Passar o primeiro período do dia, no calor extremo, lidando com perguntas que tem respostas que já são tão óbvias pra você não é fácil.
É exatamente meio dia e nem o ar condicionado do carro é capaz de tirar a sensação que o mormaço lá de fora causa. O sol quente contra minha pele tão branca dá a impressão de que está queimando. Piso no acelerador para poder chegar logo em casa e me livrar desse uniforme que tanto me aperta.
Para tentar tirar um pouco do estresse que estou sentindo resolvo ligar o rádio, afinal música resolve tudo e então me surpreendo ao ouvir minha musica favorita tocando e logo a ansiedade vai embora, eu balanço minha cabeça levemente seguindo o ritmo da musica, batendo minhas unhas no volante seguindo as melodias.
O engraçado é que eu só me lembro de receber um e-mail de um usuário que não conhecia com o trecho dessa música.
"Quando largamos nossas malas no chão desse apartamento, pegamos nossos corações partidos e os trancamos em uma gaveta".
Desde aquele dia ela virou a trilha sonora da minha vida.
Pensar sobre coisas que já aconteceram com você faz o tempo voar e foi assim que cheguei a frente do meu apartamento, desci do carro indo em direção ao elevador, só que fui parada por uma voz familiar.
— Boa tarde senhora Katherine.
— Abi? - digo surpresa
— Não, mamãe Noel. Da pra anda um pouquinho mais rápido? É que tá um calor dos infernos.
— Pode me dizer o que você veio fazer aqui?
— Fala sério, eu sou sua melhor amiga, vim te visitar
— Conta outra.
— Tá. Ana não estava em casa pra fazer comida pra gente, então lembrei que você mora a duas quadras da minha casa, e vim te visitar.
Ana é uma menina que faz faculdade com a gente, um amorzinho, porém muito brava.
Fomos pela escada mesmo e eu já fui pegando a chave dentro da bolsa antes que Abigail resolva arrombar.
— Não me canso de vim na sua casa sabia? Ela é muito agradável!
— Sabia, você passa mais tempo aqui que eu. – ri descontraidamente.
— Mentira. Venho aqui só de vez em... Sempre!
— Que seja – Dei de ombros e fui em direção ao meu quarto, deixando-a na cozinha – o que, nas circunstancias em que ela se encontra, é um perigo.
Peguei meu uniforme e o deixei pendurado em um dos ganchos da parede. Entrei no chuveiro, e altero a temperatura para a mínima.
Lavo meu longo cabelo louro e retiro o resto da espuma que possuía no meu corpo, mas sim, eu pretendia permanecer mais alguns minutos naquela maravilhosa água.
— Kathi, vamos menina, já faz meia hora que você tá ai!
— Só mais um minuto Abi – falo desanimada.
— Nem meio Katherine Clark.
Não!
— Tá. Estou saindo!
Relutante, peguei minha toalha e me enrolei, saindo com minhas roupas em mãos, só que tropecei em pernas. Abi que estava sentada no chão.
— Deu pra ficar sentada pelos cantos da casa?
— Anda, vamos fazer nosso almoço, tô' varada.
— Ai garota você só pensa em comida.
— Tenho que aproveitar enquanto sou magra.
— "Enquanto" né!
— Discutimos o futuro das minhas gorduras depois de você fazer o almoço.
Antes que eu pudesse dar uma resposta a altura da dela, somos interrompidas pelo som da campainha.
— Salva pela campainha Clark. – Sorriu debochada.
Abri a mesma e não acreditei em quem estava na minha frente. Quis abraça-lo e não o soltar mais, porém minha única reação foi dar o maior sorriso do mundo e murmurar:
— Você!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Подростковая литератураQual a solução para alguém que se sente incompleto? Como se parte da sua vida fosse simplesmente apagada por uma borracha e a tinta da sua caneta já não estivesse em perfeitas condições para reescrever sua história. Esquecer pessoas que são necessár...