capítulo 16

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Para Débora era difícil se acostumar com a realidade , passava a noite toda em claro sem conseguir dormir.
Os medicamentos eram fortes e ela se via cada vez mais debilitada, se perguntava se sua viva iria acabar assim.
"Se o meu Eu da minha infância e adolescência me viesse agora, iria sentir pena. "
Pensou.
Ela não contou para seu pai sobre a doença, Walter,  estava cada vez mais confuso , em certo dia esqueceu quem era ela, ligou para polícia dizendo que sua casa tinha sido invadida.

A conversa que ela deve com o policia a deixou confusa.
-Walter não é mais o mesmo desde o sumiço da sua mãe.

Cliff era um cara alto , negro , careca , com uns 40 anos mais ou menos.
Quando sua mãe fugiu ele tinha umas 20 poucos anos , estava terminado de se formar.
As pessoas da cidade sabia o que tinha acontecido com Isabel , sabiam que ela tinha abandonado a família , mas preferiam dizer que ela sumiu, para não machucar a família.

- Como assim ?

-Bom, ele vive bêbado ... Quando você e sua irmã se mudaram, ele até dormia na rua ....

Débora suspirou impaciente.

- Meu pai não teve uma vida muito fácil Cliff. Ele estar passando por um problema difícil ....

-Sabe o que andam dizendo por ai né? Cliff interrompeu.

-Dizem que o velho Parker está louco, é verd...

-Estou velha demais para boatos Cliff, você é um policial , deveria agir como um e garantir a integridade das pessoas isso é calúnia !

Debora estava furiosa.
Agora , com calma , conseguia pensar em tudo direito.
E se estiverem certos ? E se seu pai não puder mais com a realidade?
Sua cabeça doia só de pensar , nas  últimas semanas tinha se tornando uma verdade dona de casa , no estilo década de 40, ela estava exausta.
Seu quadro medico estava piorando muito, o medico temia que seu fígado falisse por causa da quimioterapia.

Débora se sentia só, quantas vezes ela desejou ter alguém com quem conversar.
Ela tinha perdido contando até com Noe , Paul fez Noe , se virar contra ela, disse que ela  estava dando em cima dele , "furando o olho da irmã".
Noe ficou furiosa,  cega de raiva, não acreditava nela, a mandou embora , depois desse dia Débora se trancou em seu pequeno martírio.

Sentia saudades de Roger , seu único amigo. Sentia saudades do seu abraços  amoroso, das suas piadas. Mas o maior buraco que ela tinha no peito era Tom, as lembranças eram tão fortes,  Débora tinha vários pesadelos com Tom, ela sentia falta da sensação de proteção que ele lhe trazia. Mais que tudo sentia falta do toque dele sob sua pele.

Então ela bolou um pequeno plano,
Sentaria ao lado do telefone e imaginava que falava com Tom , sempre que se sentia sozinha, ia ao telefone e cobtava tudo para Tom.
Durante algum tempo ela fez isso,  mas acabou ficando insuportável.
Um dia não aguentou e ligou para ele, seu coração que saiu pela boca quando Tom atendeu no terceiro toque. Débora não teve coragem de falar com ele , a linha ficou muda , Tom desistiu de perguntar quem era e desligou.
Desde aquele dia ela sempre ligava para ele para ouvir sua voz , era a coiaa mais confortável do mundo, sentia se com se estivesse sendo abraçada pela aquela voz, abraçada por Tom.

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Sempre que o telefone tocava Tom corria para atender , ele dizia para si mesmo que não atenderia mais, que a ideia era absurda ,pensar que era Débora , até o telefone tocava e lá estava ele , tentando fazer a pessoa do outro lado da linha dizer seu nome.
As vezes ele podia jurar que ouvia uk suspiro, barulho de choro ,  era quando a ligação caía.

Roger uma vez lhe disse que tinha notícias de Débora , que ela estava bem. Tom lhe pediu para não lhe contar nada sobre ela.
Quando a noite chegava ,Tom fantasiava com Débora.

Ele precisava acabar com aquilo.

Era duas da manhã quando o telefone tocou , ele sempre tocava quando ainda estava claro, mas naquele dia foi diferente.
Tom pulo da cama assutado, abrindo os olhos a força para ficar acordado.
Ao atender o telefone a linha estava muda de novo," como sempre", pensou.
Um filme da conversa que teve com seu pai passou por sua cabeça , Walter estava certo,  ele tinha que agir como um homem.

-Débora... eu sei que é você, reconheceria sua respiração acelerada de longe.

Silêncio.

-Pelo amor de Deus Débora me diga alguma coisa !

Tom tremia. Ele podia escutar o choro do outro lado.

- Você estar precisando de ajuda ?
Por que me liga as duas da manhã ?

-Eu ... eu sinto muito Tom.

A voz dela soava fragil , cansada e triste.

-Não sinta , eu lhe devo desculpas Deb...

-Não , vocês não me deve , eu que tenho ,eu menti para você Tom ... eu fiquei com medo de você não...

- Eu nunca te deixaria Débora, nem durante todos essses o terríveis dias eu lhe deixei ...ainda de amo Deby.

-Eu também te amo Tom, tem sido tão horrível estar longe de você , longe de tudo que deixei para trás , eu não aguento isso , sinto que estou me afogando...

O coração de Tom se partiu.

-Você não precisa ficar , não precisa aguentar a saudade! Venha para casa Débora , venha para mim amor ...por favor.

Os soluços se intensificaram do outro lado da linha, ele esperou.

-Eu volto , me espere Tom .

-Eu vou esperar amor.

Perdoi -me.Onde histórias criam vida. Descubra agora