Camila sempre costumava dizer que havia aquele ponto da sua vida onde você ficaria livre de todos os medos. Enquanto ela dirigia sua Ferrari que parecia deslizar pelas ruas molhadas de Nova York, era exatamente assim que ela se sentia.
Nunca havia sido suscetível a certos tipos de sentimentos, mas naquele dia em particular, ela não conseguia se livrar do bolo que parecia crescer próximo ao seu peito. De qualquer forma, ela o ignorava e se concentrava em parecer impassível. Demonstrar emoções era uma grande forma de fraqueza e ela nunca se deixaria levar por esse ponto, pelo menos não novamente...
Levantou-se da cama sem vontade, mas se movendo cuidadosamente por causa do corpo adormecido ao seu lado. Estava acostumada com aquele quarto pequeno, pelo menos cinco vezes menor que o dela. Não se importava mais, depois de algum tempo. Arriscava até a achar o lugar aconchegante, ainda que não se conformasse com o fato do cheiro de sabão em pó barato do edredom parecer impregnar todo o quarto ou dela não poder dar três passos para o lado sem bater na cama. E ela nem gostava de lembrar que tinha que sair do quarto se quisesse ir ao banheiro à noite, como agora. Achava que todos os quartos deveriam ser suítes, mas acabou percebendo que era um luxo para poucos.
E de luxo ela entendia muito bem.
Depois de sair do quarto, foi para o banheiro e tomou um breve banho, naquele box apertado onde a água do chuveiro nunca saia quente o suficiente. Das primeiras vezes ela achou que não fosse suportar, mas agora ela apenas fazia as coisas, sem ficar reclamando muito. Estava acostumada. O sabonete, o mais barato possível, lhe parecia ter um cheiro desagradável à primeira vista, mas ele não se mostrava de tudo ruim – apenas não era cheiroso o suficiente.
Depois de se secar rapidamente com a toalha que parecia lixa na sua pele macia e delicada, a mulher saiu do banheiro completamente nua, indo para o quarto prendendo os cabelos em um coque frouxo.
Não se sentiu incomodada ao ver aqueles olhos verdes encarando seu corpo desnudo, apenas pegou o seu vestido do chão e o vestiu, sentando na beirada da cama para colocar seus saltos.
- Já vai? – A voz grossa perguntou atrás dela, ascendendo um cigarro.
- Porque, Lauren? – Se virou e estreitou os olhos. – Quer que eu fique aqui brincando de casinha com você? – Lauren revirou os olhos.
- Eu sei que você não entende muito de contato social, então vou te explicar que é uma expressão retórica, uma forma de falar, Srta. Simpatia. – Expeliu a fumaça pela boca e procurou pelo controle da televisão em cima do criado mudo, ligando o aparelho em seguida.
Camila se levantou e olhou sua calcinha rasgada no chão enquanto pegava a sua bolsa.
- Você tá fazendo coleção dessa porra? – Perguntou irritada, levantando a peça com a ponta dos dedos e Lauren não se deu o trabalho de olhar antes de responder.
- To. Coloca na primeira gaveta do lado esquerdo do guarda roupa. – A mulher jogou a peça no chão, irritada.
Encarou Lauren por alguns segundos, que estava sentada na cama com as costas na cabeceira, usava uma blusa velha e desbotada de alguma dessas poluições sonoras que ela costumava escutar e uma calcinha box preta. Havia alguma coisa que sempre emanava dela que era extremamente excitante. Talvez porque Camila nunca houvesse se interessado em conhecer mais de Lauren do que ela já conhecia.
Não que ela quisesse/precisasse.
Trocava os canais da tv tediosamente, parecendo que poderia estar fazendo alguma coisa mais interessante do que fingir que estava querend em assistir alguma coisa apenas para não ter que conversar com Camila, bastante cansada da forma que era tratada. Ainda assim, a mulher estava dentro da sua casa, havia tomado banho no seu chuveiro e era apenas com ela que Lauren havia transado nas últimas semanas, forte indício de que sim, havia algo errado.
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I Know What You Did Last Summer (One-Shot)
FanfictionCamila não se arrependia do tempo que esteve em Miami, nem das coisas que ela havia feito antes disso. Se tinha uma coisa que ela não sentia, era arrependimento. Foi criada para achar que era besteira essa história de se arrepender, porque de uma fo...