løllîpøp~15·FĮNÅL

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- E seu pai?- Thiago perguntou para o namorado.
- A quatro anos, 3 dias depois deles e da minha mãe se casarem, 05/11, ele me adotou.- ele sorriu- Minha mãe ama contar sobre como ele chegou de surpresa, com as malas prontas, realmente se mudando.
Em algum lugar da mente de Thiago, lá no fundo, ele sabia que alguma coisa- que ele não sabia qual- estava faltando. Como quando você tirou a nota máxima em uma prova, mas mesmo assim sente que errou alguma coisa:
- Tá me ouvindo Calango? - o mais novo odiava o mais novo apelido que o namorado criara por causa da foto.
- Desculpa.- o menor sorriu e deixou aquilo de volta.
- Estava dizendo que nós chegamos.
Thiago assentiu e saiu do carro. A casa era um típico sobrado de paredes brancas e janelas azuis. Eles caminharam até a porta e uma mulher, a mãe de PK, atendeu. Usava um vestido vermelho com um salto marrom escuro e colar dourado:
- Filho, e você deve ser o Thiago.- ela olhou a roupa do garoto surpresa: o vestido branco, as meias até o joelho rosas e a sapatilha da mesma cor do vestido- Prazer em conhecê-la... Conhecê-lo...
- Conhecê-lo- Thiago sorriu- Só alguns crossdressers gostam de serem chamados no feminino.
- Bem, o pai de Matheus deve chegar a qualquer momento...- em uma sincronia impressionante, a porta se abriu e um homem de mais ou menos 40 anos, loiro, alto, magro, muito parecido, até demais, com Thiago.
Na mente do menor foi como se ele finalmente tivesse descoberto o erro na prova. Uma lembrança antiga, de mais ou menos 4 anos e três dias atrás: mais precisamente 02/11, reprimida involuntariamente por causa de um trauma. Ele se lembrou de um homem, que abandonou ele e sua mãe assim que ela foi diagnosticada com Esquizofrenia Paranóica, que foi embora e se casou com a amante, e que 3 dias depois adotou um garoto:
- Pai?- ele perdeu a respiração, e não pode deixar de reparar nos olhares de confusão da mulher e PK.
- Hey, amigão- ele o chamara pelo apelido que usava quando tinha 7 anos- Eu posso explicar...
- Explicar como abandonou seu filho de 12 anos e sua mulher doente, e como no mesmo dia se casou e começou uma nova vida como se não existíssemos?- ele riu, irônico- Espero que a explicação seja boa.
- Eu mandava dinheiro...
- Nossa! Mandar dinheiro deve realmente substituir tudo não é? Como eu posso te odiar, você é praticamente um herói!- ele segurou uma lágrima e correu para fora da casa.
Ele não sabia para onde estava indo, não sabia nem mesmo se tinha um lugar definido para ir. Podia ouvir PK o chamando, mas não ligava, continuou correndo mesmo quando não via mais nada por causa das lágrimas. Estava chovendo, de novo, e ele não podia ver um palmo à sua frente. Estava em um estado de torpor, como se tudo tivesse desaparecido e ele tinha de continuar correndo para que não desaparecesse também.
E foi então que ele ouviu a buzina e sentiu o impacto.

Lollipop[PKlango]Onde histórias criam vida. Descubra agora