ͺCapítulo 01- Onde a tristeza começa

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Naquela tarde de inverno, já não se via o sol a muito tempo. O vento soprava fortemente e o mar fazia muito barulho devido as ondas violentas que se chocavam contra a madeira velha daquele cais. Um dia cinzento como ha tempos não se via diferente. Porém, não tão cinzento, nem tão escuro como estava o coração de Zara.

Naquele dia, naquela mesma tarde a horas atrás ela teve que dizer adeus a seu companheiro, aliás, companheiro é uma palavra muito mesquinha para referir-se ao seu grande amor.
O amor que os dois cultivavam não era nada superficial, nada raso, o amor de Zara e Gabriel, poderia ser comparado ao fundo daquele tao profundo oceano que ágora os separava.  Eles se amavam com tamanha intensidade, que nada, nem mesmo o mar, o céu, as estrelas, nem mesmo depois da morte poderia diminuir nem ao menos um por cento do que eles sentiam.

Sempre que se encontravam, se beijavam por muito tempo, e quando o beijo acabava por falta de ar, logo eles iniciavam outro e mais outro, eram beijos escondidos da tia da moça, que apesar de fazer gosto pelo cortejo de Gabriel, mantinha grandes olhos de falcão sob eles, como uma forma de garantir a honra se sua sobrinha, e apesar do grande desejo que sentiam, mantinham se na linha, quando se encontravam a sós tinham que se segurar para não perder-se um nos calor do outro. Más acima de tudo sobressaía o amor e o carinho que nutriam um pelo outro. Quando seus olhares se encontravam, eram olhares tão profundos que percorriam o mais profundo do seu ser, demonstravam a todos que estavam em volta, o tamanho do amor daqueles dois.

Seus carinhos, seus toques, o contato da pele, proporcionavam sensações tão boas que nem o sonho mais lindo, conseguiria chegar perto do que realmente era. Quando estavam juntos sentiam que nada pudesse os atingir, mesmo estando em perigo.

Zara Miller era uma jovem muito bonita, uma moça simples de família humilde. Tinha longos cabelos lisos e castanhos com as pontas levemente avermelhadas naturalmente, sua pele era tão branca quanto algodão, e ora, realmente seus toques lembravam algodão. Tinha grandes olhos castanhos e sombrancelhas arqueadas que lhe conferiam um ar de menina travessa ao seu olhar. Nem gorda nem magra, não tinha o corpo perfeito mas causava certa inveja as moças de sua idade e cativava a atenção dos rapazes de sua região. Porém seu coração tinha e obedecia a um único dono, Gabriel Martínez.

Naquela época os casamentos eram arranjados pelos pais da moça e de acordo com o que mais lhe convinha, ou seja, eram casamentos arranjados por interesses financeiros e não por amor.
Más Zara não dava a mínima. 
Sua Tia Isabela Martinez era seu espelho, casou-se por amor e teve uma vida simples, porem muito feliz ao lado de Henry Miller.
E era tudo o que a moça sonhadora poderia desejar.

Seus pais morreram quando tinha apenas cinco anos e ela fora criada por sua tia, já que, logo depois que fora adotada, seu tio Henry sofreu um infarto e sua tia Bella ficou viúva, Zara acabou sendo criada apenas por sua tia, que não teve filhos e adotou prontamente a filha se sua falecida irmã como sendo sua.  Apesar de sua tia tentar dar uma boa educação e educa -la para ser uma boa esposa e dona do lar, Zara sempre fora moleca, gostava de fazer travessuras, por quem sabe uma maneira que buscava de chamar atenção de sua tia, que tinha como mãe já que perdeu sua mãe tão cedo que quase não se recordava mais dela, más apesar dos pesares tinha seu lado tímido e meigo, que as dificuldades e as tristezas não abalaram.

Gabriel era um rapazola, com seus 24 anos de idade, 1,77 m  de altura, cabelos negros como a noite bem lisos, que ele penteava para trás deixando um topetinho que o diferenciava dos demais rapazes de sua idade, olhos castanhos como a areia daquele cais, ombros largos e pele clara, talvez não tão clara como a de Zara. Era um rapaz sonhador, porém não tinha tanta condição financeira, o que não era problema pra Zara, já que ela também não era rica, muito menos arrogante.

Porém Gabriel queria dar o melhor, e não queria a desposar para depois deixá-la passar privações e necessidades.
O que Gabriel queria era dar uma vida não luxuosa, mas sim uma vida digna, seu desejo era especialmente uma vida de princesa para sua princesa, de acordo com suas condições.
Já estava cortejando a moça a muito tempo, mas esperava o momento certo para pedir sua mão a velha Isabela. Queria ter certeza da vida que poderia oferecer ao seu amor. Uma casa digna, uma criada que cuidasse dos afazeres domésticos, dinheiro para jóias e vestidos, dentre outros pequenos mimos.

Logo não poderia deixar passar uma oportunidade que bateu a sua porta, podia ser arriscado, mas ele daria sua vida e algo mais, sem pensar duas vezes, para ver a felicidade de sua amada.

A pouco, um velho navio de cargas e mantimentos ancorou no cais da cidade.

Ele ja tinha conhecimento com afazeres de navios, e estavam a procura de jovens marinheiros para levar uma grande carga muito importante e em troca, receberiam uma grande quantidade em réis, aliás quantidade suficiente para que Gabriel pudesse iniciar seus planos de vida com Zara, poderia  dar-lhe uma boa vida, nada muito luxuoso porém junto com o que ele já vinha juntando a algum tempo, daria para os dois viverem bem, e logo ele procuraria um emprego para satisfazer quaisquer caprichos que sua esposa desejasse.

Bem esse era o plano que Gabs previa. Porém a viajem seria longa, muitas luas, passaria longe de Zara, e corria o risco de não voltar pra casa. Seria uma viajem perigosa, más ao final das contas, poderia desposar Zara e viver bem com a mulher que ele ama, teriam um futuro estável e poderiam ter vários filhos como desejavam.

Decidido. Gabriel Martínez iria a essa viajem. Travaria uma batalha por dia, e ao final, viveria feliz com sua amada. Tudo por ela e mais um pouco.




Continua...

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