"E aí Amanda, animada para a viagem " repete minha amiga Carolina percebendo que eu não estava mais prestando atenção. Carol e eu somos amigas desde que nascemos. Pais amigos, vizinhas desde sempre e mais velha que eu por apenas alguns dias.
"Preciso ver com meus pais se eu ainda vou, você sabe que depois daquela maldita festa eles não me deixam sair por nada." Há uns 10 dias eu e Carol resolvemos dar uma festa enquanto meus pais viajavam, mas por um excesso de azar meus pais resolveram voltar mais cedo para casa, eles chegaram no outro dia e se depararam jovens e garrafas de vodka jogados por todo canto. E bem, vocês devem ter uma ideia de como foi a reação deles:
"Amanda Rafaela Pereira de Campos o quê significa isso?" grita minha mãe quando eu desço a escada. Seu olhar mostra uma mistura de duvida, raiva e mágoa; meu pai me lança um olhar de decepção mas não diz nada, permanece atrás da minha mãe com suas mãos nas costas dela. Não tive forças de falar, o olhar do meu pai é sem duvidas o meu pior castigo. Minha mãe acordou todos e em questão de segundos não tinha mais ninguém lá em casa. Desde então eu estou limpando e arrumando a casa diariamente, lavando a louça e ajudando meus pais com absolutamente tudo que eles pedirem em uma tentativa de amenizar o quê eu fiz e reconquistar a confiança deles.
"Ai Amanda, você sabe que eles vão deixar, é a nossa viagem de formatura do nosso último ano. Além que eles já pagaram tudo." Eles realmente já pagaram tudo e já me deram um cartão de credito novinho para usar na viagem, mas isso tudo foi antes da festa.
"E também, talvez seja melhor eu não ir. Você sabe que o Gabriel vai nessa festa e eu não queria ver ele por um bom tempo" -Gabriel, meu quase ex-namorado. Gabriel é filho de um dos casais mais importantes da cidade. Cabelos castanhos, enrolados; olhos verdes quase castanhos, com 1,85cm de altura e com o sorriso mais bonito que alguém já viu. Nós estávamos ficando serio já fazia algum tempos e decidimos contarmos para os nossos pais para podermos viajar já namorando.
Marcamos a data com antecedência e para exatamente um mês antes da viagem, pois queríamos contar para nossos pais juntos e de uma vez só. Tudo estava indo perfeito, até -sempre existe um até. É como se nossa felicidade sempre tivesse uma data de validade- eu receber uma mensagem dizendo para eu ir para o vestiário feminino do nosso colégio e para não informar absolutamente ninguém que eu ia. No começo eu fiquei preocupada, achando que podia ser algum sequestrador ou algo do tipo. Mas quando eu cheguei lá eu realmente desejei que fosse um sequestro. Um sequestrador não poderia me machucar mais ou tanto quanto aquilo.