Andava na escuridão da noite, descalça. Sentindo as ondas quebrando em meus pés.
O contato com o mar, e com a natureza acalmava toda a minha angustia, todo o meu sofrimento.
As sandálias que eu segurava balançavam, enquanto o meu vestido solto voava de acordo com o vento. Meu cabelo não era tão diferente. O vento o sacudia, bagunçando, desalinhando.
Parei por um momento e olhei para a lua.
Tão brilhante e tão cheia. A água do mar que nas manhas eram de azul cristalino apresentava àquela hora da noite, um azul marinho onde a lua se refletia.
Ele não a merece.
Tentei me convencer.
Você irá esquece-lo.
Eu sabia que aquilo era impossível.
Ele não a ama.
Aquilo me incomodava muito mais do que eu imaginei.
Não sabia que uma pessoa poderia exercer um poder tão grande sobre a outra.Você não o ama.
Eu não poderia me enganar, eu o amava, e isso eu não poderia negar.
Pare de chorar, ele não a merece.
As lagrimas involuntárias molhavam meu rosto.
Voltei a andar, limpando as lagrimas indesejáveis.
As recordações ainda eram frescas. O meu sofrimento ainda era recente.
Tudo aquilo me magoava, me magoava por que eu nunca acreditei que poderia acontecer comigo.
VOLTE AQUI ANAHÍ!
Tentei abafar a voz dele.
Aquela voz que toda vez que me falava que me amava, eu acreditava.
Aquela voz que sussurrava meu nome enquanto me amava completamente.
Não é nada disso que você esta pensando.
Aquela frase clichê.
Como se eu fosse cega e não pudesse ver o que estava acontecendo em minha frente.
Os lábios que antes eu pensava que só pudesse consumir o meu ar nos beijos, agora eu sabia que consumia o ar de outra, ou ate mesmo de outras.
Isso não significa nada para mim.
Mas, significa o bastante para mim.
Era o fim. Eu pensava. Era o fim.
Mesmo que me doesse, aquela era a única prova de que ele nunca havia me amado.
Que era eu que não significava nada para ele.
Deixe de bobeira Ma Vie, venha ate aqui que iremos resolver esse mal entendido.
Como eu queria ter gritado e o mandado parar de me chamar de Ma Vie, eu já sabia que não era a vida dele.
E como eu queria acreditar que tudo ia se resolver, e que tudo não passava de um mal entendido.
Eu a amo, nunca iria lhe fazer nada para magoa-la. Você sabe disso Mon Petit.
Não. Eu apenas acreditava em suas promessas, suas juras. Mas, nada disso era verdade.
Entrei no táxi e fui para casa.
A madrugada estava acabando e eu não queria preocupar mais ninguém.
Ainda descalça peguei minhas chaves. Abri a porta e vi as luzes da sala acessas.
Não, eu não queria falar com ninguém.
Tentei correr, subir as escadas antes que alguém pudesse me ver.
Mas, ele estava lá. Seus olhos verdes estavam lá.
Olhando-me, encarando-me.