Capítulo I

160 23 9
                                    

Noite maravilhosa a qual estava sendo realizada a formatura de Beatriz. Era seu último dia junto com seus colegas,pois, todos já haviam planejado o que iriam fazer depois de terminar os estudos, ou seja, não encontrariam-se reunidos por um bom tempo ou até mesmo nunca. Beatriz era a única que não havia planejado nada, até seus amigos que ela imaginara não ter nenhum objetivo já haviam escolhido algo. O Felipe iria trabalhar e morar com seus pais por tempo indeterminado. Nicole havia feito planos para ingressar em uma faculdade de medicina e a Júlia queria montar uma banda. Esses eram os melhores amigos de Beatriz. E no dia de sua formatura todos os membros de sua família estavam reunidos assistindo aos agradecimentos de Beatriz:
- Eu agradeço ao meu Deus e a todos que me apoiaram. - Não passou muito tempo até ela sair do palco rapidamente, emocionada, em direção a sua família. Desde o primeiro grau Felipe era caidinho por Beatriz, mas como eram amigos de infância ele nunca havia-lhe contado, pois, poderia estar confundindo amizade e paixão, além dela ser muito cantada pelos outros garotos, ele imaginava que ela nunca iria lhe dar a mínima, mas agora era a hora de se declarar, e iria ser publicamente. Inesperadamente as luzes se apagaram, e somente uma estava acesa no palco e diante de melodia clássica alguém dizia entre os murmúrios:
- Calma pessoal. - Era Felipe. - Também passei um tempinho na escuridão, mas era outro tipo e foi com uma grande amiga. - Felipe estava olhando fixamente para Beatriz. - E me arrependo de ter ficado nela enquanto eu poderia sair, hoje resolvi me declarar. - Ele subiu em uma cadeira e falou com um tom bem mais alto que o anterior. - Beatriz devo lhe dizer que nesses últimos anos estava totalmente apaixonado por você, não lhe disse, pois estava com medo de sua reação, agora diante de todos, você aceita sair comigo? - Beatriz olhou para todos os lados e percebeu que todos os olhares estavam voltados para ela, pressionada por isso, Beatriz saiu correndo - Era esse
o meu medo - Disse Felipe saindo do palco.
Todos que estavam ali-o saudaram com muitas palmas e vivas. Depois o DJ soltou o som e a festa continuou sem Beatriz, ela voltara para casa após a declaração.
Linda manhã quando o celular de Beatriz tocou, eram suas amigas:
- Oi amiga. Nossa como você pode deixar o Felipe sem resposta? - perguntou Nicole.
- Depois daquela linda declaração, agora eu entendi o porquê que ele sempre lhe acompanhava, sempre lhe dava mais atenção e depois com o que você retribui? Com mágoa, decepção. - Júlia estava tão decepcionada quanto Felipe.
- Está bem, acabaram com os sermões? Ele me pegou de surpresa, eu não conseguiria dizer sim e
o "não" iria machucá-lo muito. - Disse Beatriz com voz de sono.
- Hum, deixá-lo sem resposta não iria magoar? Sabia que ele quase morreu de vergonha? - Nicole perguntou em tom de repreensão.
- Fiquei grata pela ligação, vou visitar o Felipe mais tarde. - Disse Beatriz.
- Então... Felipe viajou hoje para a casa dos pais. - Júlia surpreendeu-a.
- Então, não posso fazer nada no momento, vou enviar uma mensagem agradecendo por tudo o que ele fez por mim. E agora tenho que tomar café, tchau. - Beatriz desligou o celular e imediatamente enviou a mensagem para seu amigo. Passaram-se dias e nenhuma resposta. Por mais que lamentava ter magoado seu amigo, estava conformada que foi o destino e não se sentia tão sozinha até o dia em que Nicole viajou para fazer faculdade, Júlia estava em viagem pelo país a procura de uma banda, Beatriz estava somente em casa com seus pais, se sentindo sem rumo, foi pedir sugestões dos seus pais.
- O que devo fazer mãe? Eu não planejei nada, simplesmente desejei comprar uma motocicleta porque era meu sonho ter uma só pra mim, mas, para que eu tenha preciso trabalhar e conseguir dinheiro, o Felipe sempre me prometeu que iria me ensinar, mas, ele se foi, todos se foram e somente eu fiquei... - Disse Beatriz quase em prantos.
- Filha, acho que você deve começar com um trabalho por aqui mesmo, ser garçonete, trabalhar em supermercados, o que te fazer bem. - Disse Flávia sua mãe.
- Não, eu quero viajar como todos os outros, eu não quero ficar por aqui e você sonha muito baixo mãe, quero algo que seja mais valorizado. - Disse Beatriz. Seu pai, Sandro, que estava sentado no sofá ouvindo a conversa, optou em dar uma sugestão.
- Filha não é bem assim, ir chegando e trabalhando em grandes empresas não, no começo temos que lutar pelo nosso objetivo. Você é muito desesperada, nunca se esforçou por nada e em minha opinião você deve pesquisar coisas novas para aprender e investir no seu próprio negócio. - Beatriz ainda confusa com o que seus pais disseram, resolveu pensar melhor.
- Vou sair, vou à lanchonete - Disse Beatriz.
- Sozinha? - Perguntou o seu pai.
Beatriz saiu sem lhe dar atenção, saiu de casa atravessou a rua e já deu de cara com a lanchonete, sentou - se em uma das mesas vazias. A garçonete que conhecia ela há um tempinho foi atendê- la.
- Olá, o que deseja?
- Desejo uma aventura, muito sucesso, pode ser qualquer trabalho que ganhe muito dinheiro e que use um uniforme maneiro, a única que eu não quero ser é uma garçonete e usar esse avental, não combina comigo. Disse Beatriz indelicadamente. - No momento quero somente um sanduíche.
- Desculpe, mas esse trabalho não é tão baixo quanto você pensa, e para quem não tem nenhum, deveria se orgulhar, esse é o começo para uma vida melhor. -Disse a garçonete. - E trago-lhe o sanduíche em instantes. - Passaram dois minutos quando ela voltou.- Aqui está. Enquanto preparava pensei no que você disse além de que eu achei muito errado da sua parte, mas enfim eu aconselho você fazer uma viagem sozinha pelo país ou até mesmo para fora dele, conhecer novas culturas sem ter alguém fazendo tudo pra você. - Dizia a garçonete em um tom de felicidade, como se nunca tivesse dado um conselho tão benéfico. - E ai o que me diz?
- Como? Eu nunca viajei sozinha. - Disse Beatriz.
-Tudo tem a primeira vez.
-Você só pode estar maluca, isso é resultado de ficar tanto tempo na cozinha sobre vapor e minha mãe ainda quer que eu trabalho nesse muquifo, onde já se viu uma garota que mal fala português viajar para outro País com idioma diferente, ainda mais sozinha, você quer que eu morra? Me passa a conta, tenho que ir embora, eu de boba fico aqui dando-lhe satisfação. - Disse Beatriz se levantando.
- Tudo bem senhorita, mas cuidado com o que fala, eu somente queria ajudar, pense bem.
Beatriz pagou a conta, atravessou a rua e já estava na frente da sua casa, quando ela sentiu ter machucado alguém, ou melhor, a algumas pessoas, então se sentou na calçada e começou a refletir tudo que haviam dito para ela, e em todos esses 18 anos o que ela havia feito para orgulhar seus pais? Então pensou bem no que a garçonete havia-lhe aconselhado: "Uma viagem sozinha" então pensou "Até que não é uma má ideia, talvez isso não seja algo para se orgulhar, mas eles iriam ver que sua filha cresceu e que já sabe viver sozinha , então vou logo falar com meus pais ", ela se levantou foi em direção a casa e quando abriu a porta se deparou com seus pais deitados no sofá lendo alguns livros antigos, ela se tornara insensata diante dos livros, Beatriz mal conseguia ler as duas primeiras páginas,pois, já estava dormindo e além disso ela também não deixava os outros lerem,pois, sempre estava fazendo algo com barulho irritante: Secando o cabelo, ouvindo musicas no volume máximo, cantarolando embaixo do chuveiro... Mas desta vez ela estava disposta a passar despercebida por seus pais, com sucesso, subiu as escadas e chegando ao seu quarto, pegou o seu computador e começou a pesquisar sobre alguns países, cidades que se localizavam neles, ela localizou París na França, mas se conteve "Aqueles atentados recentes à França ainda me assustam, o Bataclan então..." não conseguiu deixar de se emocionar lembrando-se daquela tragédia. Demorou muito até localizar a Itália, Beatriz nunca gostou muito de geografia, após procurar por todas as cidades que constituía o país, se conformou com Roma, depois de pesquisar tudo sobre ela, decidiu que iria viajar e seria para Itália com destino a Roma.
Beatriz desceu as escadas, já não respeitando mais a leitura dos pais:
- Pai, Mãe decidi o que vou fazer.
- Me deixa adivinhar, você finalmente vai arrumar sua própria cama? - Perguntou seu pai com a felicidade estampada em seu rosto.
- Não é bem isso, eu vou viajar para Itália. - Disse Beatriz olhando para os rostos surpresos. - Interessante, não é?
- Filha você só pode estar de brincadeira, você nunca saiu da cidade agora quer sair do país, seu pai e eu não vamos aceitar.- Disse Flávia , sua mãe.
- Espere um pouco, eu não disse que não aceitaria, eu concordo, já está na hora dela tomar suas próprias decisões, entenda. Ela já completou seus dezoito anos, não podemos impedí-la em nenhum momento. - Disse Sandro, seu pai.
- Como? Você vai viajar com algum amigo? - Perguntou sua mãe.
- Não mãe, eu vou sozinha e não tente me impedir. É para o meu bem. Agora minha preocupação é como tirar um passaporte, você sabe pai? - Perguntou Beatriz olhando para seu pai, mas mudou a direção do olhar quando observou sua mãe muito emocionada, ela não se conteve e começou a chorar também.
- O processo não é complicado filha, basta ficar atenta a alguns processos, passaporte é emitido pela Polícia Federal. Em muitas cidades, o agendamento é feito pela internet, o que facilita bastante e você pode tirar todas as suas dúvidas na internet. - Disse Sandro.
- Mas, é seguro pela internet Sandro? - Perguntou Flávia.
- Se as pessoas usam a internet para isso e nunca reclamaram, não tem porquê eu dizer que não, agora fique tranquila, eu a acompanharei de perto. - Disse Sandro.
- Obrigada por entenderem, amo vocês, vou dormir agora, eu vou sentir falta de vocês, mas vou mandar notícias. Tudo bem? - Disse Beatriz abraçando seus pais e logo após do abraço subiu novamente as escadas e foi diretamente ao seu quarto, chegando lá passou a se informar sobre o passaporte e resolveu ligar para suas amigas informando-as sobre sua viagem, Beatriz estava com a consciência pesada, achava que a última ligação não foi muito amigável. Ela ligou primeiramente para Nicole, mas foi sem sucesso, a ligação não foi atendida e resolveu ligar para Júlia.
- Alô. Tudo bem? - Perguntou Júlia.
- Sim, estou bem pode me dizer que barulho é esse? - Disse Beatriz tampando os ouvidos imediatamente.
- É o ensaio da minha nova banda, acredita que passei por cinco bandas e não me aceitaram? Não sei por que, mas, me fala sobre você, ligou para o Felipe?
- Acredito, também não entendo a razão. Mandei algumas mensagens para o Felipe, mas ele não respondeu acho que ficou magoado. E tenho que te contar, vou viajar para Itália. - Disse Beatriz e em seguida ela ouviu muitos gritos que ultrapassaram o barulho da banda.
- Que maravilha amiga, ótima ideia, caso você conheça algum italiano empresário lembre-se de citar sobre minha banda, tudo bem? Você já contou essa novidade para a Nicole? Perguntou Júlia.
- Não. Imagino que ela esteja muito ocupada. Beijos amiga, boa noite. - Disse Beatriz.
- Boa noite. - respondeu Júlia.
A noite foi longa para Beatriz que estava tão ansiosa que mal conseguiu dormir, seria na manhã seguinte que iria viajar e deixar toda essa mordomia para trás, mas com que estava mais surpresa era com o fato de como as coisas acontecem e passou horas tentando lembrar que se ela tivesse aceitado o convite de seu amigo talvez não teria a chance de viajar para o exterior, então perdeu um amigo mas, ganhou uma viagem. Em uma fresta na janela os raios do sol brilharam no rosto de Beatriz, nesse momento ela acordou com sua mãe parada na sua frente.
- Que foi dessa vez? Estou morrendo de sono. - Disse Beatriz.
- Bom dia! Levanta, esqueceu que você tem muitas coisas para organizar? - Perguntou sua mãe, já observando Sandro entrar com algumas malas no quarto.
- Bom dia meu anjo! - Disse Sandro dando um beijo na testa de sua filha. - Comprei as malas suficientes para a viagem e daqui a pouco iremos comparecer no Departamento da Polícia Federal para apresentar a documentação, ok? Sua viagem é daqui cinco horas e agora já são oito horas, levanta vamos.
Beatriz se levantou e começou a organizar suas roupas nas malas, mas ela não estava tão animada quanto no dia anterior, algo fazia com que se arrependesse dessa escolha, mas mesmo assim não voltaria atrás. Foi uma manhã fria e calma, sua mãe já temia a saudade que sentiria com sua ausência e falava pouco para não demonstrar o seu choro, já o seu pai estava muito ocupado deixando Beatriz informada sobre a hora de cinco em cinco minutos. Já era meio dia e Flávia fez questão de preparar um almoço caprichado, depois de almoçar Beatriz voltou ao seu quarto pegou as malas e caiu em prantos quando viu seu quarto quase totalmente vazio, mas fechou a porta imediatamente, quando desceu as escadas seus pais estavam abraçados esperando pelo abraço coletivo, ainda emocionada Beatriz correu ao encontro.
-Filha nos informe sempre de como você está, onde e com quem está. Tudo bem? Estaremos aqui de braços abertos esperando você voltar. Disse Flávia.
- Tudo bem! Vou-lhes informar sempre. - Disse Beatriz.
- Te amo filha! Agora vamos se não quiser perder o vôo, não que eu queira que saia imediatamente, mas se quiser mesmo viajar está na hora. - Disse Sandro.
- Vamos. - Disse Beatriz saindo do abraço e indo em direção a porta, Flávia não iria com sua filha até o aeroporto, pois, não queria fazer com que sua filha desistisse da viagem por causa do seu forte emocional. Sandro e Beatriz entraram no carro e com um aceno Beatriz despediu-se novamente de sua mãe, eles passaram no Departamento posto da Polícia Federal e foram diretamente para o aeroporto, estavam correndo contra o tempo,pois, não queriam ficar presos em um engarrafamento. Depois de alguns minutos chegaram, Sandro já havia explicado a Beatriz que não poderia ficar com ela no aeroporto até a hora do vôo, pois teria que ir para o trabalho, aquele era o dia que Sandro seria promovido como gerente de toda a organização e ele já havia falado para o seu chefe que iria se atrasar um pouco por motivos familiares e Beatriz compreendeu.
- Filha. - Houve uma grande pausa até seu pai retomar o fôlego. - Vá com Deus! E também quero dizer que posso ficar com você se não estiver segura. - Disse Sandro.
- E perder a reunião? Nunca, e ainda poderia perder a chance de se tornar gerente, não obrigada, vou ficar bem. - Disse Beatriz abraçando seu pai e logo depois seu pai retornou ao carro.

#JustWritelt #primeiravez #PrimeiraVez #justwritelt

ROMAOnde histórias criam vida. Descubra agora