Conto - Amor no Inverno

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  O mundo inferior do Olimpo era um caos. Sempre num movimentofrenético, as almas nunca cessavam de chegar, mas naquele dia tudo erasilêncio, cada alma estava estática, do fundo do Tártaro ao alto da Ilha dosabençoados, exceto Fayes, a serva mais fiel de Hades, era a única que sorriaao ver aquilo que levava todos os outros a mudez, desde os encarceradosdos Asfódelos aos Reis-Juízes nas portas de bronze. Ela sabia o que estavaacontecendo, para os outros a cena parecia loucura destilada escorrendodiante de seus olhos.

Hades era um dos mais poderosos deuses do Olimpo. Irmão mais velhode Zeus, ele era o mais inteligente dentre os Olimpianos, salvo talvez porAthena. Hades era o irmão, marido, pai e amigo fiel e devotado. Sempredesafiava seu irmão pelo trono e embora nunca o tenha vencido, nunca fezvergonha e suas batalhas gloriosas eram contadas com admiração nas maisrespeitáveis reuniões de samurais do Amatsukami até os banquetes deAsgard. Ele era orgulhoso do poder que adquiriu, onde ninguém esperavaque ele prosperasse. 

Sujo de terra morta dos pés a cabeça, Hades não parecia uma figuratão impressionante. Era esguio e delgado, tinha um corpo adequado aum bailarino experiente. Trajava-se sempre com o melhor da costuramasculina. Usava joias tão discretas quanto caras e seus belos cachos negroscontrastavam com a pele marmórea. Mas naquele momento ele trajava jeansrasgados e imundos, estava descalço e com o peito desnudo e tinha as mãosem carne viva. Arrastava-se pelo chão do Tártaro. Seus braços alvos vertiamprofusamente o sangue dourado dos deuses. Sua face estava escondida pelosseus cabelos longos e a cabeça baixa. Diante dele, com um sorriso triunfantee certo escárnio no olhar, estava Quione, a Deusa da Neve. 

— Não quer parar Hades? Ela realmente merece tudo isso?! — perguntouQuione com um sorriso desdenhoso. Obteve apenas silêncio como respostaenquanto Hades abria mais um buraco na terra morta com suas mãos e oenchia com o seu próprio sangue recitando calmamente honrarias a Deusada Neve. Entregou uma semente a ela que, divertida, soprou um vento gélidosobre a semente, que ao invés de morrer e secar, brotou no instante em que foi mergulhada no sangue de Hades, antes mesmo que ele pudesse cobrir asemente com terra. O ritual, que parecia doloroso e penoso para o corpo e oorgulho do Deus da Morte, continuou por horas. O lugar parou e observou oque pareceu irritar Hades profundamente, mas sua fúria era fria e lenta. Eleperseverou. Ao fim de tudo, toda a planície em frente ao belo palácio negroe brilhante estava ensanguentada e visto do alto o horizonte se cobria dedourado e ramos negros e tortuosos que se erguiam a centímetros do chão.Um perfume doce começava a se espalhar no ar. 

— É hora do meu pagamento — Hades se levantou da terra e sua alturasuperou Quione por muitos centímetros, olhou-a incisivamente, seus olhosnegros, frios e penetrantes fazendo-a repensar a frase e amenizar as coisas. —Por favor, senhor meu tio, gostaria de receber o pagamento combinado — deuum sorriso enviesado. Hades ergueu o rosto e chamou simplesmente — Fayes— e uma moça forte, esguia e bela, trouxe uma enorme e pesada caixa demármore. 

— Seu peso em ouro celestial, Quione. Como prometido. Sugiro que partaagora. Temo que se prolongar a sua estadia, me convença a tê-la aqui comigopra sempre... — disse Hades enquanto dava as costas a sobrinha mal-criada.Quione saiu rapidamente, com uma expressão de medo e sem olhar paratrás, pela saída de Orfeu. 

Ao chegar a casa, Hades despiu-se rapidamente, deixando as roupas pelochão, enquanto se encaminhava para o banho romano, para tentar tirar de sia sujeira, a vergonha e a humilhação. 

Mergulhou na piscina fazendo seu corpo reluzir sob a meia luz do cômodo.Curou-se lentamente. Era lindo, mas parecia não notar a própria beleza.Emergiu algumas horas depois, quando se sentiu limpo, depois de retirar aprópria pele com a esponja e vê-la crescer novamente.Saiu e deu de frente com Fayes, lhe estendendo uma toalha felpuda. Eralinda e digna da mais alta confiança - sua única serva viva. Caronte o ajudavaa reger o Tártaro, mas ela o ajudava a governar a sua vida. Deu um de seusraros sorrisos e perguntou 

 — Demora muito para ela chegar?! — ao que a moça respondeu: 

— Não, a rainha já está a caminho, terminou bem a tempo, meu senhor.Os servos já estão cuidando de tudo. Agora só precisamos cuidar de você.— disse levando-o pela mão ao quarto de vestir. 

Hades surgiu à porta da frente enquanto via a carruagem dourada quetrazia Perséfone chegar. Ele estava belíssimo e sorria ansiosamente, torcendoas mãos de maneira nervosa, enquanto via sua esposa descer da carruagem,olhando admirada para o gigantesco jardim de rosas que se estendia portodo horizonte, as flores rubras desabrochavam já manchadas de brancopela primeira neve da estação. Perséfone tinha lágrimas nos olhos. Desdeque se casara com Hades sua mãe Deméter havia imposto estações anuais equando ia para junto do marido, passar a metade do ano, chegava o outono eo inverno e as flores murchavam e morriam, e como Deusa das Flores aquilolhe partia o coração. Costumava aproveitar os últimos dias de outono paravisitar a filha rapidamente no Olimpo e garantir que veria as últimas floresantes da chegada do vento norte, frio e violento. Mas aquilo era uma surpresaque lhe enchia o espírito de alegria. 

— Oh, querido, são lindas...— São suas, suas rosas de inverno, as mais preciosas das flores, depois daminha — Disse e tomou a esposa para um beijo. — A partir de hoje queroque ame o esta estação como eu amo, pois ele trará pra você algo quase tãoespecial quanto ela trás pra mim. 

— Ah, Hades, como? O que você fez para conseguir algo assim?! 

— Nada que não valesse à pena, querida. Nada pelo qual o seu sorriso nãovalha à pena — Disse, abraçou sua mulher e suspirou ouvindo seu riso feliz. 

Ele sempre soube que daria seu sangue pela felicidade dela.  

Ai ajuns la finalul capitolelor publicate.

⏰ Ultima actualizare: Feb 26, 2020 ⏰

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