Propositadamente, acordei antes das meninas. Passei bastante pasta de dente por todo o rosto delas e fui tomar um banho. Bia acordou primeiro e entrou no banheiro após minha saída. Me segurei para não rir, mas depois que ela gritou, não aguentei. Ly foi correndo ver o que era e berrou meu nome:
- LENA!
- Estamos quites, garotas. Espero vocês no café-da-manhã - falei e saí do quarto correndo. A sorte é que eu estava arrumada. Só faltava a pestinha da Esthefany agora.
Já no salão, belisquei algumas coisas e fiquei sentada na calçada da pousada, olhando o mar e esperando todo mundo chegar. A virada do ano e o aniversário de André seriam dali a poucas horas e eu não sabia nem mesmo onde iríamos estar nesse horário. No fundo aquilo me deixava tão empolgada... Talvez porque eu soubesse que viveria o desconhecido.
- Ei - André chamou, tocando em meu ombro e já sentando-se ao meu lado.
- Ah! Oi - eu disse, sorrindo ao vê-lo. André estava com cara de sono e a voz grossa. Usava camisa e bermuda, chinelo de dedo e o cabelo metade preso. - Cadê os meninos?
- Quando saí, ainda estavam dormindo - ele respondeu e eu assenti. - Esse lugar é incrível, não é? - falou depois de uns segundos, referindo-se à vista.
- Muito! - concordei, observando que de onde estávamos podíamos ver uma grande parte do mar esverdeado e da faixa de areia branquinha. As pessoas pareciam estar em miniaturas de tão pequenas que eram dali e mesmo sem estar perto, eu sabia que elas estavam felizes. Passei a achar que o verão realmente despertava algo de bom em nós, pelo menos em lugares como aquele.
- Já tomou café? - ele me tirou do transe.
- Mais ou menos. E você quer comer alguma coisa?
- Aham. Sinto que vou desmaiar de fome a qualquer momento.
- Eu te acompanho - eu disse sorrindo, então levantei e ofereci minha mão a ele. André a segurou forte e levantou de vez, vindo ao meu encontro. Ficamos tão juntos que tive a certeza de que ele podia ouvir meu coração bater acelerado.
- E aí, gente? - Pedro chamou e nós nos separamos. - Ops! Estou atrapalhando alguma coisa? - Imagina... - Tchau - ele já ia se virando.
- Não está atrapalhando nada. Vamos tomar café - eu disse, tentando fingir alegria.
Será possível, Deus? Pensei.
Pedro foi andando para uma mesa no centro do salão e a gente ficou para trás. Lancei um sorriso sem graça para André, que deu um beijo em minha bochecha e foi andando até a mesa. Virei de lado e soltei baixinho todos os palavrões que eu conhecia.
Cabeça chegou nesse minuto na mesa, acompanhado das meninas, eu passei por eles e segui até o local onde estavam as comidas. Me servi de mandioca, a qual eles chamavam de macaxeira, com charque. Aquilo estava com a cara ótima.
Bia e Ly chegaram perto de mim, pegando seus pratos e se servindo. A dona do piercing pegou o mesmo que eu, enquanto a diferentona da Lyanna quis comer cuscuz.
- O que tá rolando, hein? - Ly perguntou, notando minha cara frustrada.
- Eu só queria ter... beijado o André, mas o destino não quer que isso aconteça - falei rindo.
- Vai lá e beija, ué - Bia disse.
- Não na frente de todos. Mas não façam nem falem nada sobre isso na mesa. Agora vamos - chamei-as para sentarmos. Os meninos estavam cochichando, mas pararam quando eu cheguei. - Não vão se servir?
- Imediatamente - Cabeça respondeu e eles se levantaram.
Pouco tempo depois já estavam os seis na mesa novamente: Pedro fazia nojeira com a comida na boca e mastigava como uma vaca, só para irritar Lyanna; André estava calado, com os pensamentos, aparentemente, em outro lugar; Bianca e Carabino não se desgrudavam um segundo, o que já não era mais novidade. O rapaz estava colocando a mandioca na boca de Bia, quando decidimos sair dali e ir até a praia.
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O Verão de HELENA
Teen Fiction"Essa pode parecer só mais uma daquelas histórias clichês, onde a mocinha aparece pela primeira vez na cozinha, conversando com sua mãe e comendo uma maçã. Mas cada história segue um rumo e a minha, que seguia em linha reta, passou a fazer curvas be...
