Capítulo 32 - A Luta

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A noite que antecedeu a batalha me alcançou ainda deitada na cama. Com as luzes apagadas eu respirava com dificuldade, meus olhos ardiam devido às muitas lágrimas derramadas, meu corpo todo doía por me manter muito tempo na mesma posição. Apenas me deixei ficar ali, por mais não sei quanto tempo.

A minha mente era um turbilhão caótico, imagens insistentes de todos os momentos que vivi com Sam e Paul ficaram passando e repassando por ela sem descanso. A dor era insistente.

Mas eu podia afirmar, sem a menor sombra de dúvida que, o que mais machucava era o fato de saber que Paul estava certo, em relação a tudo.

Minha cabeça latejou quando virei-a para ver as horas no rádio relógio que estava sobre a cômoda, marcava 03:35 AM. Estava quase na hora, eu tinha que ir me encontrar com a matilha no local combinado, onde, por certo, o clã dos Cullen nos aguardava para nos passar as últimas instruções.

Uma batida suave na porta chamou minha atenção. Eu gelei, com o coração aos pulos, rezei para que não fosse ele.

– Leah? Posso entrar? – aliviada ouvi a voz receosa de Seth atravessou a porta.

– O que você quer? – minha voz soou grossa, devido ao choro.

– Saber como você está – ele insistiu.

– Estou bem, Seth – menti – Você não está atrasado para encontrar com sua protegida? – eu só queria que ele me deixasse em paz.

– Já estou indo, e você também deveria vir, o bando já está indo reunir-se com os Cullen na clareira – disse ansioso.

– Eu já vou – falei mal humorada. Ouvi-o vacilar, e antes que ele se afastasse muito gritei para ele – Seth? Tome cuidado e Boa Sorte! – desejei.

– Obrigado! Cuide-se você também – revidou carinhoso.

Eu sorri cinicamente, "Me cuidar? Pra quê?", pensei com desgosto. Tudo o que eu havia feito até então era me cuidar. Entre muitas coisas, me cuidei para não deixar que o abandono de Sam não me machucasse tanto, me cuidei para não me apaixonar por Paul, me cuidei para não enlouquecer com o fato de ser uma mutante. E todo esse esforço resultou no mais absoluto fracasso. Eu estava farta de ser cuidadosa. Eu precisava de novos planos.

Joguei as pernas pra fora da cama e fiquei de pé, uma vertigem sobreveio, fazendo com que eu buscasse apoio na cabeceira, fazia horas que eu não comia ou bebia nada. Juntei forças para ir até a janela, abri-a e deixei o ar da noite fria penetrar em meus pulmões. Farejei, o cheiro da neve estava no ar, o vento gelado açoitou meu rosto, cobrando-me animo.

Resoluta, fui até a penteadeira e mirei meu reflexo, aquela não era eu, não mais. Passei os dedos por meu rosto macilento e molhado, deixei-os correr por meus cabelos emaranhados, posando-os em minha garganta que ardia. Estava tudo errado. Quando foi que me tornei aquela figura frágil e ridícula? Desde quando autocomiseração passou a fazer parte da minha personalidade? "Você é patética, Leah!", pensei com desprezo. Odiei o que vi. Eu precisava retomar o controle da minha vida. Não permitira que nunca mais alguém viesse a me machucar, nem eu mesma. Minha dor seria meu guia, meu consolo, meu pilar.

Por impulso, abri a gaveta e tirei de lá uma tesoura, ataquei meus cabelos com fúria, cortando grandes mechas que caiam pelo chão, sem que eu desse a menor importância. A imagem que me olhava de volta no espelho estava diferente, as bochechas estavam rubras, os olhos muito mais escuros, e os cabelos picotados muito acima dos ombros confirmavam a atitude de revoltada que vinha acompanhada pelo sorriso de desdém que se desenhava nos lábios.

She WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora