Capítulo 6

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Acordei perto das 7:00, ainda podia dormir mais meia hora... mas as dores de cabeça não deixavam. Só entrava no meu primeiro dia de trabalho às 8:30. Até ai tinha bastante tempo.
"Meu deus, eu não comprei roupa" pensei eu, começando a ficar apavorava. Deixei o meu pequeno almoço a meio e fui a correr até ao meu armário, cheio de roupa nada formal. Só calças de ganga, blusas, tennis,... Nada que impressione ninguém daquela empresa.

Consegui escolher qualquer coisa... umas calças pretas e justas, uma camisa branca que apenas usava para eventos especiais e um blazer preto. E ainda umas botas de salto pretas, tentei ficar bonita pelo menos de cara, metendo maquilhagem para disfarçar minha cara de cansaço.

Estava oficialmente pronta, e eram 8:10, era a hora de sair de casa para tentar fazer boa figura (já que na minha entrevista de emprego escutei nas portas e fui para o hospital). Lá fui no meu Audi ate á empresa. Quando cheguei, deparei-me com Sebastian à porta da empresa, a falar (bastante irritado) ao telemóvel.
-Não me vais avisar de nada, e não me irei afastar dela pelos teus joguinhos. Faz o que quiseres, mas não vou. - reparou em mim, a ir para perto dele - vou ter de desligar, iremos continuar esta conversa mais tarde. Beijos.
-Está tudo bem?
-Agora melhor ainda. - dando-me um beijo na testa e sorrindo para mim. - Pronta para o teu primeiro dia de trabalho?
-Nervosa, mas pronta.

E lá fomos, cumprimentei Roseli, que veiu logo ver como eu estava. Sebastian levou-me ao elevador, para o andar 25. Meu deus, aquela empresa tinha ao total 35 andares. Por acaso tinha a curiosidade de saber quem estaria no andar 35, visto que tinha um género de código para ir para lá, coisa que eu nunca tinha visto na vida.
-Sebastian? Porque o andar 35 tem código?
-Porque ninguém lá entra.
-Quem trabalha lá?
-A... - fez uma pequena pausa, olhando para os números do elevador a subir - Samantha, a chefe não gosta de ser interrompida em nada e ninguém lá entra. Só Davidson.
-Mas e se eu quiser falar com ela pessoalmente?
-Ela irá aparecer na tua sala para falarem.
-E como ela irá descobrir?
-Porque todo este prédio tem câmaras e microfones em toda a empresa, e a tua sala não é exceção! Basta dizeres e passado um minuto ou dois, ela irá aparecer.
Não consegui dizer mais nada, o elevador tinha chegado ao seu destino. Um grande corredor, com uma recepção só com mulheres e homens lindos de morrer.
A minha sala ficava logo a direita. Sebastian abriu uma porta branca, e apareceu uma linda sala, com tons de preto, acho que remodelada à pouco tempo, ainda cheirava a tinta. Era grande e espaçosa, tinha um sofá vermelho com uma mesinha, e depois a minha secretária, com um computador dos mais caros que podem existir, e já muitos papeis e dossiers.
-Espero que gostes do teu espaço. Estarei sempre a tua disposição na sala ao fundo.
-Obrigada. - sentia-me no meu mundinho, estava tão bem naquela sala, ela era minha, e será sempre minha! Ele saiu do meu escritório e deixou-me sozinha, e só ai, observando a sala com mais pormenor, reparei nas câmaras. Apetecia-me testar, se era verdade ou não o que Sebastian disse...
-Samantha preciso de ti, não consigo perceber esta papelada... - comecei a falar mexendo nos papeis e dossiers. E comecei a tentar perceber aquele computador de máxima tecnologia.

Passado menos de 2 minutos, ouço alguém a bater à porta.
-Entre. - Com a minha voz mais autoritária possível.
-Bom dia Sra Gracie, a ouvi falar que está com dificuldade na papelada. Estou aqui para a ajudar. - estava parva com aquela eficiência toda, era muita tecnologia, e muita pouca privacidade também...
-Obrigada, e sim estava e estou. Não consigo criar uma conta no computador.
-A sua conta está criada com o seu nome e sua palavra passe é seu aniversário : 21.06.1995

Ainda ficou um bom tempo a explicar-me as coisas, minha patroa até não era assim tão antipática.
-Obrigada pela paciência, Sra Jones.
-Namoras com Sebastian? - sendo bastante direta e com um assunto bastante desproporcional do resto da conversa.
-Porque a curiosidade?
-Você namora ou não com ele?! - num tom já ameaçador.
-Não, eu vejo que ele se faz a mim, mas eu não estou a fim. Gosto de outra pessoa.
-Gosta de quem?
-Isso é um assunto que só a mim diz respeito.
-Iremos ver... - afastando-se de mim. - Se precisar de mais alga coisa, me chame.
Mal ela saiu da minha sala, uma raiva pairou em mim. Mas porque ela teve de tocar nesse assunto? E me lembrar de Sarah. Cada vez mais sinto a falta dela...

-Emma Gracie chamada ao andar 34. - chamou-me uma recepcionista do meu andar.
"Meu deus" pensei eu, "tão perto do andar proibido"

Chegando ao tal andar, quando as portas do elevador se abriram, dei de caras com Davidson.
-Senhora Gracie, acompanhe-me por favor.
Segui-o ficando cada vez mais impaciente, seriam mais papeis? Mais trabalho?
Até que cheguei a uma sala de reuniões, em que estava lá um presente... Pelo menos parecia. Eram duas caixas pretas, uma com um laço vermelho e outra com um laço rosa.
Comecei por abrir a do laço vermelho, sendo sempre olhada por Davidson, que não mexia um músculo.
-Mas... Meu deus. - fiquei boquiaberta ao ver 5 vestidos lindos e dos mais caros. - Desculpe Davidson, quem mandou estes presentes?
-Não sei senhora Gracie.
-São lindos, devem ter custado uma fortuna... - reparei num bilhete no fundo da caixa, em vermelho e com um cheiro maravilhoso.
"Espero que comece a vir com melhor apresentação para o seu trabalho, são do seu tamanho. Espero que goste e que fique ainda mais linda."
Mais um presente com bilhete e sem nenhum nome... (Apesar de ter ficado corada na parte de ser bonita). Mas fiquei sem vontade de abrir o segundo, mas a curiosidade falava ainda mais alto.
Eram dois pares de sapatos, do meu número. Eram lindos, uns pretos de salto e uns brancos. E mais um bilhete no fundo da caixa.
"E espero que se sinta bem neste novo começo de vida, será o inicio de uma aventura brilhante cheia de luxo.
Bom resto de trabalho,
Beijos"

Senti um arrepio invadir-me o corpo todinho, estava ali a ver todas aquelas coisas lindas e caras... Mas minha cabeça apenas pensava em quem mandou tal coisa. A empresa pode ser assim com todos os novos funcionários, mas não acredito. Não vejo ninguém com vestidos assim tão caros como estes. Eram de gala quase. Eram perfeitos para mim. Quem me os mandava, tinha bom gosto, e mais que isso, sabia os meus gostos.

Almas NegrasOnde histórias criam vida. Descubra agora