O suor escorre pela testa do cocheiro, desce até a curva dos olhos e segue ate a ponta do queixo partido. Ao cair no chão, a gota de suor se espalha junto a terra quente e estorricada que levanta com seu impacto. Antes que o sol quente pudesse a secar, outra gota de suor a sucedia. Mais a frente a silhueta de um homem, distorcida pelo sol, se move em direção ao cocheiro. Não era um grupo de índios, nem tampouco uma horda de bandoleiros. Era apenas um homem, mas o cocheiro não se movia, nem mesmo para secar o suor em sua face. A cada passo do homem em direção ao cocheiro o suor caindo no chão aumentava, até que se fazia uma poça de urina e suor. O homem passa pelo cocheiro imobilizado pelo terror. Ao entrar no estábulo, os cavalos entram em pânico. O relinchar estridente dos cavalos fazem o cocheiro sofrer um ataque do coração. Até os cavalos conheciam as histórias sobre aquele homem. Em todo o Oeste, não havia um homem sequer que não havia urinado nas próprias calças diante daquela presença.
O barulho do casco do cavalo se mistura com o som das portas se fechando. A cidadela está deserta. Ninguém sequer ousa a olhar pela fechadura. O homem cavalga até a entrada da cidadela e para. Dentro das casas, o único som que se ouve é o cochichar de uma reza a todos os santos. O som do trotar do cavalo, é escutado novamente, e a cada vez mais e mais baixo, até que desaparece, junto com a prece dos cidadãos. Aos poucos a rotina vai se normalizando. A música no Saloon, volta a animar a pequena cidade no meio do deserto. Ninguém comenta sobre o acontecido. Como se o tempo apenas houvesse parado enquanto aquele homem passava. E assim foi por exatas duas semanas, quando o trem do meio dia chegou a cidadela.
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3 Balas sob a terra vermelha
ActionUma série de contos sobre homens e lendas no Velho Oeste.