Capítulo 12

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Amo quando falam

O fato de que Reyes, o mais sério de todos, fizesse uma brincadeira, era inquietante. Só recorria ao humor quando a situação era desesperadora.

Aquilo era um pesadelo. Depois de séculos de rotina rígida, de repente Maddox tinha que interrogar a uma mulher e depois destruí-la, antes que pudessem usá-la contra eles. Tinha que salvar a um amigo de uma ordem impensável. E tinha que aplacar aos deuses. A deuses que nem sequer sabiam como se aproximar deles.

Aqueles Titãs eram seres desconhecidos. Se lhes pedisse misericórdia e eles lhe ordenassem fazer algo vil, algo ao que ele se negasse, a situação pioraria com toda
segurança.

-Por que não as toco? - perguntou Torin. -Se morrerem de enfermidade, ninguém terá que se preocupar com sua consciência. - disse. Salvo eu mesmo.

-Não. - disse Aeron, ao mesmo tempo que Paris gritava:

-Não, demônios!

-Nada de enfermidades. - disse Lucien. -Uma vez que começa, é impossível de controlar.

-Manteremos os corpos em pacotes selados. - propôs Torin com decisão. Lucien suspirou.

-Isso não serviria de nada, e sabe. A doença sempre se estende.

-Enfermidade! - gritou a garota. -Vão nos contagiar com alguma enfermidade? Por isso nos trouxeram aqui? Asquerosos, odiosos, podres...

-Silêncio. - disse outra voz. -Não os provoque, Dani.

-Mas, vó, esses...

Suas vozes se afastaram. Provavelmente, tinham afastado a garota da porta. Maddox gostava de sua coragem. Recordava a Ashlyn, que tinha enfrentado a ele na cela e tinha exigido que mostrasse o abdomem. Estava claro que queria sair correndo, mas não o tinha feito. Só de recordar, lhe endurecia o corpo e lhe esquentava o sangue. Tinha acariciado suas feridas, inclusive, e tinha infundido um pouco de vida nele. Isso era algo que ele não tinha podido compreender. Ternura, possivelmente?

Sacudiu a cabeça. Lutaria contra aquela emoção até seu último fôlego, que chegaria dentro de treze horas, pensou ironicamente. Não podia sentir ternura por uma isca, nem por um castigo divino, nem pelo que fosse.

A prova era que, quando voltasse a vê-la, tomaria com dureza, rapidamente,
investindo, investindo... Violência se sentia satisfeita com aquela imagem.

Quando estiver com Ashlyn em minha cama, vou ser suave, tenho que recordá-lo.

Aquele pensamento foi esquecido. Lhe pediria mais, e ele o daria. ELE...

-Isto está começando a ser tedioso. - disse Aeron, e o empurrou com força para a parede. -Está ofegando e suando, e tem um brilho vermelho nos olhos. Está a ponto de estalar, Violência?

A imagem de Ashlyn, nua e excitada, se desvaneceu... Aquilo enfureceu ao espírito, que tentou sair da pele de Maddox e atacar. Maddox também rugiu, desejando obter outra imagem dela.

-Se acalme, Maddox. - ordenou Lucien, e sua voz serena penetrou na nebulosa mente de Maddox. -Se seguir assim, teremos que o encadear. Então, quem protegerá Ashlyn, sim?

Maddox ficou gelado. Sabia que o encadeariam, e não podia permitir. Durante o dia, não. De noite, sim. Então era uma ameaça e não tinha outro modo de dominá-lo. Sou uma ameaça agora também, pensou. Mas se o atavam naquele momento, quando estava a ponto de perder o juízo, possivelmente admitisse a derrota e deixasse de tentar ser outra coisa que um demônio. Todos o estavam olhando.

-Sinto muito. - disse.

Algo não ia bem. Aquela dança frenética com o espírito era completamente absurda. Era vergonhosa. Normalmente, lutavam um com o outro, mas não assim. Possivelmente precisasse passar mais tempo no ginásio. Ou outra rodada com Aeron.

-Bem? - perguntou Lucien. Maddox assentiu rigidamente. Lucien segurou as mãos por trás das costas e olhou a todos os outros. -Como isto já está resolvido, vamos falar da razão pela qual os trouxe aqui.

-Vamos falar da razão pela qual trouxe as mulheres aqui... - interveio Paris. -... Em vez de as deixar na cidade. Sim, Aeron tem um trabalho a fazer, mas isso não explica...

-As mulheres estão aqui porque não queríamos que partissem da cidade e que Aeron se visse obrigado as seguir. - se justificou Lucien. -E eu queria que as vissem para que não as matem se encontram com elas pela fortaleza. Se conseguem escapar, voltem a lhes trazer para meu quarto e as encerrem dentro. Não falem com elas nem lhes façam mal. Até que pensemos como liberar Aeron disto, as mulheres são nossas convidadas. Entendido?

Um por um, os senhores assentiram. Que outra coisa podiam fazer?

-Por agora, deixem isso e descansem. Sigam adiante com sua Jornada. Estou certo de que logo necessitarei de vocês.

-Eu, para começar, penso em beber até perder o sentido. - disse Aeron, passando uma mão pela rosto. -Mulheres na casa! - murmurou enquanto se afastava. -Por que não convidamos a toda a cidade e fazemos uma festa?

-Uma festa estaria bom. - disse Torin. -Possivelmente me ajudasse a esquecer esta sociedade masculina por obrigação.

Dito isso, ele também partiu. Reyes não disse nada. Se limitou a tirar uma faca de sua jaqueta e partiu pelo corredor, sem deixar dúvida do que pensava fazer. Maddox teria se oferecido para lhe cortar, para lhe dar chicotadas ou golpeá-lo e economizar a Reyes a agonia de fazer as feridas por si mesmo, mas tinha se oferecido outras vezes, e a resposta tinha sido um não muito brusco.

Ele entendia que Reyes precisasse fazê-lo por si mesmo. Ser uma carga era quase tão ruim como estar possuído. Todos tinham seus demônios, e Reyes não queria piorar
as coisas para nenhum deles.

Naquele momento, entretanto, possivelmente Maddox tivesse recebido de bom grado a distração.

-Nos veremo mais tarde. - se despediu Paris. -Vou voltar para a cidade. -tinha finas rugas de tensão ao redor dos olhos, olhos que, em vez de brilhar de satisfação, como de costume, estavam de um azul apagado. -Não estive com nenhuma mulher, nem esta manhã nem ontem à noite. Tudo isto... - disse, e fez um gesto com a mão para a porta. -... alterou minha a agenda. E não de um modo positivo.

-Vá. - o animou Lucien.

-A menos, claro, que me permita entrar em seu quarto...

-Vai. - repetiu Lucien com impaciência.

-Elas é que perdem. - disse Paris. Deu de ombros e desapareceu pela esquina.

Maddox sabia que devia se oferecer para vigiar às mulheres. Depois de tudo, certamente estavam ali por sua culpa. Entretanto, precisava ver Ashlyn. Não, não o necessitava. Queria vê-la. Ele não necessitava nada, e menos de uma humana com
motivações questionáveis e que estava destinada a morrer.

-Lucien...

-Vá. - disse seu amigo. -Faz o que precise fazer para manter as coisas sob controle. Sua mulher...

-Não quero falar de Ashlyn. -respondeu Maddox. Já sabia o que Lucien queria lhe dizer. Tem que se ocupar de sua mulher o quanto antes. Ele também sabia.

-Te tira isso do corpo e depois faz o que tenha que fazer para que nossas vidas possam voltar para a normalidade.

Maddox assentiu e partiu, se perguntando se valia a pena voltar para sua vida normal.

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