Havia pouco tempo que Jorge havia se mudado para o prédio e ainda estava tentando se adaptar à situação da correria com o início das aulas. Após as aulas passou a frequentar o CAC (Centro de Artes e Comunicação) e conversava com alguns amigos. Chegava ao prédio antes das 19 e perguntava sempre na guarita se havia algo endereçado a ele, quase sempre era um não.
O elevador estava ainda em manutenção e subir as escadas estava começando a parecer um ato que gostaria de manter. Quando chegou ao terceiro andar deu de cara com algumas caixas e móveis jogados pelo corredor. Enquanto passou viu que havia um garoto sentado no chão em frente à porta do 302.
-Novo morador?
O garoto não parecia ouvir, mas Jorge não notou que usava fones de ouvido que o cabelo cobria. Ignorou o fato de ter sido ignorado. Sacou as chaves da bolsa e depois de entrar deixou a porta destrancada e jogou-as sobre a mesinha do roteador. Atirou a bolsa por cima da poltrona que comprava numa loja de usados e foi logo descalçando os sapatos marrons. Soltou o botão da calça e foi à cozinha procurando algo para comer, tirou uma das pizzas brotinho que comprara e deixou fora para descongelar.
Tirou a camisa e foi jogando toda a roupa pela sala e entrou no banheiro, manteve a porta aberta como sempre fazia e ligou o rádio, apertou o play e começou a escutar o Ultraviolence enquanto se banhava.
...
Enquanto isso...
Aquele cara deixou a porta destrancada e o vento abriu, acho que vou lá visar.
Antônio retirou os fones de ouvido e se levantou. Bateu algumas vezes na porta esperando que o cara que passou por ele fosse aparecer, até que ouviu uma voz cantando.
My baby lives in shades of cool
Blue heart and hands and aptitude
He lives for love, for women too
I'm one of many, one is blue(Lana del Rey - Shades of Cool, Ultraviolence 2014)
Entrou e verificou as coisas jogadas pelo canto, quando avistou a porta do banheiro aberta e espiando meio de lado viu o Jorge se ensaboando. A espera pelo seu irmão parecia começar a valer a pena, abaixou um pouco as calças e começou a ver seu mastro se levantar ao ver aquele corpo se movendo, olhava aos poucos enquanto molhava a cabeça do pau com cuspe, estava bem concentrado e nem ouviu o chuveiro fechar.
Por sorte dele o Jorge esperava algum tempo para sair do box. Levantou antes mesmo de gozar e tentou sair, mas acabou esbarrando na mesa de centro e fez um barulho, apressou-se para sair, até ouvir uma voz o chamando.
...
Jorge ouviu o barulho e logo reconheceu o que sempre acontecia quando saia do quarto e esquecia de ligar às luzes ao ir assaltar a geladeira. Correu para ver o que acontecera e esqueceu de pegar a toalha, quando chegou à porta viu o garoto do corredor assustado se levantando com velocidade e com as calças um pouco abaixadas.
-Você.
Ele se virou assustado.
-Eu-eu-eu não.
-Não o quê? Tava fazendo o quê?
-Eu-eu t-tava...
-Espionando? É isso?
-É-é.
-Quer isso aqui?
Jorge apontava para o pau que ainda estava mole, a cabeça estava descoberta e o saco pendia do peso dos ovos cheios de gala. Os pelos faziam um matagal sensual que era algo bom de se olhar, e misturava-se aos pelos do peito e das pernas. Antônio estava sem palavras, apenas conseguia admirar o pênis que deveria estar à altura dos seus olhos, porém a alguns metros. Sua boca abriu.
-Hein? Quer isso aqui?
-Bem, não.
-E por que tava espionando e com essa calça arriada?
-É que eu tava...
-Batendo, eu sei.
-Mas-mas...
-Relaxa.
Jorge andou mais rápido que ele e fechou a porta. Encostou-se na madeira e olhou profundamente nos olhos do garoto.
-Vamos?
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O garoto do 304
RomantikJorge vive sozinho em um apartamento sem muito luxo na área da UFPE em Recife. Sua vida é dividida entre os estudos da faculdade e seus passatempos, arrumando um pouco de tempo entre suas obrigações e se derrama em casos avulsos com homens aleatório...