Capítulo Um

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- Sakura, tem certeza de que é isso que você quer? - Minha amiga, Karin, fala concentrada na estrada, enquanto seu olhar demonstrava preocupação.
Ponderei o questionamento dela. Quando "aceitei" participar disso, pensei na humilhação que seria simplesmente largar tudo.
Bem, se eu fora posta sobre desafio, não custaria nada arriscar, certo?

- Sim. Aliás, pare de questionamentos, apenas dirija - falei, abrindo o porta-luvas e olhando rapidamente a lista que tinha em mãos.

- Tudo bem, eu serei apenas a chofer, não tentarei ser sua amiga e nem te farei desistir desta bobagem - Ela tirou uma das mãos do volante para ajustar seus óculos - Aliás, porque estamos indo para a casa do meu primo mesmo?

Karin sabia exatamente o que estávamos indo resolver. Ela acreditava que eu ficaria ainda mais constrangida se falasse a situação em alto em bom som. Bufando, li novamente o primeiro parágrafo, impresso em letra Arial tamanho 12. Minha mente recaptulava todos os passos que deveria seguir para o plano dar certo. Beba bastante refrigerante...

- Ah, sim... Parece que eu preciso arrotar na cara de um Go Go Boy - respondi. Beba bastante refrigerante, Sakura - E preciso postar um vídeo no instagram com um crossdresser cantando a música Netsujou no Spectrum.

- E...?

- Conhecidentemente o padrinho do seu primo conhece um cara assim - Bati meu pé com força no tapete estofado do carro. Falar a situação abertamente era com certeza constrangedor - Segundo o que você mesma me disse, ele é Go Go Boy de segunda à sexta, mas durante o final de semana, o hobbie dele é fazer crossdressing.

Karin não conteve o riso. Eufórica, ela espalmou sua mão direita sobre o centro do volante, fazendo a buzina alta ressoar. Como fui pega de surpresa, bati a cabeça no teto do carro, devido ao fato de eu ter levantado surpresa.

- É um homem interessante, de fato - A ruiva estava com os lábios em linha reta, forçadamente tentando se conter - O que mais ele deve fazer? Vender vibradores de oncinha no camelô? - riu da própria piada.

- Seria bom - Karin me olhou rapidamente, com a sobrancelha arqueada - Não pra mim, é claro. Tecnicamente minha maior preocupação para o momento não são vibradores de oncinha que um Go Go Boy que faz crossdress possivelmente vende.

Eu deveria estar me preocupando com minha faculdade agora, nas matérias básicas, como imunologia, porém, graças à Ino e a minha coragem patética, estava em uma enrascada.

- Entendo... Mas já vou logo avisando, o padrinho do Naruto é um perv- Sua voz foi interrompida pelo toque de seu celular, Lithium - Bote no vivo a voz querida.

Pegando o aparelho, fiz o solicitado. Era Shizune, uma das minhas antigas psicólogas durante o ensino médio, na época do colegial.

Ela e Karin eram próximas e conversavam com frequência, coisa que eu estranhei de início, considerando que elas nunca haviam tido um contato direto. Muitas vezes, trocavam e-mails, mensagens, ou até mesmo me faziam de pombo-correio, levando e trazendo recados.

De fato, era deveras estranho.

- Aaaalô?

- Oi Karin! Aqui é a Shizune... O que anda fazendo? - A mulher ao outro lado da linha perguntava. Não era comum que profissionais mentais tivessem tanta intimidade com os pacientes, principalmente se os primeiros excerciam sua função em uma escola.

Karin suspirou, pensando numa resposta adequada.

- Oi oi. Hum, não estou fazendo nada de mais - Ela me olhou - Só embarquei em uma jornada por um Go Go Boy e um crossdresser com um padrinho de um parente meu.

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⏰ Última atualização: Feb 05, 2016 ⏰

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