Depois de limpar as lágrimas com as costas da mão, olhei para o meu relógio de pulso que meu pai me dera, marcava seis e quarenta e sete da manhã de segunda-feira, ele me deu algumas semanas antes de morrer. E parecia que ia começar novamente, então meu maxilar começou a doer, como se tivesse uma agulha por dentro e eu senti arrepios por já conhecer tão bem aquela sensação, a de estar prestes a chorar, e de repente era isso que eu estava fazendo.
Depois de me recuperar pela quinta vez naquela manhã finalmente levantei da cama decidida que iria a Universidade, já havia faltado quase um mês inteiro e temia ficar difícil de recuperar a matéria caso faltasse mais alguma aula.
As sete e meia eu estava pronta e em dúvida se pegava um ônibus ou se ia andando já que tinha tempo. A minha casa ficava à apenas cinco quarteirões da universidade, então decidi ir andando e assim aproveitar para me situar na nova cidade.
Andei alguns metros a frente e vi que ao lado da minha casa tinha uma loja de conveniência muito interessante com alguns objetos de outros países que me chamavam muita atenção, pensei em entrar, mas se eu entrasse tenho certeza de que ia acabar me atrasando, então continuei andando em linha reta, avistei do outro lado da avenida uma cafeteria, fui até lá e comprei um cappuccino, terminei de beber ao chegar ao quarto quarteirão, faltava apenas um para concluir minha jornada de casa até a Universidade, tive sorte de não precisar dobrar uma única vez, caso o caminho tivesse curvas ficaria mais fácil de me perder já que eu ainda não conhecia muita coisa.Finalmente chegando, procurei o prédio de ciências biológicas e me dirigi ao prédio em passos apressados pois já estava percebendo olhos curiosos na minha direção "a caloura que perdeu o pai e era depressiva por isso", provavelmente era o que cada um deles pensava. E algumas vezes eu também.
Ao entrar na sala pude visualizar de longe um grupinho que conversavam praticamente aos berros, talvez estivessem se desentendendo, bom não tinha importância para mim, até eu olhar para um dos rapazes do grupinho e sentir meu coração sair pela boca.
Quem era ele?
Cabelos negros como a noite no seu dia mais lúgubre, oque me fez lembrar um pouco os meus próprios cabelos, olhos azuis que mais pareciam violeta, corpo robusto e forte, pele pálida e bonita, oque me fez querer tocá-las e de repente eu já estava a menos de dois metros dele, olhos vidrados nos seus, e em resposta, olhos curiosos me encaravam com certa dúvida. Envergonhada segurei forte os meus próprios braços e segui em frente de cabeça baixa até a primeira cadeira que encontrei vaga enquanto ele ainda me encarava com uma cara de que imaginava que a resposta de eu ter encarado ele era por que era louca, e eu estava pensando o mesmo.
Oque deu em mim para agir daquela forma?
Olhei para trás e vi o belo rapaz vindo em minha direção, rodei a sala de aula com os olhos e pude perceber que todos na sala estavam me olhando enquanto o Sr. belos Olhos Azuis-Violeta sentava ao meu lado e dizia seu nome, que quando ouvi não pude disfarçar o assombro.
-Me chamo Lúcifer, posso saber como se chama? - perguntou ele enquanto me encarava com aqueles olhos Azuis-violeta.
- Hum...Zora. - falei apressadamente ainda com vergonha pelo que aconteceu alguns instantes atrás.
Ele riu.
-Zora? Como "valor a vida"? -Falou abrindo um sorriso que me fez olhar para o outro lado para buscar ar sem que ele percebesse.
- E você, Lúcifer no sentido de "filho da luz" ou no sentido ruim da coisa?
- Com certeza no sentido ruim da coisa, posso te garantir.
Não sei explicar o porque mas senti um arrepio ao escutar essas palavras.
De repente o som das cadeiras ecoou na sala enquanto todos os alunos organizavam as carteiras e o professor que acabara de chegar se posicionava a frente da sua mesa para dar bom dia à classe e explicar oque nós iríamos ver na aula de hoje.
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Um sentimento infinito
RomanceZora é uma adolescente de 18 anos que após a morte do pai muda de cidade, para não aflorar lembranças e para evitar que pessoas que não se importavam com ele enquanto vivo falem para ela suas condolências, das quais ela não quer saber. Zora irá come...