ͺCapítulo 02 - Despedidas

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03 de abril de 1889.

---Não me deixa Gabs--- murmurou Zara, com uma voz cortante e lágrimas nos olhos.

--- Nunca te deixaria amor, é apenas uma viajem--- Disse Gabriel.

Tentando se manter forte e não desabar, ali, na frente dela. A verdade é que doía muito não ver aquele sorriso que ele tanto amava, e ver sua amada com tantas lagrimas nos olhinhos cor de areia.

--- Você sabe Zara, nós já conversamos sobre isso carinho. Meu coração é, e sempre será seu, não importa o que aconteça, nem aonde eu for, nunca poderia te deixar porque você também está em mim--- Disse ele pegando em uma de suas mãos e pondo acima do seu peito, para que ela sentisse o seu coração que batia, apenas por ela, e para ela.

--- Você não precisa ir, eu tenho algumas jóias que minha mãe me deixou, posso vendê-las e daria algum dinheiro para começarmos nossa vida juntos meu amor, por favor, não vá. É perigoso --- Disse ela, chegando mais perto e aproximando-se do seu peito, na tentativa de esconder as lágrimas que desciam sem cessar.

--- Não precisa vender nada Zara, é meu dever sustentar minha mulher, eu ainda uso calças. --- Disse Gabriel, num tom calmo --- Além do mais o navio está seguro quando está no porto, mas não é pra isso que se fazem navios, riscos fazem parte. Não precisa se desesperar carinho, ao final da viagem eu voltarei pra você, contarei as luas, os dias e as horas pra estar com você novamente.

--- Prometa-me --- Disse Zara entre um soluço e outro. --- Prometa-me que voltará para mim, são e salvo.

--- O mais rápido que eu puder amor, más prometa-me que vai me esperar, que não aceitará compromisso de noivado com ninguém, enquanto estiver fora. --- Exclamou ele num tom sério porém com um sorriso brincalhão, pois ele sabia. Podia sentir que Zara o amava com a mesma intensidade que ele por ela.

--- Ora más é claro --- Disse ela já secando as lagrimas na manga longa de seu vestido. --- Porei qualquer um que se meter a besta para correr com um belo soco no nariz.

Gabriel olhou para os lados com um sorriso travesso para ver se não havia ninguém por perto, e antes que Zara pudesse perguntar o que ele estava fazendo, ele passou as mãos pela sua cintura e a puxou contra sí. Colando seus lábios de maneira leve e carinhosa. Os lábios de Zara tinham um gosto doce, que pode ser comparado ao de morangos maduros, e Gabriel tinha um hálito fresco, que lembrava folhas de menta. O beijo começou lento, calmo, más logo se intensificou, de maneira saudosa, parecia que eles não se viam a anos, e que aquele era o reencontro de um casal apaixonado. Más era apenas descontando a futura saudade, que sentiriam.
Eles foram se separando aos poucos e abrindo os olhos, um mergulhando no olhar do outro, não eram olhos azuis como o mar, nem verdes como a mata, nem cinzas como o céu. Eram apenas um casal de olhos cor de areia, que se amavam de todas as maneiras, formas, cores e tamanhos possíveis.

POOOOOOOOOOOOOMM.

O barulho alto, grave e estrondoso, das buzinas daquele grande navio.

Era a última chamada, para os marinheiros subirem a bordo.

Eles estavam tão perdidos um no outro que nem perceberam as outras chamadas. Gabriel ergueu suas malas e caminhou até a pequena ponte que conduzia o navio ao velho cais. Zara acompanhou seu amado até perto do navio e pôde reparar que ela não era a única que sofria por ter que se separar de seu amor.
Havia várias mulheres e crianças, com lagrimas nos olhos acenando para seus pais e maridos que já se encontravam a bordo daquele grande barco. Tamanha era a correria que era até difícil passar pela multidão.

A Noiva do CaísOnde histórias criam vida. Descubra agora