Red Cup

Let's start a nuclear war.

Dignamente latina. Pele chocolate com direito sobrenome espanhol e tudo mais.
E apesar de estarmos no país de mulatas e miscigenação, apenas eu e minha colega de quarto, Sara, temos ascendência negra/parda.
Sim, somos cercadas de vadias brancas.
Mas, Nah, isso não vem ao caso. São pessoas extremamente gente boa. Erh, bem, a maioria.
Os caras aqui não tem escrúpulo algum quanto a andar nas áreas comuns com suas maravilhosas barrigas peludas a mostra.
Afinal, nada como um bom cara de cueca para melhorar meu humor matinal.
-RAFAEL, QUANTAS VEZES EU JÁ FALEI PRA VOCÊ NÃO CORRER DE TOALHA PELA CASA?
Ah, repúblicas mistas! Tão agradáveis pela manhã.
Andei em passos largos até o rapaz, que subia para o segundo andar.
-Vem me vestir, vadia.
Respira e inspira, Camila.
Devagar.
Cheira a flor, sopra a vela.
Vamos, não estoura.
Você vai ter chances de uma super vingança se você não explodir agora.
Ah, sim.
Agora eu estou falando a minha própria língua.

▪ Quarto 101

-Lana, você poderia me levar na farmácia?- perguntei, batendo de leve na porta.
-Ah, Deus. Não diga que você transou sem proteção, sua menstruação atrasou e você quer fazer um teste de gravidez?
-O que? Não!
-Então sim, eu posso.
Lana tinha aproximadamente minha altura, mas era do tipo "gostosa", enquanto eu sou do tipo "raquítica". As bochechas eram volumosas e pálidas, destacando os olhos cor de carvão da universitária. Ela era uma das mais velhas e uma das únicas que tem carteira se tornando praticamente minha motorista pessoal.
Ok, talvez ela não precise saber desse título.
Fomos até a farmácia, comprei algumas merdas aleatórias para disfarçar o meu principal objetivo. Foi constrangedor pra caralho comprar, mas vai valer a pena, tudo vale a pena.

Hoje era meu dia de preparar o jantar.

E se eu fosse o Rafael, eu comeria fora.

*

Eu e Sara preparávamos o jantar e se dependesse de nós duas o pessoal seria diabético, claramente. Somos completamente viciadas em preparar doces então acaba sempre tendo brigadeiro ou uma merda do tipo em casa.
E curiosidade: Somos as únicas que tem vergonha na cara e preparam sobremesa. As pessoas deveriam aprender com a gente.

E bem, minha pequena surpresa já estava bem pronta.
Ah, aquela banana flambada com canela me renderia bons momentos.

*

Os meninos serviram a mesa e o jantar correu normalmente. Tirando o fato de um ou dois caroços de azeitona terem sido arremessadas por Pedro na cara de Danilo, mas faz parte.
Fui servir a sobremesa, e como péssima mentirosa que eu sou, o sorriso travesso não saia da minha cara.

Entreguei o prato para Rafael.
E esperei a merda ser feita.

Bem, demorou um pouco mais que quinze minutos pra começar o caos.
-Eu estou me sentindo meio estranho- Falou Rafa, limpando o suor da testa com as costas das mãos
-Hm? O que você tem? - Maria colocou a mão na testa dele para medir a temperatura.

Três.
Dois.
Um.

-PERVERTIDO!- Maria tapou os olhos e saiu correndo
-Mas que merda, cara. - Rebeca se levantou de uma vez, derrubando a cadeira.

Sara e Duda como as garotas discretas que são, já haviam fugido para o seus quartos.

-Nossa, cara. Isso foi super depravado da sua parte- Pedro foi o último a sair da sala, negando com a cabeça.

E quando ele fechou a porta, pude gargalhar a vontade.
A verdade é que, meus amigos, a srta. Fernandez aqui teve a brilhante idéia de colocar o querido azulzão na sobremesa do nosso querido amigo Rafael.
E agora ele está pateticamente de barraca armada e foi exposto para boa parte daqueles que residem aqui.
Bem, crianças: Aprendemos com a aula de hoje o que acontece com quem chama a toda poderosa Camila Fernandez de vadia.

-Sua vaca- ele percebeu meu sutil riso? Opa.
-Você começou com isso, querido.
-Então é assim?
-Sim, senhor.
-Então você está declarando guerra?
-Talvez?
-Que vença o melhor. - ele subiu pesadamente a escada.

Digamos de passagem que Luan e Fábio vão adorar a surpresinha. Eles até poderão fazer troca troca e essas merdas.
Mas uma declaração de guerra é algo sério. Eu sou o Capitão América ou o Homem de Ferro? Nah, tanto faz. Segundo Camões, eu boto é pra fuder.