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Corro em direção à casa de banho. Tranco-me.
Abre-se um buraco negro na minha mente. Pensamentos e mais pensamentos. Só vejo sangue , só desejo a morte.

Neste momento eu só pensava no facto de a minha melhor amiga estar num quarto de hospital entre a vida e a morte. Ela a lutar pela vida e eu ,como fraca a desejar estar morta.
Já se tinham passado mais de dez minutos que estou trancada nesta casa de banho. O Scott veio duas vezes perguntar se estava tudo bem ,tal como Peter e o médico. Eu não respondi a nenhum deles.
Destranquei a porta. Fui ter com o médico.

-Zoe ,estas bem? Que estiveste a fazer naquela casa de banho por mais de dez minutos?

Simplesmente ignorei a questão feita por Scott.
Fui ter com o responsável pela saúde da minha amiga.

-Será que posso ir vê-lá?

Ele não diz nada ,simplesmente limitou-se a acenar com a cabeça como forma de confirmar.

Assim feito, fui para o quarto onde Molly se encontrava. Continuava a custar-me ver Molly dependente de tanta máquina.
Cada barulhinho parecia menos um segundo da sua vida. Sinceramente,eu estava a ficar sem esperança.

Quando olhei para trás reparei que tinha uma equipa de médicos a observar-me.

-Hm..eu estava de saída.
-Não se preocupe Zoe, nós não temos nada a fazer à sua colega. Vínhamos ver se estava tudo bem. Pode ficar.

Eu apenas sorri.

Eu estava de saída. Custava-me tanto ver Molly naquela cama de hospital. Não conseguia encarar esta realidade.
Ainda não tinha entendido o porquê de a Molly ser escolhida para tal destino.

Saí do hospital deixando tudo para trás.
O hospital não ficava muito longe da praia. Demorava cerca de dez minutos até lá. Peguei no meu telemóvel e nos meus fones colocando a música no play.
Só me conseguia perguntar-me o porquê de tudo isto estar a acontecer.

Porquê a Molly? Porque não eu? Porque é que acontecem coisas más a pessoas boas?

Apesar de tudo que antecedeu esta confusão eu não conseguia odiá-la. Odiava-me a mim ,por não ser capaz de ter impedido tal acontecimento ,por ter discutido com ela.

Não sirvo para merda nenhuma. Não consigo evitar fazer o mal às pessoas apenas por estar viva.

Após tudo isto dei por mim em frente da praia. O dia estava cinzento. Para mim são dos melhores dias. Gosto de dias escuros,frios,chuvosos. Dão para pensar.

Sentei-me na areia a observar o mar ,que por sua vez estava agitado ,perigoso.
Eu gostava de ver a braveza do mar. Era algo mágico. Como é que uma coisa tão linda podia ser tão calma e perigosa ao mesmo tempo, e mesmo assim fazer-me sentir segura?

Já se tinha passado uma hora desde que eu estava aqui. O meu telemóvel já tinha tocado umas dez vezes ,aparecia sempre o nome de Scott no indicador de contacto. Eu não atendi nenhuma vez.

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