Capítulo 4

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So we took to the calico road
Running from the weather
There was a highway inside of her eyes
There was a buried treasure

American Money - Borns

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Sammy acorda em um lugar estranho, desconhecido.
Ela se levanta devagar e se senta olhando a seu redor.
Parecia ser um porão, mas por que estaria ali? Ela não se lembrava de muita coisa afinal.

Quando então ela se levanta, uma súbita dor a atinge e as memórias vão voltando, uma por uma.
Se lembra da morte de sua mãe, e então começa a chorar baixinho.

Por que não poderia ser simplesmente um sonho ruim?

Então ela ouve passos descendo ao porão. Assustada, ela se esconde num canto mais escuro, junto com algumas caixas.

-Sammy - uma voz a chama, descendo os últimos degraus para o porão, e então ascendendo uma luz fraca. - Onde você ta?

Ela reconhece a voz, mas continua assustada. O que havia acontecido depois daquilo? Por que ela estava ali? Eram perguntas que não paravam de vir à sua mente.

-Te achei - diz o garoto, puxando suavemente o seu braço e trazendo-na para a luz.

-O que aconteceu? Onde estamos? - Aflita, não sabia se podia confiar nele, não sabia o que pensar.

-Não se preocupe, estamos na minha casa. E o que aconteceu? Você não se lembra de nada? - ele olha para ela e sem ouvir uma resposta decide explicar - Eu fiquei sabendo sobre sua mãe, e fiquei preocupado, então fui até o hospital. Mas quando eu cheguei você só estava desmaiada e encharcada de sangue - ela olha para sua roupa e vê o sangue - e bom... Muitos dos enfermeiros e médicos estavam mortos.

As lágrimas voltam a escorrer, silenciosas pelo seu rosto.

-Sammy, eu sei que você se lembra de alguma coisa. O que aconteceu lá?

-Eu.. Eu.. - ela não conseguia. As palavras não saíam.

-Tudo bem. Desculpa por te fazer toda essa pressão, deve ter sido algo muito horrível.

Ela faz que sim, com a cabeça e desvia o olhar.

-É.. Eu resolvi te trazer para cá, não podia te deixar desmaiada naquele lugar. Mas já faz um dia que você está dormindo, e a polícia está atrás de você.

Isso a assustou, e muito.

-Olha, agora que você acordou, sobe e vai tomar um banho. Minha irmã não está em casa, mas eu posso pegar umas roupas dela para você.

-Valeu - Agradeceu timidamente.

Os dois subiram os degraus. Já lá em cima, Jamie deu uma toalha para ela e roupas de sua irmã.

O sangue havia grudado em sua pele. Sammy começou a chorar enquanto tentava se limpar, estava inconsolável.

"Você os matou. Matou todas aquelas pessoas. Matou sua mãe. Você não merece viver." era a voz, que não a deixava em paz.

Vestiu a roupa que Jamie havia lhe dado. Um vestido preto.

Ela saiu do banheiro com passos leves, decidida. Jamie estava na cozinha preparando algo.
Ela saiu devagar, para que ele não percebesse. Como último favor pegou um sapato da irmã dele e saiu.

Não tinha ideia de onde estava e nem de para onde iria, só sabia que precisava sair dali.

Enquanto andava, pensava no que ele havia dito "a polícia está atrás de você". Ela deveria achar um lugar para ficar, e logo.

Sammy havia andado alguns metros quando Jamie a chamou.

-Hey! Sammy??!

Ela olhou para trás e esperou o garoto alcança-la. Ele veio correndo atrás dela.

-Hey! O que... O que você ta fazendo? Porque saiu assim?

-Olha, obrigada por tudo. Mas eu não posso ficar aqui, você sabe disso. Não quero causar problemas para ninguém, vou achar um lugar para ficar.

-Então eu vou com você. - ela ia falar algo, mas ele a interrompeu - Você querendo ou não, eu vou te seguir. Você não vai ficar sozinha por aí. Por acaso sabe aonde estamos? Tem algum lugar para ir? - Encarou-a por um instante - Então, eu vou ficar com você.

-Olha.. - Mas ele a encarou com aqueles olhos profundos, decididos. Então mesmo sem saber o porquê de sua resistência, acabou cedendo.

-Primeiro vamos voltar lá para minha casa. Antes de resolver ir para qualquer lugar nos precisamos de dinheiro, roupas e comida. Sei que você deve estar morrendo de fome.

Ela afirmou com a cabeça e eles voltaram.

Fiz panquecas, toma - disse lhe entregando um prato e colocando as panquecas na mesa junto com sucos e refrigerante.

Ela ficou em silêncio, apenas pegando as panquecas devagar e comendo, fazendo o mínimo ruído possível.

-Então... - Sammy não olhou, mas o garoto a encarava - Você se lembra do que aconteceu?

-Não quero falar sobre isso.

-Ah... tudo bem, desculpa - Jamie a olhou por um último momento e se levantou.

Foi até o quarto da irmã e pegou uma das bolsas dela, algumas roupas aleatórias que ela iria surtar quando sentisse falta, e um cobertor.

Do seu pegou tudo que era importante e enfiou em uma mochila, pegou outra para levar comida e se sentou na cama pensativo.

"Que merda eu to fazendo? Eu mal conheço essa garota, a pouco tempo soube que ela é conhecida como "A Amaldiçoada", a polícia ta atrás dela e eu vou fazer o que mesmo? Fugir com ela? Meu Deus, eu to louco"

Ele estava completamente perdido, mas algo nele, algo bem pequeno mas muito profundo dizia que ele deveria fazer aquilo.

Jamie deu um último suspiro e se levantou, foi até o quarto do pai e pegou em uma gaveta dinheiro para emergências e colocou no bolso da calça.

Desceu as escadas com tudo e Sammy olhava para fora através da janela da cozinha, tudo estava limpo, e não tinha o mínimo sinal de que alguém havia comido algo ali.

O garoto parou ao pé da escada intrigado, observando a menina.

-Tem certeza disso? Eu posso me virar sozinha.

Ele tomou um susto, ficou parado por um momento e então largou as duas bolsas ao pé da escada e foi até a despensa carregando a mochila vazia.

-Tenho.

Pegou coisas enlatadas de todos os tipos, biscoitos, sucos, macarrão instantâneo, leite e tudo que coube.

-A gente precisa passar na minha casa. - ela surgiu atrás dele, como um fantasma.

-A polícia deve ter cercado tudo, eles devem estar vigiando o lugar para o caso de você voltar, não é uma boa ideia.

-Eu preciso.

Ele colocou a mochila nas costas e virou para encara-la, ela parecia decidida.

-Vai ser difícil - ela não se moveu - A gente consegue. - ele disse e a garota saiu do cômodo, pegou uma das mochilas e esperou.

Jamie trancou as janelas e as portas e pegou a outra mala, então sentiu na pele novamente o que estava fazendo.

Iria ajudar uma garota que mal conhecia.
Uma garota que estava fugindo da polícia.
Ela poderia ser uma criminosa, afinal ele não sabia o que havia acontecido no hospital aquele dia.

Porém, mais uma vez aquela parte dele o fez seguir em frente, e ele prometeu algo silencioso naquele dia.

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