Eu estava andando em uma rua movimentada no centro de Seul, quando grossos pingos de chuva começaram a cair. O cansaço estava estampado no meu rosto, mas eu só dormiria tranquila com uma vaga de emprego garantida.
Mais três passos e eu levanto a cabeça para encarar a antiga e luxuosa construção, onde hoje funcionava uma escola.
Tomei coragem e entrei na portaria.
-Boa noite. Eu queria... Fazer uma entrevista de emprego...-Disse a uma mulher que trabalhava na portaria.
Ela apenas assentiu com a cabeça e fez uma rápida ligação por interfone. Logo, ela me levou até um corredor e me induziu a entrar na terceira porta do corredor.
Entrei e me deparei com uma senhora "pesada", que aparentava ter uns 40 anos. Ela usava óculos e tinha os cabelos caprichosamente presos em um coque.
-Obrigada senhora Lee.-Ela disse- Sente-se.
Sentei-me em uma das cadeiras em frente a sua mesa.
-E então... Você quer uma vaga de trabalho... Você é especializada em alguma área?
-Bom,eu estou cursando faculdade de ciências exatas.
-Há quanto tempo?
-Há três meses. Senhora Park... Eu sei que não sou coreana, mas eu preciso de uma vaga de emprego. Preciso pagar a faculdade... -Apelei.
-Infelizmente com o tempo que você tem, não posso te dar nenhum emprego como professora de fundamental, mas verei o que posso fazer...
Abaixei a cabeça desanimada, enquanto ela examinava algumas folhas. Depois de alguns minutos ela falou:
-Perdão... Mas não posso ajudar.
Levantei ainda cabisbaixa. Eu estava prestes a abrir a porta quando ela falou:
-Espere!
Virei-me esperançosa.
-Temos uma vaga... Para trabalhar com crianças de 3 a 5 anos. Serve?
-Sim! Sim!- Disse animada.
Sentei-me de novo e assinei toda a papelada necessária. Começaria no dia seguinte.*****************
No dia seguinte, cheguei um pouco antes da hora e observei meu ambiente de trabalho: era uma sala com paredes verdes e uma pequena janela no alto virada para fora. Haviam também janelas de vidro viradas para os corredores da escola com adesivos de borboletas.
Imaginei aquele lugar cheio de crianças e logo isso já era realidade.
Eu recebia as crianças na porta da sala e me cumprimentava os pais. Estava tudo bem, até que no final do corredor surgiu uma silhueta de um homem que eu conhecia. Ele estava de mãos dadas com uma criança que devia ter uns 4 anos.
Antes que ele botasse a criança para dentro da sala, ele parou e me encarou. A surpresa estava visível em seu rosto e no meu também.
-Você?!-Perguntamos ao mesmo tempo.