54 - Nosso Filho

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Assim que ouviu a campainha tocar, ela correu até o espelho e arrumou o cabelo, logo em seguida fazendo uma careta.

Anahí: pare com isso Anahí, é só o Alfonso, o idiota que te fez de idiota por duas vezes – respirando fundo e indo até a sala, abrindo a porta, Alfonso estava com o cabelo um pouco bagunçado, sem a gravata e os dois primeiros botões da camisa desabotoados, com uma expressão de cansado.

Alfonso: posso? – gesticulando para dentro da casa e ela concordou com a cabeça, lhe dando espalho para passar pela porta – e o David?

Anahí: está no colégio, irá sair mais tarde hoje porque está prestando serviços a biblioteca – ele assentiu, já conhecendo a história.

Alfonso: aqui está o exame, não há mais o que contestar ele é meu filho, e como tal quero que tenha o meu nome – ela engoliu o seco, pegando o papel das mãos dele.

Anahí: não é tão fácil, não posso chegar e simplesmente falar, olha só meu filho este é seu pai – bufando e se sentando no sofá.

Alfonso: e por que não? – se ajoelhando á frente dela

Anahí: ele não sabe quase nada sobre o pai, e ele ama você por ser o profissional que é, tem noção do quanto isso vai confundir a cabeça dele? – ele concordou abaixando a cabeça – e ainda ele vai querer saber como nos conhecemos, como era o nosso relacionamento e... – abaixando a cabeça – por que você nos deixou? – a última frase saiu mais como uma pergunta do que como uma afirmação o que o fez levantar o olhar.

Alfonso: você sabe que se eu soubesse que estava grávida, jamais teria ido embora – ela riu fraco, olhando para cima para impedir que as lágrimas caíssem, assim que conseguiu segurar o choro eminente falou.

Anahí: será mesmo Alfonso? Você já estava se cansando de mim, eu não passava de uma aposta para você – ele se levantou subitamente a observando incrédulo.

Alfonso: você sabe que eu te amava, e muito! – passando a mão no cabelo, tentando conter as palavras que tentavam escapar da sua boca.

Anahí: mas isso não foi o suficiente para impedir da Megan ter feito o que fez, e pelo que vejo ainda faz – ele negou com a cabeça.

Alfonso: não estamos mais juntos, na verdade nunca estivemos juntos, você foi minha primeira e única namorada – ela o encarou pálida, abriu a boca, mas pensou melhor e fechou novamente – Annie eu sempre, sempre te amei, por que não acredita caramba? – ela encarou as mãos.

Anahí: é difícil confiar em alguém que se aproximou de você por $ 700 dólares, que depois ainda a traiu, lhe deixou um filho e aparece dez anos depois querendo voltar como se nada disso tivesse acontecido – ele abaixou a cabeça, soltando um suspiro pesado, mas logo voltou seus olhos para ela.

Alfonso: esse é o nosso passado não do David, eu errei e muito durante toda a minha vida, mas se há algo que nenhum de nós pode negar é que o David é meu filho – e com um barulho forte se sobressaltaram, e viram a imagem de um David pálido feito papel encarando para eles, mas antes mesmo que pudessem se explicar, ou dizer alguma coisa, ele abriu a porta novamente, saiu a batendo forte.

Anahí: David! – indo atrás dele, mas foi contida por Alfonso.

Alfonso: não! Deixa que eu vou atrás dele – abrindo a porta e descendo pelas escadas, não tinha tempo de esperar o elevador, e assim que chegou ao térreo, se depara com David saindo pelo portão do prédio, o fazendo correr já praticamente sem forças, até o alcançar na calçada, e o segurar pelos braços, ao vê-lo chorando desesperadamente o abraçou forte, mesmo não sendo correspondido, continuava o abraçando.

David: vocês mentiram para mim! – fungando e tentando se soltar dele sem sucesso.

Alfonso: não foi nossa intenção, iríamos te contar – ele fungou e chorou ainda mais – estávamos esperando o momento certo, para você não ficar assim – ele bufou.

David: e quando seria o momento certo? Quando entrasse na universidade? – Alfonso o afastou um pouco ainda o segurando pelos braços, o rosto dele estava completamente vermelho, coberto de lágrimas.

Alfonso: por favor, não torne as coisas mais difíceis, todos nós estamos sofrendo – Anahí parou no portão chorando, os encarando.

David: me solte! – Alfonso negou – você mentiu para mim, vocês dois me enganaram, e querem que fique feliz e contente como numa droga de comercial de margarina – Anahí arregalou os olhos, ele nunca havia falado assim antes, e Alfonso o soltou.

Alfonso: pronto está solto, vá em frente sai andando pelas ruas chorando, não vai mudar em nada, eu continuo sendo seu pai, a Annie a sua mãe e você o nosso filho! – ele negou com a cabeça entrando no prédio novamente, Anahí tentou ir atrás dele, mas fora contida por Alfonso que a segurou firmemente pelos ombros – deixa ele um pouco sozinho.

Anahí: ele nunca agiu assim, você não entende? – ele a virou e a abraçou.

Alfonso: ele nunca soube quem era o pai dele, agora o máximo que podemos fazer é esperar o tempo dele, agora vamos subir, acho que esta tarde vai ser longa – ela assentiu com a cabeça, limpando as lágrimas que insistiam em cair, enquanto ele a conduzia até o elevador.

Assim que chegaram ao apartamento dela, ambos se sentaram no sofá sem dizer nada, num silêncio tão perturbador que se durasse mais iria se materializar para ser possível tocá-lo, quando é rompido por um barulho estrondoso vindo do quarto do David, os fazendo sobressaltarem, Anahí levantou subitamente indo para o quarto dele com Alfonso logo atrás, e assim que chegaram a porta do quarto notaram o abajur em pedaços no chão, e David sentado na cama segurando os cabelos com força.

David: só me responda uma coisa, por que nos abandonou? – levantando a cabeça os encarando.


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