Um dia após o outro

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"Os nossos sentimentos são como um leve e frágil objeto de vidro, ao quebrar nunca voltará ao normal. "

Nove meses depois...

O céu nublado estremecia a cada relâmpago, anoite chuvosa parecia avançar no horizonte, a luz iluminava o caminho fazendo o motoqueiro ver um pouco mais o que lhe aguardava a frente. Uma das peças próximo ao eixo dianteiro da Davison se soltou travando a roda, o rapaz caiu na pista molhada, rolando por alguns metros. Após a queda ele tentou se levantar, mas os braços se enfraqueceram e o rapaz voltou a molhar a face na estrada barrenta, "cadáveres ambulantes" gruinham alto e se aproximavam sedentos.

No acampamento, entre as paredes de concreto gritos de dor e alegria ouvia-se.

- Onde... onde está Felipe? Quero ele ao meu lado no caso de não resistir.... --- Questionou e finalizou Ana, estremecendo em grito de dor. ---

- Nada vai acontecer, Felipe chegará e logo o bebê estará nos seus braços... --- Disse Andressa tentando acalmar Ana. ---

- Faz quatro horas que Felipe saiu para procurar coisas numa antiga creche e até agora não voltou... --- Marcos disse baixo para Grego. ---

A noite ia passando e os dolorosos gritos aumentavam. O lençol branco sob as pernas de Ana tingia-se de sangue, todos riam alegres ao ouvir o choro da nova vida que acabará de chegar ao mundo.

A manhã fria e nublada predominava sem dar chances ao aparecimento do Astro Rei, após a noite agitada. A enxada esfolava a terra, "cadáveres ambulantes" gruinham e se contorciam para escapar das estacas de eucalipto, posicionados atrás dos muros compostos de placas metálicas. Passos faziam barulhos em contato com a terra úmida, a mulher observava o rapaz.

- O que faz acordada a essa hora? --- Perguntou Marcos. ---

- Somente vim colher o trigo para fazer o pão... --- Respondeu Andressa. ---

- Hoje terá pão no café da manhã, é? --- Perguntou Marcos com um sorriso animado. ---

- Não fique tão animado... você só vai ganhar uma fatia... se fizer seu serviço bem feito, talvez, vai ganhar duas... agora preste atenção na horta fazendeiro... --- Se pronunciou Andressa. ---

Risos e brincadeiras ajudava compor a conversa animada dos dois. Enquanto isso, Ana amamentava o pequeno fruto de seu relacionamento.

- Cadê o papai? --- Ana perguntou de maneira carinhosa. ---

O bebê apenas resmungava em sinal de satisfação, o bocejo foi ouvido de maneira abafada.

- Bom dia... --- Disse Felipe com a voz rouca e sonolenta. ---

Até o pátio foi possível ouvir barulho de buzina e gritos do lado externo do grande portão.

Fim de primeira temporada!

Vida pós morteWhere stories live. Discover now