Capítulo 2 : Será que quero ser assim mesmo ?

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Despertei com o desejo de nunca mais acordar. Depois de tudo que me aconteceu, acharia estranho se eu estivesse bem !
Destruíram aquela menina e deram lugar a uma garota que nem eu mesma sabia que existia dentro de mim.

Meus pensamentos voam e logo chega a hora de ir para o "Inferno"(lugar onde as pessoas bonitas e magras chamam de escola). Como disse serei magra, muito magra ao ponto das pessoas olharem e desejarem ser Eu.
Me arrumo e como sempre de costume coloco uma blusa de frio, estranho pois estamos no verão mas preciso esconder essas camadas e mais camadas de tecido adiposo. Loucura irei de blusa de frio nesse calor das profundezas e ainda por cima andando.
Como disse quero e serei magra, não á vitória sem sacrifício e ninguém pode fazer isso por mim, além deu mesma.

Cinco minutos andando e já estou morrendo. Não posso desistir. Ninguém mais vai me humilhar. Dez minutos andando e já estou com as pernas trémulas, más não posso parar.

Enfim depois de quarenta minutos chego à escola. Estou banhada de suor, cansada, com meu corpo todo dolorido e ainda por cima com fome, me recuso a comer, quem quer ficar magra não come ! Quem quer ser magra tem que ser um rio por dentro.
Sento - me e me recomponho, levanto e tomo uma garrafa de água. Espero o sinal bater e vou em direção a sala de aula.

Sinto tanta raiva e tanto ódio que meus olhos parecem bolas de fogo !

Não serei como antes ! Se mecherem comigo vão ter que me aguentar.
CUIDADO se pisar no meu calo, irei arrancar o seu. Hoje estou pronta para lacrar ...
Não sei a onde aprendi a ser assim, mas ser boba a vida toda é fatal

Entro na sala e sento no fundo afastada de todos. Logo a aula começa, minhas admiradoras ficam intrigadas com meu comportamento, não dizem nada apenas me observam.
Logo me disperso e quando eu vejo estou viajando e ansiando pela vida de uma pessoa magra. O dia passa e não fiz literalmente nada.

Sinto - me um corpo vivo em uma alma morta.

Não posso desistir. Acho que estou paranoica. Volto para casa andando e paro ne uma banca de jornal, compro uma revista de modelo a qual custou o meu rim. Tinha tudo que precisava !! Pessoas magras para me inspirar e não me fazer desistir.
Estou tão cansada que demoro um pouco mais de uma hora pra chegar em casa. Pelo mais incrível que pareça notaram que eu demorei pra chegar. Isso não é comum por aqui.

- Onde você estava Mel ? ( diz a a Dama de Ferro).
- Mãe, hoje decidi vir andando da escola. Desculpe - me por ter me esquecido de te avisar.
- É bom mesmo ! Assim economizo dinheiro e você emagrece.

Me recuso ficar ali por mais um minuto. Minha relação com minha mãe nunca foi boa mas, de uns tempos está pior do que o normal, se é que posso dizer que é normal uma mãe e uma filha parecerem inimigas mortais.
Subo, tomo um banho e vou olhar a revista.

Fico admirada com todos aqueles corpos. É incrível como a sociedade valoriza pessoas esquálidas. Me sinto mau em ver todas aquelas imagens, mas ao mesmo tempo me sinto maravilhosamente bem e não vejo a hora de ser como elas. De ser tão magra ao ponto de contar minhas costelas.

Não demora muito e adormeço.

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