Uma Garota Qualquer

Prólogo

São Paulo - um ano atrás

Eu achava que eu era uma menina comum, como qualquer outra, que não tinha vantagem nenhuma sobre nada, que ninguém se importaria comigo do jeito que eu sempre me importei com as pessoas. E depois de um tempo, eu tive essa certeza, eu era só mais uma.

Apenas uma garota qualquer.

E foi quando percebi que se eu quisesse deixar minha marca no mundo eu teria que conquista-la. Foi assim que tudo começou, na verdade, tá mais pra alguém que tinha sérios problemas pra desabafar e acabou usando um misero blog para tentar desabafar e deixar sua marca no mundo.

Assim, eu descobri que eu tinha um certo talento com as palavras.
Digamos que desde criança eu sempre fui uma menina de muitas palavras, com um coração gigante e uma grande vontade de ajudar quem mais necessitasse de mim e de minhas palavras.

Acabei descobrindo que eu podia ajudar muita gente, que as minhas palavras faziam a diferença na vida delas. Na vida de pessoas que nas suas cabeças e perante a sociedade eram casos perdidos.

Pessoas que tinham depressão, anorexia, bulimia, entre outras doenças psicológicas. E foi aqui que descobri o quanto eu quero ajudar pessoas.

Me disseram que eu consegui salvar várias vidas, que eu impedi muita gente de se matar. Então, sim, acho que valeu a pena, retratar 4 anos da minha vida num blog para vocês.

Mas, um último segredo, uma última confissão. Eu salvei muitas vidas, inclusive a minha.

E, depois de 4 anos de blog, eu peço desculpas por ter que desativar, mas, é necessário, pois meus caros, assim como eu dei uma chance para que vocês recomeçassem, eu me dei essa chance também.

Então, é com muita dor no coração que eu oficialmente me despeço, do Uma Garota Qualquer.

Sempre se lembrem daqui com carinho.

XOXO

Uma Garota Qualquer

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Fecho o notebook e caminho até a janela, observando a cidade lá fora.

Uma cidade cinza, cheia de prédios, gente correndo e o céu, sempre cinza. Fazer o que, é assim que São Paulo é.

Alguém bate na porta do meu quarto, eu autorizo a entrada da pessoa, a porta se abre e vejo alguém me abraçando. Eu me encolho na pessoa e libero o que eu queria liberar, todas as lágrimas que não foram derramadas.

A pessoa afaga meu cabelo e seca minhas lágrimas, eu, particularmente não estou nem ai para quem quer que seja, eu só queria que aquela dor passasse.

Eu me afasto da pessoa e vou para o outro canto do quarto, me sento no chão e começo a gritar. Mas gritar para poder me expressar. Sabia que estava bancando a louca, mas eu não queria nem saber, eu só precisava do meu melhor amigo.

Começo a gritar o nome de Luke a plenos pulmões, segurando o nosso colar. Logo ele chega, senta ao meu lado e me aninha no colo dele, me confortando. E vai me acalmando do jeito que só ele sabe fazer, e assim começa um tortuoso e angustiante ano.

Enquanto tenta me acalmar eu escuto sábias palavras.

- Hey Ayl, tudo ficará bem. Você vai passar na faculdade, você vai sair daqui e construirá novas lembranças lá. Vamos, se acalme.

E foi assim que tudo começou.