Lembram-se destes dois, cujo um desejo a uma estrela cadente que liga-os, será que Lola irá se livrar de vez do Axel? Mas será que ela quer, depois de tanto tempo a solo?
Ao vê-lo sentado ali, de costas, na berma do passeio, a olhar ou para o horizonte ou para o vazio, fiquei sem saber o que fazer, podia não perceber muito de rapazes, mas definitivamente aquele é muito estranho, no entanto, eu devo relacionar-me bem com ele, já o mesmo termo se aplica a mim, por isso engoli em seco, dei passos pequenos na sua direção, como se fosse um bebé ou se calhar como uma parva, do que eu podia ter medo desta vez, pois talvez de magoa-lo ou afasta-lo de mim, já que é o que acontece com todos os que relacionam-se comigo, eu sou como um veneno indolor, invisível e sem sabor, só me vês quando já te tiver feito algo, como a minha irmã já me disse uma vez: "És uma víbora com cara de santa", talvez seja mesmo, só isso respondia a situação de eu ser totalmente um íman que só atrai azares. Chego bem perto dele, quase sustento a respiração, debruço-me, pondo a minha mão no seu ombro, quando ele vira, repentinamente, com um olhar assustado, que parece ser um animal ou uma criança com medo de ser magoada, tirei a minha mão, instantaneamente, e recuei para trás:
- Desculpa... - Diz, ele baixo, por me ter assustado.
- Não faz mal. Só queria saber se estava tudo bem contigo, porque já saíste há algum tempo da minha casa e continuas aqui?
- Pois... É que... Eu não tenho para onde ir.
- Como assim? Tens a certeza? Toda a gente tem sempre algum sítio para ir... - Eu sabia muito bem que estava a mentir não só a ele como a mim própria, uma vez que eu deixar de ter dinheiro para pagar o meu apartamento, acho que irei ficar como ele, uma vez que não me vem a cabeça nenhum sítio onde seja realmente bem-vinda.
- Pois... Talvez eu não seja como toda a gente... - Ele parecia magoado enquanto respondia. Eu não costumo nem gosto sentir pena de ninguém, já que experimentei na primeira pessoa muitos olhares de pena de outras pessoas, não sei porquê mas ele parecia um espelho que reflectia os meus mais profundos sentimentos. E devido a isso, deu-me uma ideia, maluca, mas ainda assim apresenta uma solução para o problema dele, uma vez que não sou boa consolar ninguém.
- Olha eu não faço isto por ninguém, pode se dizer que partilho quase a mesma experiência de vida, por isso vou-te deixar ficar na minha casa, alguns dias, se ficares mais tempo, infelizmente vais ter que me começar a pagar renda, e se não o fizeres ou acabares por fazer algo estranho ou ilegal, eu ponho-te para fora num ápice, nem que chame a polícia para isso. - Talvez por me ter visto a mim própria nela, fez-me dar-lhe uma segunda oportunidade, já que ninguém alguma vez o fez por mim. Uh, quem me ouvir pensar até deve achar que sou uma boa samaritana.
Nesse instante, conforme me deixo levar pelos meus pensamentos como de costume, eu sou derrubada por nem mais nem menos, Axel Karmen, deitando-me no passeio, ali no meio da rua, é assim eu percebo como uma pessoa pode ficar grata pelo o que fiz, mas não é preciso tanto.
- Muito obrigado!!! - Disse berrar-me aos ouvidos, se eu soubesse que a gratidão vem com efeitos secundários como surdez e esmagamento em primeiro grau, tinha continuado andar e nunca lhe tinha dito nada, porquê que a curiosidade faz parte da natureza humana, alguém me consegue explicar?
- Okay, okay... - Dou pequenas batidas nas costas dele para ver se me larga.
- Eu sempre soube que tu... - Tosse um pouco. - Quer dizer que a alma humana lá no fundo era extremamente generosa. - Continua abraçar-me no chão, onde dezenas de cães já devem ter feito o seu serviço milhões de vezes, isso é o lembrete suficiente, para empurrá-lo com força.
- Pronto! Já chega... - Com o impacto ele caí para trás e bate com a cabeça na boca de incêndio, o que me faz soltar uns risinhos baixinho, uma fez que ponho a mão a frente da boca para me conter.
- Fico feliz que posso te pagar o favor que me fazes, ao fazer-te rir com o meu dom natural para o desastre total. - Diz, esfregando a cabeça, coitado com som que ecoou conforme a cabeça dele embateu na boca de incêndio, deve ter mesmo doído. Aproximei-me dele, verifiquei a sua cabeça, apenas estava vermelha da batida, mas não impedir que se formasse um galo mais tarde, ofereci-lhe a mão para se levantar, uma vez que estava a tornar-se extremamente estranho a quantidade de tempo que ele permanecera no chão. - Obrigado. - Disse agarrando a minha mão, trazendo outra vez aquele sentimento de aconchego, como quando me despedi dele.
- Desculpa ter-te empurrado, mas não é muito normal além albarroar-me como um camião para o chão, um obrigado bastava.
- Eu também peço desculpas por isso, mas desde que te conheci que queria mostrar a minha gratidão e o entusiasmo que sinto quando estou contigo, e nunca soube como, no entanto agora consigo expressa-los finalmente.
- Okay... Se tu o dizes, mas da próxima vez tem mais cuidado como te expressas fisicamente, sabes eu prefiro agradecimentos verbais e entusiasmo a um nível mais oral com um volume razoável.
- Está bem... Eu sempre pensei que as pessoas preferissem o calor humano...
- Como tu disseste antes, talvez eu não seja como toda a gente...
- Bem lembrado. - Refere ele com um sorriso de cachorrinho feliz que acabou de ir passear.
- Okay, eu tenho de ir a faculdade, mas assim temos de passar por um chaveiro antes, convém teres uma cópia própria da chave, para não termos que nos chatearmos um ao outro, sempre que quiseres ir ou sair de casa.
- Eu gosto do som disso. Mas eu não me importo de andar sempre contigo.
- Estranho... Não repitas isso outra vez, alguém pode achar que és um stalker. Além disso, cada um tem as suas coisas para fazer.
- Eu não tenho nada para fazer... - Diz com um ar duvidoso.
- Ah... Claro que tens, pores as tuas questões pessoais em ordem, não te esqueças que isto é temporário, por isso aconselho-te a arranjares um emprego e em seguida procurares uma nova casa.
- Okay, mensagem recebida. Já percebi que não me queres por perto... - Diz mais uma vez ofendido e chateado. O que não faz sentido nenhum, no máximo tivemos uma one night stand, e agora só lhe estou a fazer este favor por uns dias, nós nem nos conhecemos.
Será que eles irão só mesmo viver juntos por uns dias? Não será que a futura experiência como roomates irá ser algo muito mais fácil e conveniente para ela, tendo-o por perto por um período mais extenso e talvez permanente do que era previsto?
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Let's Get Weird
FantasiE se o seu adorado boneco de peluche virasse no seu único apoio na sua vida… E se estivesse bêbedo e desejasse que ele fosse uma pessoa real… E se isso realmente acontecesse… Não acharia que estava a endoidecer e que era tudo muito estranho? Então e...