Capítulo 17

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Quando Aeron e Danika entraram na fortaleza pela janela e aterrissaram no chão do dormitório de Maddox com um suave golpe, Ashlyn ficou assombrada. Nunca teria imaginado. Aquele homem tinha realmente asas negras e brilhantes.

«Queria conhecer outros como você, Darrow. Bom, pois conseguiu».

Maddox tinha lhe dito que era imortal, que estava possuído. Ela tinha suspeitado que podiam ser demônios, assim não era de se admirar que fossem de verdade. Mas
asas? Enquanto subia pela colina, tinha ouvido vozes que falavam de um homem que podia voar, mas não tinha dado importância a elas. Estava muito ocupada tentando bloquear a catarata de vozes. Deveria ter prestado atenção, mas também tinha escutado que... tinha um homem que podia entrar no mundo dos espíritos, e outro podia hipnotizar com apenas um olhar...

Suspirou. Maddox a tinha hipnotizado. Desde o começo, tinha ficado presa em sua rede. A estranha luxúria que sentia por ele era tão imprópria dela como sua precipitada
decisão de ficar no castelo.

-Aqui está o Tylenol. -disse Danika com voz trêmula, e tirou um frasquinho vermelho e branco de uma bolsinha de cor verde.

Ao seu lado, Aeron ergueu os ombros. Suas asas se fecharam e desapareceram por completo. Se inclinou, pegou a camiseta do chão e a pôs, cobrindo as tatuagens ameaçadoras que lhe decoravam o torso. Caminhou até a janela e a fechou antes de se voltar para Danika com os braços cruzados. Ficou ali, calado, observando tudo.

-Obrigada. -disse Ashlyn. - Sinto que tenha passado tão mal para me trazer isso.

Danika entregou dois comprimidos em silêncio, que ela aceitou com gratidão. Ainda sentia um pouco de dor e tinha caimbras que a incomodavam, e ainda tinha náuseas.
Entretanto, se encontrava muito melhor que no princípio.

Maddox pegou os comprimidos antes que ela os colocasse na boca. Estudou-os atentamente e franziu o cenho.

-São mágicas? -perguntou com curiosidade.

-Não. -disse ela.

-Então como é possível que duas pedrinhas acalmem a dor?

Ashlyn e Danika se olharam desconcertadas. Aqueles homens tinham tido que se relacionar com os humanos durante todos aqueles anos. Como era possível que não soubessem nada da medicina moderna?

A única explicação que Ashlyn encontrava para tudo aquilo era que nunca tinham prestado atenção a uma pessoa doente. Além disso, só um dos homens, Paris, ia à cidade com freqüência. Ela sabia porque tinha ouvido vozes que o diziam.

Então Maddox permanecia trancado naquele castelo? De repente, Ashlyn suspeitou que sim, e isso fez com se perguntasse se ele se sentiria alguma vez esquecido, se sentiria desamor e desamparo.

Salvo pela amabilidade com que Mclntosh a tratava, Ashlyn também tinha se sentido assim no Instituto, sempre. Ali só valia por sua capacidade de ouvir vozes. Se deu conta de que queria entender Maddox. Queria descobrir coisas sobre ele, reconfortá-lo como ele tinha reconfortado a ela. Maddox não podia sabê-lo, e ela não ia dizer que a
cada vez que a tinha acariciado e lhe tinha esfregado o abdômen, ou lhe tinha dito palavras de carinho, apaixonou-se um pouco por ele. Era um equívoco, uma tolice, mas
era impossível de se deter.

Deveria falar a ele de sua habilidade para ouvir vozes, mas tinha decidido não fazê-lo quando ele tinha mostrado um interesse tão agudo, quase zangado. Tinha dito a si mesma: «Se Maddox se zanga antes de saber até onde chega minha habilidade, ficará
horrorizado quando conhecer toda a verdade?».

No Instituto, a maioria das pessoas se sentia incômoda com ela porque sabiam que podia se inteirar de suas conversações privadas apenas ao entrar em uma sala. Como tinha decidido ficar no castelo, por mais estranho que fosse aquele lugar, não queria enfrentar aquele rechaço em outros. Por uma vez, queria que a considerassem a pessoa mais normal de todas. Só durante um momento.
Estando com demônios, aquilo não deveria ser tão difícil.

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⏰ Última atualização: Jul 05, 2016 ⏰

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