Capítulo Único

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Meus pés se arrastavam pelo salão enquanto minha cabeça permanecia erguida para analisar os convidados dançantes e não dançantes. A música oferecida por um grupo musical local soava alto no palco ao fundo do grande salão dourado. Eu mantinha meus braços atrás do corpo, como um cavalheiro deveria manter e assentia para as pessoas quando me lançavam um olhar.

Ao longe pude ver a dama mais linda da festa. Com seu vestido dourado parecia destacar a decoração do salão de sua casa, os cabelos castanhos desciam em uma cascata de cachos pelos ombros e seus lábios rosados sorriam para mim.

Devolvi o sorriso e me aproximei a passos gentis.

– Como pudera eu ter tanta sorte de estar prestes a me casar com uma jovem tão bela? – Valerie soltou um riso delicado, assim como todo teu rosto, postura e alma.

– Estás apenas sendo cavalheiro, Sr. Sullivan. Não devias iludir-me deste modo.

– Me chame de Roy, minha querida. Logo seremos marido e mulher, não deverão existir tais formalidades entre nós.

Ergui a delicada mão esquerda de Valerie e depositei um beijo entre os dedos da minha futura esposa. Ao admirar seu rosto não havia outra forma de sentir-me se não o homem mais sortudo deste planeta.

Minha noiva possuía tal beleza que eu ousava comparar com a deusa Perséfone enquanto eu me transformara em Hades, sequestrando sua juventude e encanto para o meu Mundo Inferior como se houvesse algum direito de carregá-la para dentro do meu castelo sombrio cercado de almas em formas de segredos.

– Sullivan, meu rapaz! – William, pai de Valarie, se aproximara de nós. – Fico feliz por ainda não teres desistido deste casamento. Houve tamanha relutância de sua parte quando seu pai e eu decidimos unir nossos bens mais preciosos!

Não sei como pude ser tolo a principio ao ficar enraivecido quando soube que havia uma pretendente sem de fato escolhe-la. Meu pai, por mais inepto a ponto de nos levar a secreta falência, se mostrou capaz de ainda fazer bons negócios ao firmar compromissos. Logo em minhas primeiras viagens a Erimanto, descobri que a família Campbell é conhecida por sua imensurável riqueza como poucas na Colônia e sendo a única na terra nova com o mesmo título que recebemos da Coroa, este casamento tornaste-se possível.

– Ora, Sr. Campbell! Por sorte cai em mim a tempo, estaria sendo um tolo se recusasse uma noiva tão adorável. – olhei Valerie de forma terna e pude notar suas bochechas tingirem de um tom rosado.

– Tens toda razão! E já o considero da família mesmo que o casamento seja apenas amanhã. Por esta razão gostaria de apresentar-lhe meu filho!

Segui os olhos de William Campbell, encontrando outros olhos castanhos tão doces quanto os de Valerie, e lábios igualmente rosados, porém estes eram conhecidos por mim. Só de olhá-los, quase podia sentir a doçura e sedosidade de quando tocava os meus na penumbra, selando o pecado que cometíamos sob um risco constante.

– Julian! Venha conhecer o noivo de tua irmã. 

(...)

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