Capítulo dez

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Do outro lado da rua o pôr do sol estava bem visível e o céu estava tomado por um azul magnífico misturando-se com o alaranjado do sol. A primavera avisava que chegou, com as árvores cada vez mais preenchidas por flores e frutos, e os passarinhos cantarolavam ajeitando seus ninhos para a noite. Eu lembrava o dia olhando as pessoas para lá e para cá, debruçada na janela.

— Lia? — Ouço a voz da minha mãe entrando no meu quarto, e viro para olhá-la. — Eu vinha pensando que tem um bom tempo que não saímos em família... — Ela fala se sentando em minha cama.

— Nossa, faz realmente muito tempo. — Digo me sentando na cadeira da escrivaninha de frente á janela. — Mau me lembro da última vez.

— Pois é, e como não temos nada programado para esse final de semana, pensei em visitar seus avós. — Ela fala abrindo um sorriso largo, parecendo nervosa para saber minha reação.

Digamos que não seria má ideia, até por que eu simplesmente ADORO meus avós. Porém, também existe o lado ruim, lá não pega nem sequer um fiozinho de sinal. Ou seja, sem sinal, sem internet, um final de semana inteiro sem me atualizar, geralmente são nossos avós que vêm nos visitar.

Tudo bem que já fui lá e sobrevivi, mas eu tinha sei lá, uns 13 anos? Mau me importava com internet, mas agora sim eu me importo e muito. Mas eu sabia que se eu ficasse cabisbaixa e meio indisposta, minha mãe ficaria bem mal e faria um discurso de como lá é bom, então não me restou opção senão aceitar.

— Ah, tudo bem. — Finalizo a frase com um sorriso, demonstrando estar satisfeita.

— Ótimo, prepare as malas, sairemos amanhã bem cedo. — Ela sai do quarto toda alegre.

Acordar cedo realmente não é o meu forte, e antes que eu desistisse comecei a arrumar a mala.

(...)

Depois de várias tentativas de fechar a mala, finalmente consegui. Decidi ir até Gus, para ver se estava melhor.

— Olá grandalhão. — Dou um sorriso, entrando no quarto devagarinho.

— Pequena! — Ele abre um largo sorriso quando me vê e se concerta, se sentando na cama. Encosto a porta e vou devagarinho com medo de assustá-lo, e sento na beirinha da sua cama.

— Ai, ai, ai. — ele reclama de dor, saio da cama na hora.

— Ai meu Deus! O que foi? Onde dói? Tá tudo bem? — Falo atropelando as palavras, ele solta uma risada que acabo ficando confusa.

— Eu estou bem. — Fala rindo — Que medo é esse de sentar na cama? — Ele fala me puxando para deitar, e acabo deitando ao seu lado.

— Bobo. — Falo dando um tapinha em seu ombro.

— Sabe me entregaram um panfleto na rua sobre uma Escola de Arte, e já que você desenha, pensei que iria gostar de ver. — Ele fala passando seu braço por trás do meu pescoço. — Está na mesinha do seu lado.

Peguei e observei as informações.

— Caramba, parece ser muito legal Gus! — Falei empolgada. — Pena que nosso pai trabalha o dia inteiro e não tem como ir lá, nem mamãe que passa o dia limpando a casa, muito menos você que passa o dia inteiro com a cara nos livros e trabalha. Mas seria perfeito, já imaginou? Eu numa Escola de Arte estudando o que eu realmente gosto? — Falo batendo palma animada, ele apenas ri me observando.

— Nossa parece que gostou mesmo hein? — Gus fala.

— Poxa, quem não gostaria né? — Falo abraçando-o devagar. — A mamãe comentou que vamos viajar amanhã, não vai arrumar suas malas?

— Vou sim, aliás, vou agora porque se ela entrar por aquela porta, e não ter nada pronto, ela vai surtar. — Ele fala se levantando devagar.

— Com certeza ela surtaria. — Saio do quarto rindo.

(...)

São exatamente oito da noite, a lua está cheia e o céu está iluminado por várias estrelas, é possível ver algumas constelações, a brisa leve que entrava pela janela fazia-me fechar os olhos para aproveitá-la, meus cabelos esvoaçavam e eu tinha a sensação de liberdade, eu sorria com essa sensação.

O cheiro do assado que mamãe colocou no forno começava a invadir a casa, meu estômago deu um aviso de fome e me dirijo até a cozinha, encontrando Gus pelo corredor.

- Que cheiro maravilhoso é esse? – Ele diz fechando a porta do quarto e fechando os olhos, inspirando o ar com apreciação.

- Aposto que mamãe fez algo especial, vem vamos descobrir. – Digo andando pelo corredor e Gustavo vem atrás.

Lembro-me de quando éramos crianças que brincávamos no quintal no fim da tarde, sujos de lama e cansados de tanto brincar, entrávamos em casa como furacões, palavras da mamãe.

Entrávamos na cozinha famintos e mamãe logo nos expulsava de lá, pois segundo ela, beliscar antes de comer era falta de educação.

Vai entender.

- O que está fazendo Dona Célia? – Gustavo pergunta se debruçando sobre o balcão, enquanto me sento numa das cadeiras da sala de jantar.

- Carne assada com batatas acompanhadas de azeite de oliva e orégano. – Ela diz sorrindo, após ter checado a carne no forno.

- Huuuuum – Eu e Gustavo dizemos.

- Vovó Ana sempre faz quando a gente vai lá, é por isso? – Pergunto sorrindo de lado.

- Sim, que é pra gente entrar na vibe da viagem. – Mamãe diz tentando falar como nós.

Rimos com isso e papai entra na cozinha.

- Huum, tá cheirando. – Papai diz esfregando a mão na barriga.

- É o típico assado da Vovó Ana. – Gustavo diz, abraçando o papai dando uns tapinhas nas costas dele, papai vem e beija o topo de minha cabeça.

- E já está quase pronto. – Mamãe diz sorrindo orgulhosa.

- Bom mesmo porque com a fome que eu tô eu comeria tudo do armário. – Digo levantando as mãos em redenção.

Todos riem com meu comentário, nossa família parece unida de novo, apesar da correria do dia a dia, conseguimos valorizar os poucos momentos juntos.

Porque família nem sempre ficam juntas o dia todo, mas o que nos faz unidos, são os momentos juntos que tanto valorizamos, e que nunca ignoramos.

(...)

A noite foi maravilhosa, muitas risadas, muitas histórias relembradas, muitos sorrisos e olhares satisfeitos.

Decidimos dormir por volta das nove e meia, pois acordaremos cedo amanhã. Estou aqui no escuro do meu quarto com a janela aberta, soprando um vento refrescante que faz balançar a cortina.

Hoje foi um dia ótimo, e até esqueci minhas desavenças com Pedro, por um bom tempo.

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OI GENTE! Aqui quem fala é a Gosh, sou uma das Duplamente Únicas.

Segundo dia da maratona!!!!!! Ouço gritos de felicidade? :D Espero mesmo que estejam gostando a comemoração é nossa, mas o presente é de vocês. S2

Ah! E as pessoas que estão lendo se manifestem, também queremos conhecer vocês  :)

Estão chegando muitas novidades na história por aí, fiquem atentos! ( Inclusive nessa viagem da família ) hahahah.

Votem, comentem e divulguem!

Até amanhã! <3

/Gosh

Do outro lado da RuaOnde histórias criam vida. Descubra agora