O começo do fim

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As vezes eu me perguntava porque fui o unico que sobreviveu aquela guerra, pelo menos fui o unico da minha cidade, mais de 200 mil pessoas foram mortas pela inconsequencia do ser humano, a maldita procura por poder e orgulho dos nossos "líderes" mundiais nos levou à extinção, tal poder tirou minha família de mim, minha mulher e minha filha, eu não pude salva-las e quando me lembro disso sempre me pergunto "porque ainda estou vivo ?".
Passaram-se 10 anos após a famigerada guerra, estou em 2623, restaram poucos humanos se comparados aos números que tinhamos antigamente, novas civilizações surgiram e novos líderes também, alguns sábios que pensam no futuro da humanidade, outros burros pensando apenas na própria sobrevivência, se eu fosse um líder, seria desses, um líder burro, ja perdi tudo pelo que lutava, ja não tenho mais motivos pra continuar, mesmo assim continuo.
Me tornei um andarilho, solitário, andando por desertos de concreto e florestas sem vida, matando e comendo criaturas radioativas sem nem pensar duas vezes, algumas indegustaveis, outras me lembram o gosto de frango frito. Se eu fosse listar os monstros que surgiram depois da guerra eu ficaria horas aqui e não ainda assim não falaria de todos, eu mesmo tenho cicatrizes profundas oriundas de batalhas com mutantes canibais, até hoje sinto minha perna esquerda devido a um tiro que levei, mas pra me vingar do maldito acabei arrancando um olho dele, o mesmo morreu agonizando com uma lamina atravessando sua cabeça.
Atualmente estou indo para um vilarejo localizado ao norte da antiga Nova York, preciso de suprimentos e armas, minhas viagens estão ficando cada vez mais perigosas, as estradas estão com muito mais bandidos do que a meses atras, qualquer um que passe por uma fenda ou uma floresta, é alvo facil pra esses trombadinhas armados, a selvageira tomou conta da nossa era atual, manchada de sangue e lagrimas daqueles que perderam seus entes queridos e se tornaram iguais aos seus assassinos, a paz ja não tem mais valor aqui, por mais que você pregue a não violência, uma hora terá que sujar suas mãos de sangue, inocente ou não.
Chego ao vilarejo, cercado por muralhas não muito altas, porém, cheias de espetos e corpos pendurados, aquela cena poderia até me embrulhar o estomago, se eu já não tivesse visto entranhas saltando pra fora de corpos mutilados. Na entrada haviam apenas dois soldados, muito mal protegidos mas também mal encarados, tento passar por eles sem fazer nenhum alarde mas sou barrado, suas armas se cruzam na minha frente e o soldado da direita se põe a falar:
-Só um aviso forasteiro, somos um vilarejo comercial pacífico, então não arrume confusão, ou fará companhia aos nobres colegas empalhados - sorri ironicamente.
-Me lembrarei disso - olhando em seus olhos.
Afastei as armas e entrei direto sem dizer mais nada, levanto um pouco a cabeça e me deparo com uma placa enferrujada escrito Bunker 47, sim, estou no vilarejo certo, hora de fazer as compras do mês, mas antes, o calor daquela região estava me matando, precisava de algo pra tirar a seca da minha garganta, entro em um bar que mais parecia um casebre de beira de praia, tipico lugar onde ninguem gosta de ninguem, todos me encaram quando entro, as pessoas tem essa mania de encarar alguem de fora, mas logo o silêncio se acaba e começam os sussurros, ouço alguns dizerem "este é o caçador de mutantes", outros ja diziam "o conheço de Lincoln, ele dizimou uma raça de gosmentos lá". Sento no balcão e peço um copo de água purificada, hoje em dia é rara, muitas batalhas ja foram travadas por fontes de aguá que se secaram depois de alguns dias, o garçom me serve e pergunta:
-Está vindo de onde forasteiro ?
-Da floresta iluminada, no sul - respondo depois de virar o copo, logo peço mais um.
-Esta mesmo com sede, pelo jeito a viagem foi muito longa
-Foram dias um pouco monótonos
-E qual o seu nome andarilho - me olhando curiosamente.
-Me chamo...

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