Epílogo II - P.V. Paul River

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Recostei no batente da porta do quarto, cruzando os braços sobre o peito, me dando um momento para admirar a mulher adormecida sobre a cama. Eu tinha acabado de acomodar nossos filhos em seus quartos novamente, e agora ela tinha a cama toda só pra si, pelo menos até que eu resolvesse me juntar a ela.

Ás vezes eu custava a crer em minha sorte por tê-la comigo, muito embora, boa parte, dessa "sorte", se devesse a minha teimosia em não desistir nunca dos meus sonhos e outra parte por ter meu amor por ela correspondido na mesma medida.

Eu me lembrava perfeitamente do dia em que me apaixonei por ela. Eu era um garoto, e ela era uma menina magricela e implicante. Estávamos na sua casa, era aniversário de Seth, e ela estava ajudando a mãe deles a servir o bolo, eu estava sentado no sofá quando ela debruçou-se sobre o encosto para me entregar o prato, e foi então que seus cabelos longos resvalaram sobre meus ombros e tocaram meu rosto, o perfume e a maciez deles me atingiu como um soco. Senti um aperto estranho no estomago que se estendia até meu peito, olhei-a assustado tomando ciência, pela primeira vez, da sua beleza, e então eu soube que a queria pra mim.

Eu era afortunado e agradecido por tudo que eu tinha, por meus amigos, meus pais e parentes, meu trabalho, meus filhos, mas principalmente por ter Leah.

Ela era tudo pra mim, minha amiga, minha companheira, minha confidente, minha mulher, minha amante, e a mãe dos meus filhos. Eu não conseguia conceber minha vida sem ela.

Eu até tentei, durante os cinco longos e amargos anos, em que ficamos separados, me esforcei para esquecê-la. A principio me vi louco, sem rumo, sem chão, sem céu, sem nada. Vaguei por La Pusch, como um morto-vivo durante semanas sem fim, lamentando sua ausência, e me sentindo culpado por não ter me esforçado para entendê-la. Foi então que aprendi, por duras penas, que o ciúme não era um bom conselheiro e jurei a mim mesmo que se um dia voltasse a ter a benção de tê-la comigo novamente, jamais deixaria que algo tão insignificante como o ciúmes nos atingisse de alguma forma.

Mas os dias se passaram, seguido pelos meses, e mesmo derrotado pela dor de tê-la perdido, comecei a me cobrar ânimo, eu sentia no fundo da minha alma que voltaria a encontrá-la, era só uma questão de tempo, e pensei que ela não iria querer ficar comigo se eu continuasse naquela vidinha de autocomiseração. Impulsionado pelo desejo ardente de reconquistá-la me dispus a estudar e correr atrás de algo que pudesse oferecer-lhe, além do imenso amor que sentia.

Vi a oportunidade de o reencontro surgir quando Seth anunciou seu casamento, eu sabia que ela não deixaria de vir, ela amava muito a seu irmão. Ela só veio á saber, muito tempo depois, que sua mãe era minha confidente e informante. Foi Sue, quem mais me deu esperanças em relação a nós dois, foi sua mãe que não deixou que eu desistisse, mesmo mantendo em sigilo o lugar onde ela tinha ido viver, ela sempre me fala sobre a filha. Dizendo o quanto lamentava o fato de Leah ser tão teimosa a ponto de abrir mão do nosso amor, mas que ela tinha certeza que cedo ou tarde a filha daria o braço a torce e voltaria à razão, por que ela intuía sobre os sentimentos da filha em relação a mim.

Quanto a vi no bar aquela primeira noite em La Pusch, pensei que fosse morrer pela comoção de encontrá-la ali. Eu estava disposto a manter distância, deixar que ela voltasse a se acostumar com minha presença, mas falhei miseravelmente quando a encontrei na saída do banheiro. Ela estava ainda mais linda do que eu me lembrava, tudo nela era um chamado para o meu coração. Mas lutei comigo mesmo, para ser paciente e aguardar.

Foi com tristeza que ouvi meu amigo dizer que ela não queria fazer par comigo durante a cerimônia de seu casamento, mas Jacob me garantiu que resolveria a questão, deixei por conta dele. E a chance realmente surgiu quando ele a deixou nos meus braços para dançarmos a valsa dos padrinhos. Eu estava nas nuvens então, muito embora, optei por me manter frio e distante, por que eu realmente não sabia se ela ainda sentia algo por mim, apesar de todos insistirem em dizer que sim.

She WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora