Capítulo IV - A casa verde

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Desde que cheguei em casa não parava de me fitar no espelho. É complicado explicar o que se passa exatamente na minha cabeça neste momento. Está tudo tão confuso...
Eu já não sei mais que história eu posso inventar para minha mãe. É provável que ela tome um susto quando ver meu cabelo assim. Talvez surte de vez ou nem perca seu tempo pra falar a respeito.

Ando pensando um pouco em Ben. Não prestei muita atenção no que Delilah disse na lanchonete. Mas algo aconteceu pra ela não querer mais ver ele. Será que eu deveria me encontrar com ele novamente?
Por agora, tenho problemas mais importantes a serem resolvidos. Eu e Delilah vamos terminar de comprar meus sapatos e certamente vai me ajudar quanto ao meu comportamento. Tenho um grande medo de não dar certo e depois me arrepender profundamente. Mas eu preciso tentar, preciso.

Escutei o celular chamando, só podia ser Delilah. Rapidamente peguei e atendi.

- Alô?

- Oi Audrey. Sou eu, sua prima. Nós temos que ainda ir ao shopping! Aproveitei e convidei o Jaffe também. – Oi? O que foi que ela disse? Precisou convidar logo aquela criatura indiscreta?

- Hm.. Nossa.. – respondi.

- Né? Com certeza vai ser demais! – falou entusiasmada.

Desliguei meu celular e fiquei pensando se deveria mesmo ir. Realmente não tenho nada contra em ser gay ou não. Acontece que esse Jaffe não é a melhor pessoa em se confiar, aliás ele trabalha em salão, espalhar fofocas é comum. Se Delilah falar o que eu estou planejando em fazer. Tudo irá acabar.
Tomara que não tenha contado isso a ele. Estou confiando realmente nela.

Fui até a casa dos meus avós ao encontro de Delilah. Bridget estava varrendo a entrada, dei meus cumprimentos a ela e logo entrei. Max, o velho cachorro da casa, previu a minha chegada e correu para me receber. Literalmente recebi um banho de lambidas.

- Hey! Ha ha. Ele realmente gosta de você. – falou Delilah já descendo as escadas sorrindo.

- Sim. Então, podemos ir? – indaguei.

- Claro. Já havia me arrumado e vi quando chegou. É possível que Jaffe tenha chegado e esteja a nossa espera. – disse. Apenas concordei e finalmente, saímos a caminho do nosso destino.

Enquanto isso, o velho nervosísmo voltou a me atacar. Estava me sentindo horrível em esconder de Delilah o que aconteceu entre mim e Ben, mas decidi não contar e por um fim nessa história com ele, até porque estou determinada a seguir outra coisa que irá mudar totalmente o rumo de tudo, e como!.

Ao som de "Hurricane" estacionamos o carro e descemos. Após isso, ficamos paradas bem em frente da loja de sapatos, esperando nada menos que o Jaffe, pois ainda não tinha chegado. Fomos rapidamente procurar um lugar para sentar, esperando. Em alguns longos minutos Jaffe aparece, vestido com uma camisa azul xadrez.
Delilah não demora a perguntar:

- Onde estava? Há muito tempo que estamos aqui à sua espera.

- Oh, desculpe a demora linda. É que eu sempre preciso escolher a roupa certa para sair em público. Não posso vestir qualquer coisa. – respondeu Jaffe, em tom debochado.

- Ok ok Jaffe, mas não temos a paciência de Buda. Vamos logo andando. – falou ela, segurando-se atrás nos meus ombros, fazendo-me andar mais rápido para dentro da loja.

Entramos e andamos até a sessão masculina. Havia variados tipos de sapatos. Eu parei e os observei horas a fio. Delilah me puxou e perguntou se algum me agradava. Tive que responder em imediato:

- Bom.. Eu gostei desses dois. São tão maneiros... – Delilah virou-se desapontada e disse:

- Ai não Audrey! Esses são tênis de esporte, e você já tem, é preciso escolher sapatos e sandálias para a sua nova rotina no colégio.

De repente, meninoOnde histórias criam vida. Descubra agora