perdeu o jantar!

Anne tinha um sorriso tão grande que parecia doentio. Ela estava me olhando e eu estava com medo do que ela faria depois.

- Hum, Anne! Oi, será que podemos conversar lá fora?

Peguei delicadamente o braço da loira, que saiu acenando pra Doris, minha mãe já estava na cozinha, e a levei pra fora, fechando a porta.

- Anne, o que está fazendo?! Você quer foder com a minha vida? Porra, Anne! - A loira escutava calada, e parecia triste com o sermão. - Você não sabe nada sobre mim, não pode entrar assim na minha casa. O que aconteceu naquela festa foi um erro. Ok? Foi um erro, Anne.

Eu não sabia o que tinha acontecido naquela festa, pra falar a verdade, mas Anne estava confundindo as coisas e complicando minha vida.

- Me desculpe. Não queria ser grossa com você, só queria que entendesse. - continuei.
- Tudo bem. Eu sei que está com a Kim. - a loira desabafou triste, olhando pra suas mãos entrelaçadas.
- Não estou com a Kim coisa nenhuma, que história é essa?
- Essa garota tem grandes certezas sobre você, não é, Emy. - Gus acabava de chegar, ficando ao meu lado com os braços cruzados, jogando em Anne um olhar intimidador.
- Ahhg, eu volto depois, Emy. A conversa é só entre nós duas. - disse Anne fitando Gus e logo depois indo embora.

Uma risada alta e grossa me tirou do transe, era uma risada forçada, a risada natural de Gus, era fina alta e ensurdecedora. Gus ria debochado da garota que acabara de sair, ainda com os braços cruzados. Eu ri junto com ele, era realmente bizarra aquela cena. Mas Gus conseguia ser mais bizarro ainda.
Lembrei que Gus estava alí porque queria me contar algo sério, e ele não era de achar qualquer coisa séria, o que estivesse incomodando Gustavo era de extrema importância pra mim.

- Gustavo, aconteceu alguma coisa? Você disse que era sério o que íamos conversar. - falei.
- Ham... - seu semblante ficou rapidamente entristecido, como se ele tivesse esquecido e lembrado agora o que lhe fazia mal.

O convidei pra sentar numa pequena bancada feita de madeira que tinha em frente minha casa, e ele resolveu começar.

- Bom. Eu não sei como você vai absorver isso, Emma, mas você é a primeira pessoa na minha lista, e talvez única, que eu preciso contar.

Os pais de Gustavo eram ausentes, seu pai era dono de uma das maiores empresas do país e nunca achava tempo para o menino, e sua mãe, trabalhava nessa mesma empresa, sempre mandando e dando ordens em todos, pois era esposa do dono.

- Sabe o Michael, que faz o mesmo curso que eu? - falou tímido.
- Sei... Que vocês fazem vários trabalhos juntos.
- Pois é, ele me beijou.

Que? Oi? Quem?

- Espera, Gus. Você está dizendo que ele te beijou, tipo, na boca?
- Sim, e eu fiquei assutado. Nunca imaginei isso, Emy.
- Mas e você? Você não parece irritado.
- E não estou. - Gus sorriu, me olhando nos olhos e em seus olhos tinha um brilho que mais parecia lágrimas.

Meu Deus! Que lindo! Meu melhor amigo estava apaixonado e eu estava disposta a fazer de tudo pra dar certo, meu coração se partiria em mil pedaços em vê-lo sofrer. E o corpo de Michael em mais mil pedaços que eu iria retalhar se isso acontecesse.

- Oh, Gus! Eu estou tão feliz!
- E ainda mais, ele disse que pensava muito em mim, que queria algo sério, de verdade. - seus olhos brilhavam.
- Estou torcendo por isso. Fico feliz em te ver feliz.
- Ah, não diga isso, e sua própria felicidade? - a voz rouca me fez uma pergunta difícil, em alguns poucos dias eu não sabia bem onde ela estava.
- Não se preocupe Gus, ela está próxima, não se preocupe.

Gus se despediu com um abraço forte e carinhoso, ele precisava ir, e eu, dormir, estava muito cansada.

-x

Quando entrei no quarto vi uma Kim deitada, com uma blusa curta e uma calcinha de renda branca. Seus olhos fechados lhe davam uma expressão angelical e inocente.

Parecia um anjo. Caído talvez.

Peguei minha toalha quase sem conseguir tirar o olhar daquela mulher. Ela era tão misteriosa, eu ainda tinha muito que descobrir. Por que agia de forma tão segura? Seus passos eram muito bem calculados, ela poderia armar uma armadilha que eu cairia.
Entrei no banheiro e tomei um banho rápido, eu estava muito cansada. Vesti uma roupa leve, cobri Kimberly, e deitei me cobrindo também.

-x

Hey...

(Gus e Emma na capa)

Fui!!

A Vida De EmmaOnde histórias criam vida. Descubra agora