| PS: Sugiro a leitura da Oneshot ouvindo a música "If I Could Fly". Boa leitura :) - K |
1917:
É absolutamente incrível como o tempo não se apropriou daqui, sendo gratificante para mim saber que meu lugar favorito no mundo permanece intacto e absorto das mudanças à sua volta.
A areia fofa e gélida devido à brisa constante do inverno, os rochedos irregulares sendo banhados pelas espumas do mar agitado e congelante, tudo isso coberto pelo céu nublado de um dia em que o sol está preguiçoso demais para aparecer. Diferentemente das gaivotas que com sua graça costumeira sobrevoam o céu nos fazendo companhia.
A mim e ao meu Harry, sentado a dez metros de onde estou. Voltado para o mar e perdido em pensamentos, sem notar minha presença, ele não consegue me ver.
Deixo-me ser levado pelas lembranças de muitos anos atrás quando, nesse mesmo local, tivemos pela primeira vez o sonho e o anseio de poder voar. Naquele dia, eu tinha o plano de passar toda a tarde procurando conchinhas coloridas e diferentes pela orla marítima, mas meus objetivos foram interrompidos pela criatura mais linda que eu, no auge dos meus quinze anos, tive o prazer de conhecer.
Seus cabelos castanhos e levemente cacheados se moviam delicadamente em harmonia com a brisa fria, enquanto seu corpinho permanecia aquecido em um sweater azul e fofinho. Os olhos verdes da cor de esmeraldas estavam cheios de lágrimas presas e ele estava ajoelhado, observando com tristeza um filhote de gaivota ferido, tremendo de frio na areia.
Naquele dia, eu lhe prometi que cuidaríamos do pequeno pássaro, até que ele sarasse. Ele, com a inocência de uma criança, olhou para o céu e fez o pedido que até hoje não me sai da cabeça. Ele disse que o que mais desejava no mundo, naquele momento, era poder saber voar e ensinar ao filhote, para que ele tivesse a chance de encontrar sua família de novo. Chance essa que ele não teve.
Anos se passaram depois daquele dia, e duas coisas não saíam da minha cabeça: seu pedido e a vontade de presentear aquele menino. Então, foi numa noite, naquela mesma praia, eu e ele estávamos deitados na areia, olhando as estrelas. Reuni toda a coragem que tinha e lhe disse que, se eu pudesse voar, iria até as estrelas, guardaria a mais brilhante delas em meu bolso e lhe daria, somente para que soubesse que nem a estrela mais bonita tinha brilho maior que seu sorriso.
Somente horas atrás, por uma carta que me foi entregue, a única e a última que li naquele lugar, que eu soube que foi naquele momento, que ele se viu apaixonado por mim. E foi nessa última carta que li que ele confessou novamente o desejo de poder voar. Mas dessa vez, ele atravessaria o oceano para me tirar daquele campo de batalha, daquela guerra que não era minha, para que eu pudesse estar seguro.
A guerra. Aquela guerra foi a única razão para eu não estar com ele todos os dias na praia. Mesmo agora, depois de tudo, me pergunto a necessidade dela e, de como cruelmente ela me quebrou e ao coração do meu Harry também.
Vê-lo se despedir de mim, enquanto me arrastavam para um trem que me levaria a quilômetros dali era demais para nós dois. Mesmo diante de uma multidão de gente, ele me lembrou novamente sobre os nossos sonhos. Seu desejo era poder saber voar para estar lá comigo, orientando meus passos, me mostrando o caminho certo a seguir, desviando tiros apontados para minha direção, me mantendo protegido, corajoso e forte.
Aquelas foram as últimas palavras que ouvi sair de sua boca. Sua voz delicada e um tanto rouca, tomada pela emoção, foi o último som que me prendeu naquele momento, quando estava sendo arrastado para longe dele. Seus olhos, falhando em manter o oceano preso neles, deixou escapar uma única lágrima. Sua boca gesticulando uma frase, uma única, com apenas três palavras, foi a última coisa que vi antes de ser empurrado para dentro daquele trem, sem nem ao mesmo ter a chance de poder lhe afirmar que eu também o amava.
E, nesse momento, a dez metros de distância dele, eu nunca me senti tão sozinho no mundo. Porque tudo o que eu mais queria naquele instante era correr até ele. Queria lhe dizer que eu estava ali, a salvo e que não iria mais embora.
Mas eu não posso fazer isso.
Porque depois de tantas vezes desejar chegou a minha hora de voar. E nunca um desejo realizado me doeu tanto o coração, porque eu sei que nunca mais olharei em seus olhos da cor de esmeraldas novamente. Nunca mais escorrerei meus dedos pelos seus cabelos cacheados, nunca mais passarei meus dedos pelas covinhas de suas bochechas, que só aparecem quando ele sorri, e nunca mais serei acalentado pela sua doce e rouca voz.
Eu só espero que, a partir desse dia, a razão de ele olhar para o céu e desejar poder voar seja para pedir às estrelas mais brilhantes que guardem por mim, para que um dia, quando ele souber definitivamente voar, possamos nos encontrar novamente, só que dessa vez no céu, o lugar onde tantas vezes ansiamos por estar.
Fim.
PS2: Essa é a primeira fanfic/oneshot que eu publico. Apesar de ter um carinho muito especial por ela, perdão se não ficou muito boa, com o tempo eu pego o jeito ;) Queria agradecer as minhas amigas que me incentivaram a postar a história, obrigada suas lindas, amo vocês. E é isso, obrigada por ler e até mais <3 - K
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If I Could Fly (LS Oneshot)
Fanfiction1917... Quais seriam os motivos para Harry e Louis desejarem poder voar? "Deixo-me ser levado pelas lembranças de muitos anos atrás quando, nesse mesmo local, tivemos pela primeira vez o sonho e o anseio de poder voar." Oneshot baseada na música "If...