Nada perfeitos

Te segui até aqui

Naquele carro, enquanto passava na orla da praia, eu só pensava no beijo de Igor e se realmente era hora de esquecer o passado e partir pra outro, admirava o sol nascer, estava frio, peguei um casaco e decidi parar na areia, sentar no quiosque e escrever um pouco

16 de janeiro, Heisei city 05:50
E vendo esse nascer do sol me lembro do nosso primeiro beijo, e percebo que pode haver uma nova história se iniciando comigo, infelizmente não te esqueci por completo e me afastar sinceramente não resolve em nada, tive outros amores em Malibu, mas com a mente em você. Queria saber a droga que você fez comigo!
Mas agora talvez minha vida volte a mudar, vai que eu me abra por completo em um novo amor, em um amor sincero, sem desculpas, mentiras, e traição
Não sei o que dizer hoje, apenas estou com um sentimento de mudança, de que as coisas vão mudar, mudar pra melhor e eu vou deixar de prender minha mente em você toda vez que te ver
É isso

Escrevi enquanto tomava uma água de coco, quando senti uma mão nas minhas costas, conhecia aquele toque, mas preferi não acreditar por uns segundos
Quando me virei, vi que era Paulo Henrique

-Você me seguiu?

-você sempre para aqui quando quer esfriar a cabeça ~ deu um risinho, ah como eu amava ver ele sorrindo
- as férias em Malibu te renderam melhoras no surf?
Ou parou com suas paranóias?

- Com o surf? Óbvio. Só seja mais claro em o que você insinua com "paranóias"

- Ah clarinha, eu sei o que você fazia pra ficar com esse corpo ~ caraca! Daria tudo pra ele não me chamar de clarinha
- Não precisa ser seca comigo

- Escuta aqui, eu não sou a menina  de quinze anos que se apaixonou loucamente por você ~respirei fundo e ficou climão ~ E ah! É melhor tomar seu rumo, acho que Hellen não gostaria de saber que seu lindo namorado saiu pra ir atrás de outra ~ peguei minha bolsa, dei as costas e sai em direção ao carro

Chorei, ah! Como chorei
Ele ainda mexia comigo, o pior é que ele sabia disso 
Me senti frágil, queria alguém para abraçar e receber um carinho verdadeiro, estava perdida nos meus sentimentos quando derrepente meu celular toca
Atendi o mais rápido que pude quando vi que era minha mãe

(Acho que não contei pra vocês, meus pais são separados mora eu e meu pai, e minha irmã mais nova, Lia com minha mãe)

- Clara? Filha? ~ disse com a voz segurando choro e tentando controlar a respiração

~ Na hora meu corpo gelou, afinal ela nunca me liga óbvio que era algo sério

- O que foi mãe?
- Então, eu queria pedir pra que você viesse pro hospital, preciso muito de você!
- Meu deus mãe! O que houve?
- Não é nada comigo, é com a Lia

~ Na hora eu comecei a chorar, e a perguntar desesperadamente o que aconteceu, ela só disse que era pra eu ir rápido, que não era coisa pra se falar por telefone, e desligou

Não tinha quase carro nenhum na pista, então acelerei o mais rápido que pude e fui direto pro hospital, passei todo o trajeto com os nervos q flor da pele, pensando no que poderia ter acontecido

Quando cheguei, minha mãe estava batendo com a perna na cadeira e pediu pra eu sentar, segurou minha mão e disse com lágrimas nos olhos

- Olha, vão fazer os exames e tudo indica que a Lia ~ respirou fundo e deixou uma lágrima cair
- Que a lia o que mãe? ~ eu já estava desesperada
- Está com leucemia

Na hora meu mundo caiu, e eu desabei, olhei para o teto e comecei a chorar, após mais ou menos um minuto me reergui e perguntei ainda com a voz trêmula "mas como aconteceu isso tudo?"

Ela estava perdendo muito peso, estavam aparecendo umas manchas roxas eu até que cheguei a achar que alguém na escolinha estava batendo nela, depois a gengiva sangrou enquanto eu dava comida, ela também sentia muita dor no corpo todo, dai resolvi trazer ela no médico

Fechei meus olhos chorando, por pelo menos uns segundos queria acreditar que aquilo não estava acontecendo

Falei em um tom de voz alto "e onde ela está?"
- dormindo, e esperando o médico
- Eu preciso ver ela, agora!

Passou uma enfermeira e pedi pra me mostrar o quarto, a acompanhei

Fiquei chorando da porta por uns segundos, vendo o rostinho dela
Fui até perto, alisei seu cabelo com as mãos e pedi desculpas, desculpas por ser tão ausente, desculpas por não dar atenção suficiente, por literalmente tudo! Eu podia ser uma irmã melhor!
E jurei pra mim é pra ela, que daqui em diante tudo seria diferente

Logo chegou o médico pra levar ela na sala de exames, e eu fui tentar tomar um suco ou comer algo
Eu estava pálida, nunca me senti daquele jeito antes essa foi a coisa que mais me afetou durante sei lá, minha vida